quinta-feira, 30 de junho de 2005

Capa

Eu adoro a minha capa. Olhei agora para ela e achei que já merecia uma homenagem. De facto, foi a melhor compra que fiz até hoje, para álem do resto do traje, como é obvio. Desde o momento em que foi baptizada com alguns litros de vinho (não estou a exagerar), que me tem seguido quase para todo o lado.

Não sei do que é que é feita, mas é quentinha de inverno e ainda mais de verão, é impermeável e não ganha cheiro. A versatilidade é outro trunfo, pois nas minhas mãos já serviu para quase tudo. Agasalho, bandeja, guarda sol, toalha de praia e de mesa, lenço para secar lágrimas, almofada, manta e cobertor. Durante a queima também serve muita vez de casa de banho ambulante.

Para além de tudo isto, foi de capa aos ombros que vivi momentos que me marcaram profundamente. Aquele funeral debaixo de uma tromba de àgua, assim como uma serenata que não consigo descrever com palavras.

Mas o que a minha querida capa tem de mais belo são uns "pequenos" rasgos do lado direito. Aqueles que foram feitos pelos meus amigos em noites muito bem passadas... E onde alguns vêem bocados de pano rasgados eu vejo um prolongamento das marcas que também estão no meu coração.

Mal posso esperar para a voltar a pôr aos ombros.

segunda-feira, 27 de junho de 2005

Diz-me...

Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Quando o teu cheiro me leva às esquinas do vislumbre
E toda a verdade em ti é coisa incerta e tão vasta
Quem sou eu para negar que a tua presença me arrasta?
Quem és tu, na imensidão do deslumbre?

As redes são passageiras, as arquitecturas da fuga
De toda a água que corre, de todo o vento que passa
Quando uma teia se rasga ergo à lua a minha taça
E vejo nascer no espelho mais uma ruga

Quando o tecto se escancara e se confunde com a lua
A apontar-me o caminho melhor do que qualquer estrela
Ninguém me faz duvidar que foste sempre a mais bela
Por favor, diz-me que és alguém, de novo?

Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Jorge Palma, Quem és tu, de novo

Grazie

Hoje aprendi uma lição.

Obrigado a quem ma deu.

domingo, 26 de junho de 2005

Saudade

Estou prestes a perder alguém na minha vida. E tão depressa...

Há lugares que por ficarem demasiado longe se tornam inacessiveis para nós, a distância dita as regras e as probabilidades de nos podermos voltar a ver são muito, mas mesmo muito remotas.

No entanto ficam as memórias... E eu nunca vou esquecer aquele sorriso, nem tão pouco aquele olhar.

Mas quem sabe se um dia...

terça-feira, 21 de junho de 2005

15

Daqui a um mês vou completar o meu 15º ano lectivo. Ou seja, há 15 anos que a minha vida se resume a estudar, mas não só.

Durante todo este tempo conheci centenas, ou porque não milhares de pessoas, entre as quais estão os meus 6 amigos (três amigos e três amigas para ser mais exacto), e dezenas de bons companheiros. Mas nem só de amigos foram feitos estes anos, também houveram paixões, encontros e desencontros, viagens, passeios, discussões, amor e ódio, desilusões e a sempre desagradável morte.

Para além disto tudo sobra uma outra classe de pessoas, os professores. E eles há os bons e os maus. E uma das coisas que mais gozo me dá é ir a qualquer lado e atravessar a estrada para cumprimentar um daqueles professores que me marcou, por acaso não eram os que me davam melhores notas, mas sim os que não estavam no grupo de pessoas de nariz empinado. Aqueles que não me tratavam pelo meu nome, que detesto, mas sim pela minha alcunha. Aqueles a quem era possível perguntar se a gripe do filho já tinha passado, ou se tinham gostado do jogo de domingo. Aqueles que ao verem um olhar mais triste diziam que precisavam de falar no fim da aula, e alguns que depois de três anos de aulas já não eram o professor ou a professora, eram parte do nosso grupo que ia fumar o cigarrinho no intervalo. Os que hoje passam por mim, lembram-se do mau nome e não o dizem.

