domingo, 31 de julho de 2005

1º de Agosto

É amanhã dia 1 de Agosto
E tudo em mim é um fogo posto
Sacola às costas, cantante na mão
Enterro os pés no calor do chão
É tanto sol pelo caminho
Que vendo um, não me sinto sozinho
Todos os anos em praias diferentes
Se buscam corpos sedosos e quentes

Adoro ver a praia dourada
O estranho brilho da areia molhada
Mergulho verde nas ondas do mar
Procuro o fundo pra lhe tocar
Estendido ao sol, sem nada a dizer
Sorriso aberto de puro prazer
Todos os anos em praias diferentes
Se buscam corpos sedosos e quentes

Xutos & Pontapés, 1º de Agosto

quarta-feira, 27 de julho de 2005

Jantares & Companhia

Depois de um fim de semana um pouco atribulado, eis que consigo chegar a casa a horas decentes, pelo menos segundo o ponto de vista do meu pai. Entre noites bem passadas e com muito álcool dentro do bucho consegui chegar a duas ou três conclusões.

Uma delas é que por muito que o tempo passe nós mudamos muito pouco, ou seja, por dentro estamos iguais ao que eramos hà um par de anos. Rimo-nos pelas mesmas coisas, falamos do mesmo, temos as mesmas afinidades, franzimos o sobrolho ao ouvir certas histórias e depois deste tempo todo ainda conseguimos falar com os olhos, quais espelhos da alma, é claro que os segredos continuam a ser os mesmos (mas só para alguns). O que um jantar nos pode lembrar...

Outra das coisas que percebi é que devo viver no local errado do mundo, porque quase toda a gente pensa de uma maneira diferente da minha. O que se torna muito estranho, talvez até um pouco ridiculo. E não estou a falar da teoria das formigas, que admito pode causar estranheza a algumas pessoas, mas sim da minha maneira de ver as coisas...

E mais uma vez, posso voltar a dizer que nada corre como nós pensamos que vai correr. Tudo aquilo em que depositamos grandes expectativas, transforma-se numa barraca, assim como as coisas mais improváveis acontecem quando não estamos à espera...

E agora, toca a recuperar horas de sono que ainda não consegui ir à praia, e estou a precisar de bronze. Amanhã de manhã Figueira aqui vou eu, quer chova ou faça sol...

Para terminar, encontrei um vinho maravilhoso a um bom preço, Esteva, no Continente.

Autógrafo

Um rabisco numa folha de papel, num livro, numa camisola, ou em qualquer outra coisa, tem sobretudo um valor sentimental.

Não aqueles que se vão buscar a um centro comercial à hora marcada. Para mim autógrafo para o ser, ter que ser ganho. Como o último que consegui, este sábado. No fim do concerto daquela que para mim é a melhor banda nacional neste momento, lá vou eu armado em pimpão ao contentor que servia de "camarim" pedir um rabisco à Manela e restante Clã. Concedido, pois claro, ou não estivesse eu todo o concerto na linha da frente, literalmente. Assim vale a pena. E fica a promessa, se sexta feira este humilde rapaz ganhar o euromilhões, daqui a mais ou menos um mês iremos ter os Pink Floyd a tocar em Coimbra, com a primeira parte assegurada pelos Clã e Ornatos Violeta. Alguém quer bilhetes?

Chuva

Finalmente cai àgua nesta terra, que desde Maio não sabia o que era chuva. Estragou-me o churrasco mas trouxe-me aquele cheirinho maravilhoso de volta...

"We need the rain to wash away our bad luck..."

sexta-feira, 22 de julho de 2005

I´m drunk

Estou de férias, finalmente...

Cheguei agora a casa depois de um "espectáculo" completamente decadente do Marco Paulo. Decadente, porque nem ele sabe cantar, nem as pessoas que estavam lá o queriam ouvir...

