sábado, 26 de novembro de 2005

Estou à espera de respostas...

Pode alguém ser quem não é?

Terça-Feira

Eu sou daquelas pessoas que acreditam que há sempre algo mais a descobrir para além daquilo que conhecemos. Para mim é ridículo viver numa cidade sem conhecer os seus recantos, as ruas escuras, as tascas escondidas e os monumentos imponentes. Como grande parte dos caloiros do meu curso que aqui estudam são de outros lados decidimos fazer uma espécie de visita guiada pela alta de Coimbra na passada terça-feira.

Ora uma visita destas implica praxe, em cada paragem havia uma prova a cumprir e por cada prova cumprida havia bebida à espera. Beberam-se uns bons litrinhos nessa noite. Terminada a visita, por acaso, formaram-se duas trupes, uma masculina e outra feminina, que trataram de dar um novo visual aos caloiros que por ali andavam depois da meia-noite. Acabou por ser algo memorável para eles, que estiveram em lugares que nem sequer sabiam que existiam, e também para nós pois tivemos a certeza que durante mais alguns anos a praxe vai continuar viva, apesar de cada vez mais a quererem matar. Nesse dia Coimbra tal como a conheço vai acabar, e é assim que eu gosto dela. Velha.

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Sem Palavras

Ainda estou à espera de encontrar palavras que possam descrever a minha noite de terça-feira, passada na alta de Coimbra.

Quando as encontrar venho aqui escrever qualquer coisa...

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Ao sabor da corrente

Buscando sem saber bem o quê
Perdido como quem não vê
Calado como quem não tem resposta para quem o chama
Desesperado, como quem por ter medo da desilusão não ama

Yogi Pijama
Se deixas apagar a chama, estás virado para o desastre
Como uma vela sem mastro
Ou um barco sem leme
Condenado a andar à toa conforme o vento lhe dá
Ao sabor da corrente

Yogi Pijama
Olha que andar ao deus dará nunca foi coisa boa
Yogi Pijama Quebrando os seus ossos na rua
Fugindo da verdade nua
Como se abrir as portas ao Mundo fosse uma coisa obscena
Desencontrado como quem por ter medo da foz o rio condena

Yogi Pijama
Se deixas apagar a chama, estás virado para o desastre
Como uma vela sem mastro
Ou um barco sem leme
Condenado a andar à toa conforme o vento lhe dá
Ao sabor da corrente

Yogi Pijama
Olha que andar ao deus dará nunca foi coisa boa
Yogi Pijama E já que nós nunca estamos sós
Vamos lá desatar os nós
E vamos lá chegar inteiros, onde quer que a vida nos leve
E enquanto é tempo
Deixa ver esse sorriso, que isso torna a pena mais leve

Yogi Pijama
Se deixas apagar a chama, estás virado para o desastre
Como uma vela sem mastro
Ou um barco sem leme
Condenado a andar à toa conforme o vento lhe dá
Ao sabor da corrente Yogi Pijama
Olha que andar ao deus dará nunca foi coisa boa
Yogi Pijama

Jorge Palma, Yogi pijama

domingo, 20 de novembro de 2005

Fim

Dia após dia, cada vez mais me vou apercebendo que cada vez mais damos menos valor ao que temos. Morreram duas pessoas estas semana que me eram próximas, uma mais do que outra. Uma delas tinha tido anteriormente uma trombose, estava frágil, a outra morreu durante o sono. Em ambos os casos o coração achou por bem parar de trabalhar. Há várias maneiras de encarar a morte, mas à medida que vemos partir pessoas à nossa volta vamos pensando de maneira diferente.
As primeiras perdas são vividas com revolta, um porquê ecoa da nossa mente. Especialmente se não houve tempo para um último adeus… Os anos vão passando e cada vez mais são os que nos deixam. Vezes há em que vão todos de uma vez, como há um par de anos em que perdi três pessoas. Nesta altura instala-se um certo conformismo. E quando finalmente morre um colega nosso num acidente de carro a apatia toma conta de nós. Os porquês e desaparecem e a inevitabilidade torna-se numa espécie de fantasma que vai aparecendo de vez em quando.
Por norma as pessoas têm um certo receio em abordar o tema morte. Arrepia quando nos vemos numa situação de aflição extrema, quer seja por termos comido um “after-eight” na altura errada ou por haver um pesadelo qualquer que nos faz acordar num sobressalto.

Também eu tenho medo, medo de cair numa cama e não me poder voltar a levantar, medo de ter de ficar completamente dependente de alguém até para satisfazer as minhas necessidades mais básicas. Tenho medo da doença. E de uma coisa eu tenho a certeza. Não quero morrer devagar.

terça-feira, 15 de novembro de 2005

Morte

Morreu no Domingo uma das pessoas que mais marcaram a minha vida. Apesar de tudo, só soube hoje. O funeral foi ontem.