É tudo isto que ainda me dá ânimo para continuar, apesar deste estar a ser um dos meus piores anos, eu não quero deixar de ganhar gente como a que fui ganhando ao longo de todo este tempo. É que para setembro chega carninha fresca.

CALOOOOIROS

sábado, 18 de junho de 2005

Hey You!!!

Hey you, out there in the cold
Getting lonely, getting old
Can you feel me?
Hey you, standing in the aisles
With itchy feet and fading smiles
Can you feel me?
Hey you, don't help them to bury the light
Don't give in without a fight.

Hey you, out there on your own
Sitting naked by the phone
Would you touch me?
Hey you, with your ear against the wall
Waiting for someone to call out
Would you touch me?
Hey you, would you help me to carry the stone?
Open your heart, I'm coming home.

But it was only fantasy.
The wall was too high,
As you can see.
No matter how he tried,
He could not break free.
And the worms ate into his brain.

Hey you, standing in the road
always doing what you're told,
Can you help me?
Hey you, out there beyond the wall,
Breaking bottles in the hall,
Can you help me?
Hey you, don't tell me there's no hope at all
Together we stand, divided we fall.

Pink Floyd, Hey you

sexta-feira, 17 de junho de 2005

Deambular

Eu adoro deambular. Adoro passar na rua e fitar as pessoas (nem sempre elas gostam), adoro olhar para as casas por que passo todos os dias e reparar num pequeno pormenor, hoje um bocadinho de ferrugem, amanhã um tapete roto. Adoro ver o rio de perto, o mesmo rio que ao longe parece um espelho e que de perto tem plásticos a boiar. Gosto de entrar num qualquer café pedir o que quero e sentar-me até me doerem os olhos de observar tudo à minha volta. E andar, adoro andar, às vezes perdido por ruelas que nem sequer sabia que existiam.

Gosto de sentir o cheiro da terra quando a chuva cai, a areia a fugir por debaixo dos pés num passeio na praia, e gosto de passar longas horas a conversar, ou simplesmente calado. Sim porque há alturas em que não são precisas palavras para manter uma conversa.

E é por isso que nestas alturas, em que tenho que estar preso a um monitor e a um monte de papeis, o meu mundo se transforma em algo sem sentido. Mas daqui a pouco mais de um mês vou voltar a ser livre.

Quero voltar a sentir...

quarta-feira, 15 de junho de 2005

Desencontrados

Porque é que um convite para 3 dias a passear pelo país, sem destino, num carro alugado tem de surgir em época de exames?

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Ressaca

A todos aqueles que pensam que tentar estudar com os cornos cheios de sangria, vinho e cerveja e um hálito com cheirinho a sardinha eu digo:
NÃO É!

domingo, 12 de junho de 2005

Algo mais?

Cada vez mais me pergunto se existe algo mais que nós proprios a controlar o rumo da nossa vida. Porque eu não consigo entender aquilo que me está a acontecer, e não fiz nada para nem por isso.

Depois de três anos a estudar em Coimbra, e com os meus conhecimentos limitados a um grupo de velhos amigos, os novos colegas do curso e mais uma ou duas pessoas que surgiram entretanto, que a minha vida tem sido um bocado monótona. As mesmas pessoas, as mesmas conversas, os mesmos hábitos, enfim uma rotina que às vezes dá vontade de contrariar.

E por estranho que pareça, sempre que conheço gente nova eles são afastados de mim, não sei porquê mas tem sido sempre assim. Ainda a semana passada conheci um grupo de gente fantástica, comecei a fazer amigos e agora estão todos a fazer as malas para voltarem para casa.. Alemanha e Itália são o destino. E só as recordações ficam. Recordações daquelas noites passadas numa esplanada ou numa cozinha a conversar em quatro linguas diferentes, tocados por um copo (ou chávena) de vinho , a rir de tudo e de nada e a descobrir que há muito mais na vida do que aquilo que conhecemos.

Anna e Sasha, até sempre.

sexta-feira, 10 de junho de 2005

Porque hoje é dia de Portugal

Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória

Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta

Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças

Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Jorge Palma, "Portugal, Portugal"

De Camões

Ou fazendo que, mais do que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.