Entrentanto maquei um jantar com o pessoal da minha turma do 12º para sábado, e ao vê-los há algo que me intriga... Todos estão conformados com a vida, pensam em acabar o curso para começar a trabalhar. Eu quero ver o mundo, quero viajar, e acabar o curso também. Mas tenho a certeza que se não gozar um pouco da vida agora, depois não vou conseguir...

No meio de toda aquela gente há uma pessoa que se destaca...

Há quatro anos atrás, mais coisa menos coisa, discutiamos o que era o amor... Para ela era algo tão forte que até alguém que pudesse não saber nadar, ia ao fundo do mar para salvar a pessoas amada. E eu achava que era aquilo que nos fazia dar um coração, um figado, ou qualquer coisa do género, para que o outro sobrevivesse.

Ainda hoje penso assim, já não sei o que ela pensa, apenas sei que avida por vezes nos leva a sitios onde não queremos estar...

E por hoje já chega de palavras. Estou de férias.

terça-feira, 19 de julho de 2005

Fogo

Perto da minha aldeola, tipo a uns 6,7 quiilometros, existe um Paúl, zona protegida, por sinal. Nesse Paúl existem algumas espécies protegidas, entre as quais duas lontras que são o ex-libris lá do sitio. Também algumas aves migratórias vão passando, para além daquelas que acharam graça ao local e acabaram por ficar.

O dito Paúl fica numa espécie de vale e é atravessado por algumas valas, acho que não se chama rio a coisas tão pequenas. Perto existem alguns campos de arroz e está claro, duas povoações, uma de cada lado. Ora entre as povoações "existe" uma mancha de pinhal, que por estar perto do dito paúl, apesar de não fazer parte dele, é considerada zona protegida, logo não se pode construir por perto.

Então não é que no prazo de uma semana, naquele pedaço de pinhal já houveram três incêndios. Ardeu um bocado na quinta, mais um pouco no domingo, hoje outro tanto... E os bombeiros sempre a lutar contra as chamas. Será fogo posto? Hummm... Conheço vários bombeiros que dizem que é a única hipótese, até porque daqui a poucos anos aquilo vai dar um óptimo sítio para uma urbanização. Mas eles não desistem, e dia após dia quando toca a sirene, lá deixam os empregos e o que mais for preciso para tentar travar o produto da inconsciência de um qualquer obcecado por betão e tijolo...

Agora é só esperar que deitem o fogo ao que resta. Mais dois dias devem chegar.

segunda-feira, 18 de julho de 2005

Branca

Pior do que ir para um exame ser saber nada, é ir para esse mesmo exame a saber muito, e chegada a altura de pôr o que se sabe no papel a caneta não escrever.

Quando todos os nossos pensamentos estão noutro lado, não há raciocinio que resista. Sim, porque para mim decorar sempre foi fácil, agora pensar.... Só quando a cabeça deixa. Hoje não deixou.

Espero que quinta-feira a poeira já tenha assentado, porque ainda falta um exame para acabar aquele que está a ser um semestre inesquecivel. No pior sentido!

Algures no centro da Europa...

Querida pequenina
És o Sol
Que me ilumina
Tens a luz
Que me fascina
Onde estás?

Passa tempo passa
Cai fundo
No esquecimento
Não oiças
O meu lamento
Onde estás?

Onde estás?

Xutos & Pontapés, Pequenina

quinta-feira, 14 de julho de 2005

Genial

Ouvi hoje de manhã um homem que tinha uma ideia brilhante para resolver a crise no nosso país.

Dizia ele que "...se Portugal recebe diariamente 13 milhões e meio de euros, da união europeia, e muito desse dinheiro é mal gasto, de certeza que ao fim do ano faltam dois ou três dias de pagamento. Então, em vez desse dinheiro ir todo para os mesmos bolsos, porque não distribuir o dinheiro de um dia por todos os portugueses. Tendo em conta que somos mais ou menos 10 milhões, dava mais de um milhão de euros a cada um..."