Chamava-se Alexandre, tinha 72 anos e foi a primeira pessoa a cortar o meu cabelo.

domingo, 13 de novembro de 2005

Semelhanças em décibeis...

Sempre fui um bocado curioso. A minha “aventura” pelos blogs começou aqui, ouvia o programa, de vez em quando dava um salto ao blog, via quem por lá andava a comentar, por vezes ia saltando de blog em blog mas nada mais.

Até que um dia cheguei, não sei como a um blog desta menina. O já extinto Brainstorming, agora substituído pelo Escritonauta. O salto até ao Voz Obliqua foi inevitável. Por esta altura comecei a ver também o Sol de Londres, agora Maria Lua. De salto em salto descobri mais uns quantos até que chegou a altura de fazer um.

O objectivo principal era escrever coisas. Mais nada do que coisas. Coisas que tivessem qualquer coisa a ver com Coimbra. Depressa o objectivo principal passou para segundo plano. E lentamente comecei a deixar por aqui pequenos pedaços de mim.

Esperava também, neste mundo que é a blogosfera, poder trocar ideias e “conhecer” pessoas que de uma maneira ou outra tivessem qualquer coisa a ver comigo.

Ora quem vai passando por aqui já deve ter percebido que a musica é algo que para mim tem uma importância tão grande que chega quase a ser absurda.

E tendo eu uns gostos musicais esquisitos para grande parte das pessoas, pelo que me vão dizendo, a coisa que menos estava à espera era de encontrar por aqui alguém que ouve o mesmo que eu. Não é normal, acho eu, estar a ouvir um CD e imediatamente lembrar-me de alguém que não sei sequer quem é…

Há sons que ficam nos nossos ouvidos. Sons que fazem as palavras sairem de uma forma diferente. Como estas. E porque ao ler isto arrepiei-me ligeiramente. Semelhanças? Ou será que este é mesmo feiticeiro?

Como o mar...

Acorda, menina linda
Anda brincar
Que o Sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer

Anda ver que lindo presente
A aurora trouxe para te prendar
Uma coroa de brilhantes para iluminar
O teu cabelo revolto como o mar

Acorda, menina linda
Anda brincar
Que o Sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer

Porque terras de sonho andaste
Que Mundo te recebeu
Que monstro te meteu medo
Que anjo te protegeu
Quem foi o menino que o teu coração prendeu ?

Acorda, menina linda
Anda brincar
Que o Sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer

Anda a ver o gato vadio
À caça do pássaro cantor
Vem respirar o perfume
Das amendoeiras em flor
Salta da cama
Anda viver, meu amor

Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer

Jorge Palma, Acorda Menina Linda

terça-feira, 8 de novembro de 2005

Manif

Amanhã há mais uma manifestação de estudantes do ensino superior, e após várias horas a pensar na coisa decidi ficar em casa (nas aulas). É a primeira a que vou faltar. Eu acho que temos que protestar, acho que nos estão a cortar cada vez mais direitos. Reconheço isto tudo. Agora não acho que todas estas coisas possam ser feitas de ânimo leve e com um fim que não o previsto. Sendo eu de Coimbra tenho a certeza que a AAC vai para a cabeça da Manif, não porque seja melhor para os estudantes, mas única e exclusivamente para autopromoção. Fica sempre bem aparecer nos telejornais!

E mais uma vez. Pelo que tenho visto aqui por Coimbra os verdadeiros prejudicados com a situação são os que menos se importam. E quando chega a hora de tomar alguma atitude não a tomam.

Eu imagino o que seriam vinte mil estudantes (falando só de Coimbra) a “caminhar” para Lisboa. Eu imagino esses estudantes juntos com os do Norte a chegar a Lisboa. E vejo também os do Sul a vir para cima. Esta imagem só em sonhos.

Por agora fico em casa, mas não me calo.

“Não adianta olhar para o céu com muita fé e pouca luta”

Emigrante

Eu quero ser emigrante. Não sei quando, mas qualquer dia quero ir embora deste país em busca de um lugar melhor.

Apesar de gostar deste país onde nasci, sempre me vi como cidadão do mundo. Do mesmo mundo onde morre uma pessoa de fome a cada três segundos, do mesmo mundo onde na sede de uma igreja se bebe vinho por cálices de ouro.

E como cidadão do mundo quero ser aceite como sou em qualquer parte deste, com as minhas virtudes e os meus defeitos. E quando sair desta terra, espero poder encontrar uma cidade que me acolha, e quero fundir-me nela, e se possível mudá-la. Por esta altura vejo que muita gente pensa como eu…

“Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual…”

O que eu acho que vai acontecer graças aos incidentes de Paris

Nas próximas presidenciais o Le Pen é eleito;

A França entra em ruptura com a EU;

Após a França, sai a Alemanha;

Com a divisão Portugal e Espanha ficam isolados;

Espanha anexa Portugal e vamos passar a viver na Ibéria;


Parece-me que em 2010 vamos viver melhor.

sábado, 5 de novembro de 2005

Chuva (to C.F.)