Luís Vaz de Camões, "Os Lusíadas" X-156

E das Comunidades

"A palavra Saudade só existe em Português, mas nunca falta um Homem se o assunto é a ausência"

Gabriel o Pensador, Tás a ver

quarta-feira, 8 de junho de 2005

Frases Soltas

"A pobreza, quando apanha uma pessoa, vai roendo por dentro. Afecta a autoestima, baixa o nível de aspirações, leva ao conformismo."

"Acusam-se os pobres de preguiça, de falta de iniciativa, como se fossem traços de personalidade, quando são consequências da pobreza. É como culpar alguém que tem uma infecção de ter febre."

"Pelas minhas contas, se cada pessoa que não é pobre consumisse quatro por cento menos, dava para cobrir toda a pobreza em Portugal."

Alfredo Bruto da Costa, Noticias Magazine, 23/09/2001

Até Quando?

Agora que acabaram as aulas e há trabalhos para fazer e matéria para estudar, nada melhor que passar uns dias na terrinha onde não há tanto barulho nem convites para beber uns copos e ir à praia.

A minha aldeia está completamente esburacada, agora que as eleições estão à porta acharam que era preciso por a rua principal bonita, mas não é disso que quero falar.
Ontem estava eu no cafézinho cá do sitio quando aparece um "homem" dos tais que anda a arranjar a dita estrada, aparentava ter uns 20, 25 anos e uma ligeira deficiência mental. Trazia um camisolão vestido.

Hoje pela manha a minha mãe veio pedir-me umas t-shirts que já não usasse. Perguntei-lhe para que as queria e ela contou-me a história do tal "homem".
Aqui vai:
- Deficiente mental que fugiu de casa dos pais há pouco tempo, entretanto foi viver para casa de uns tios que lhe dão comer e o levam ao hospital de mês a mês, como já teve 3 AVC's tem que fazer exames periodicamente, o dinheiro que ganha entrega-o à dita familia, que fica com ele. O "homem" não tem dinheiro para comprar uma mísera garrafa de àgua muito menos para ter algo mais do que aquele camisolão no corpo. A roupa foi para ele.

Longe da imagem do jardim à beira-mar plantado o nosso país está cheio destas histórias...

Até Quando???

terça-feira, 7 de junho de 2005

Há dias assim...

Porque há dias em que nada parece dar certo, dias em que até o jornal que compramos não traz as noticias que queriamos ler, dias em que mal acordamos temos logo vontade de dormir.

Hoje foi um desses dias, e eu já estou acordado há muito tempo.

segunda-feira, 6 de junho de 2005

Como a àgua

Hà pouco viraram-se para mim e disseram:

-Foda-se, tu és como a àgua
-Porquê?
-Vais para onde te levam. Não vale nada tentar fazer barragens que tu não paras. Qualquer dia morres na praia.

E ainda estou a pensar nisto....

Jantares

No sábado fui jantar com um pessoal amigo de um primo meu. Ainda pensei duas vezes antes de aceitar o convite mas quando ele me disse que era um churrasco com gente do Erasmus lá fui eu todo contente.

E não podia ter sido melhor. Fizemos o tal churrasco no parque da canção, ali mesmo onde foi a queima, juntinho ao rio com aquela imagem fantástica da torre lá no cimo a iluminar a noite.
O curioso disto tudo é que foi preciso vir pessoal da Itália e da Alemanha para me mostrarem como é que com pouca coisa se faz uma noite tão boa.

Para além da comida que eu não consegui comer por causa do meu dentinho novo que decidiu nascer na sexta-feira, houve muita bebida, sem copos (esquece-se sempre qualquer coisa) e quando dei por mim eram quase seis da matina e eu estava em casa de alguem que tinha conhecido há poucas horas, a beber um chá, a conversar sobre tudo e sobre nada. Cada vez mais me convenço que vale mais uma noite passada desta maneira, do que milhares daquelas que se passam em discotecas e bares manhosos, às vezes sem conhecer nunguem...

E agora estou ansioso por poder voltar aquele lugar com as mesmas pessoas, ou quem sabe com outras e repetir aqueles momentos fantásticos.