Pareceu-me uma bela ideia.

terça-feira, 12 de julho de 2005

Grupos

Agora que passou quase uma semana desde que quatro merdas decidiram espalhar o terror em Londres há algo que me preocupa cada vez mais.

As pessoas deste país estão cada vez mais preocupadas em pôr as pessoas (e não só) em pequenos grupos. Entre o mais conhecidos e citados estão os pretos, os chineses, os "monhés", a bófia, as claques, os skinheads, os drogados, os politicos, oa caçadores....

Este facilitismo preocupa-me. Eu desde que estudo em Coimbra conheço gente de todas as cores, credos e modos de vida. E aprendi a não colocar as pessoas nos ditos grupos, que sendo tão heterógeneos, não servem para classificar ninguém.

Mas o que me deixa mais indignado no meio disto tudo é sermos difamados, mal entendidos e por vezes até olhados de lado simplesmente por estarmos dentro de um destes grupos. Não é por eu pertencer a uma claque que sou ladrão e vândalo. Nem todos os policias são arrogantes. Os pretos não são todos ladrões. Um skinhead pode ser boa pessoa. Existe gente boa e gente má em todo o lado...

O caso do suposto "arrastão" é um exemplo desta maneira de pensar do nosso povinho. Antes mesmo de haver alguma queixa de furto já tinha sido feito o julgamento em praça pública. E em Londres parece que afinal os "fundamentalistas islâmicos" eram Ingleses...

Faltará muito tempo para que neste mundo, seja possível aceitar cada um como é? Espero que não.

domingo, 10 de julho de 2005

Confiança

Será que sou só eu que sei guardar segredos? É que eles ocupam muito espaço, e crescem, crescem por vezes até se apoderarem da nossa mente, até dar vontade de o contar a alguém. Mas eu resisto, resisto sempre, mesmo naqueles dias em que o álcool se apodera de mim eu continuo a resistir, porque os segredos têm de ser guardados. E qual a maior prova de confiança numa pessoa se não contar-lhe um segredo?

E agora pergunto como posso eu voltar a confiar em pessoas, que me contam segredos em segunda mão. Segredos que lhes foram confiados e que deviam estar guardados a sete chaves. Até que ponto posso voltar a confiar?

Os segredos são de quem os souber guardar

Sei que é um segredo
Eu não conto a ninguém
Só falei a um que é teu amigo também

Diz-me o que é que ele disse
O que é que ele achou
Sobre aquilo que nós dissemos
Diz-me ele acha-me o quê
E se ele sabe o porquê
De tudo aquilo que nós vivemos

Os segredos são de quem os souber guardar

Sei que é um segredo
Eu não conto a ninguém
Era tudo mais fácil se eu estivesse lá para ouvir
Eu não conto a ninguém
Era tudo mais fácil se eu estivesse lá para rir
Eu não conto a ninguém

Sei que é um segredo
Isso é fácil de ver
Se é que ainda o é
Mas como vais tu saber

Diz-me o que é que ele disse
O que é que ele achou
Sobre aquilo que nós dissemos
Diz-me ele acha-me o quê
E se ele sabe o porquê
De tudo aquilo que nós vivemos

Os segredos são de quem os quiser guardar

Basta que entre nós exista
E ao silêncio já não voltas
Não sei como foi nem quero amanhã calar eu espero

Era tão mais fácil quando era a minha vez de me vir
Eu não conto a ninguém
Tão mais engraçado quando eu me lambuzava a ouvir
Eu não conto a ninguém

Diz-me o que é que ele disse
O que é que ele achou porque eu não conto a ninguém

Pluto, A vida dos outros

quinta-feira, 7 de julho de 2005

Again

Mais uma vez voltaram a atacar. Não os amigos do cherne, mas sim o peixe miúdo. Que não tenham chegado aqui.