Adoro chuva. Dá-me um gozo especial andar pela rua com a água a cair-me em cima. Nem sei porque é que as pessoas se recolhem tanto…

Se repararmos bem as crianças também gostam de andar à chuva, até que aparece um adulto refilão a dizer “Sai da chuva que te faz mal…”.

Se não aproveitarmos nesta vida tudo o que nos faz sentir bem, mesmo que depois haja algumas consequências que andamos nós a fazem neste mundo?

A chuva é boa e lava a alma (se é que ela existe…). E eu gosto de andar à chuva!

Já tinha escrito este post antes de ler isto. É preciso navegar, antes que o barco se afunde...

Acaso

A vida é feita de escolhas e mudanças, mas também de acasos que não procuramos de forma alguma. São estes momentos que permitem quebrar a rotina do dia a dia e lembrar-nos que existe sempre algo mais para além daquilo que esperamos. É curioso de ver que depois de estar há três anos na mesma escola, volto a ser algo que já tinha sido há algum tempo atrás, noutro sitio, com outras pessoas, noutro tempo. Eu estou a tornar-me novamente numa espécie de ombro, e não só. Aquelas historias perdidas que quase ninguém sabe vêm todas ter comigo. Sim, porque nestas coisas eu não sou de procurar nada. Eu gosto e sempre gostei de ajudar, de dizer, da tal parte de confidencia, quase segredo sem ser preciso dizer no fim o tal ”Não contes a ninguém…”. Curioso que ainda ontem tenha ficado com uma ideia completamente diferente de uma pessoa depois de uma longa conversa… Mas todas as moedas têm duas faces. Apesar de toda esta situação permitir que estreite laços com pessoas que há uns tempos eram simples desconhecidos (para mim, é claro), também me faz pensar no passado. No que fiz, no que disse e no que acabei por perder sem nunca chegar a ter ganho. Ai a teoria da combustão… Fico a pensar em todos aqueles que hoje, por um motivo ou por outro estão longe de mim e que há um par de anos estavam aqui ao lado. E penso que vou perder todos estes com quem agora estou, mais dia menos dia. Nem sei que nome lhes dê. Mais que colegas, menos que amigos. Encalhados ali no meio de coisa alguma. Como aquela chuva miudinha que não é nevoeiro nem chuva a sério, mas que apesar de tudo molha na mesma. Demora é mais tempo.

quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Coimbra tem mais encanto

Coimbra tem ainda mais encanto coberta por uma cortina de gotas de àgua.

terça-feira, 1 de novembro de 2005

O Mundo é uma tangerina

Já muita gente tentou definir o conceito de mundo. Mas o que é o mundo? Será que existe só um? De certeza que não, ou não andasse eu constantemente a saltar de um para outro.

Uma definição original é aquela que diz que "O mundo é um ovo". Ora, eu discordo. Para mim o mundo é uma tangerina. Eu adoro tangerinas, tal como diz a canção, conseguem ser amargas e doces ao mesmo tempo. Os gomos da tangerina somos nós, pois estamos todos ligados de uma maneira ou de outra. Se assim não for, quero que me expliquem como é que das pessoas que mais me marcaram, e não são tantas quanto isso, uma é Checa e outra Venezuelana. E já agora como é que o melhor dia da minha vida, até hoje, foi passado em França! Pois a terra é grande, mas pequenina, do tamanho de uma tangerina.

Ainda falta a parte dos salpicos que por vezes nos fazem chorar, e que dizer dos caroços que por vezes custam a engolir. Temos que abrir a tangerina que é o mundo e saborear até ao fim o seu sabor. Mesmo que pelo meio haja um gomo menos sumarento, não passa da mera excepcção que confirma a regra.

O primeiro gomo da tangerina

Todos vieram
ver a menina
ao primeiro gomo da tangerina
menina atenta
não experimenta
sem primeiro
saber do cheiro
o sabor nos lábios
gestos sábios

Fruta esquisita
menina aflita
ao primeiro gomo da tangerina
amarga e doce
como se fosse
essa a hora
em que chora
e depois dobra o riso
e assim faz seu juízo

Sumo na vida
é o que eu te desejo
rumo na vida
um beijo
um beijo

Ah, que se lembre
Sempre a menina
do primeiro gomo da tangerina
p’la vida dentro
é esse o centro
da parede da vitamina
que a faz crescer sempre menina

A terra é grande
é pequenina
do tamanho apenas da tangerina
quem mata e morre
nunca percorre
os caminhos do que há de melhor
nesse sumo
a vida, gomo a gomo

Sumo na vida
é o que eu te desejo
rumo na vida
um beijo
um beijo

Sérgio Godinho, O primeiro gomo da tangerina