"À guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra"

"Quando os homens se convençam
que a força nada faz,
serão felizes os que pensam
num mundo de amor e paz."

"Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande."

António Aleixo

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Imaginem o que seria

Se metade dos 200 mil que estiveram no sábado em Hyde Park pusessem hoje os pés a caminho de Gleneagles...

Não seria assim de certeza.

terça-feira, 5 de julho de 2005

Quase...

Quinta-feira pela hora de almoço vão restar "apenas" quatro exames para eu poder dizer que estou de férias. Entretanto ainda faltam 20 dias de estudo, que cada vez mais são 20 dias de tormenta. A vontade de não fazer nada é cada vez maior...

Ainda não sei onde vou passar os meus dias de Verão, sei que espero arranjar um emprego, pois tenho de começar a poupar dinheiro para a minha grande viagem, que espero fazer para o próximo ano. Ou quem sabe se não será só para o outro.

Uma coisa é certa, uns diazinhos a vegetar em qualquer lado onde haja areia fininha, esplanadas e bares ninguém mos tira. Preciso de voltar a ver o mar, que já não vejo há 2 meses. Preciso de voltar a trocar os dias com as noites, uma vez que noção da semana já não existe. Por enquanto dias são todos iguais e monótonos.

É isto que detesto na época de exames. Como não posso estudar acompanhado, senão faço tudo menos estudar, castigo-me e fico em casa, na terrinha da pasmaceira, onde não se passa nada. Restam-me duas idas ao cafézinho cá do sitio para tentar pôr a conversa em dia, mas por aqui não há motivo de conversa. A única coisa que esta gente faz é dizer mal dos outros. "Sabes o que fez a prima do tio do neto do Manel??".

Não vou a Coimbra desde sexta, mas mais parece que não ponho lá os pés há meses. O tédio instala-se e lá volto eu para casa mergulhar os olhos numa pilha de folhas que não interessam nem à minha cadela, mas pelos vistos não é o que os senhores professores acham...

sábado, 2 de julho de 2005

Live 8

Tenho estado a seguir pela rádio os concertos e apesar de achar que por detrás desta organização estão outros interesses, é impossível ignorar que em Philadelphia estão a assistir 1 milhão de pessoas e em Londres 200 mil. Para àlem disso é possível ver actuar novamente a melhor banda que já passou pela face da terra.

Aqui ficam algumas declarações no seu original:

Annie Lennox:
"Africa is a can of worms. It's very, very
complicated, but we have to make a start. We cannot walk
away from genocide, which is what we've been doing. Thank
God for Bono, thank God for Bob."

Robbie Williams:
"I just got in off a plane from America
yesterday and I'm a bit tired. I haven't done anything for
two years, I haven't played a gig for two years."

Live from Rome, Stefano D'Archangelo:
"This is our Woodstock, it's the biggest concert I've ever
seen"

Roger Waters sobre a reunião dos Floyd:
"It seemed like a good opportunity for reconciliation to have a small
victory over rancour. Life's too short otherwise"

Bono Vox:
"We are not looking for charity, we are looking for
justice"

Que pensar de tudo isto?

Gosto de ti

Depois do que li e disse aqui, cheguei à conclusão que por vezes aquilo que muitos daqueles que nos rodeiam não sabem o valor que têm para nós. Então pus mãos à obra e desde quarta-feira que ando a espalhar palavras de afecto.

Ainda ontem fui ter com três pessoas para lhes dizer qualquer coisa do tipo "Gosto de ti", "És um exemplo de vida"... A reacção foi de surpresa, ou talvez de espanto e a resposta não tardou "Mas estás a dizer-me isso porquê ?", e da minha boca saiu um "É o que sinto, acho que o devo dizer".

E vou fazer isto até que me apeteça a todos aqueles que eu acho que fazem parte da minha vida, e dos quais eu vou sentir a falta quando desaparecerem um dia.