sábado, 31 de dezembro de 2005

A new year is rising...

Hoje sem tempo para escrever mails, venho só desejar um bom ano a todos aqueles que aqui passarem.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Lista de espera

Esta menina deixou aqui a deixa, para uma lista de desejos não realizados este ano. Aqui está:

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Vazia como não podia deixar de ser. Podia escrever que não ganhei o euromilhões, que não vou passar o ano onde quero e com quem quero, que a minha equipa continua uma miséria, que não consegui ir ver os U2 nem os Coldplay, os últimos por causa de uns ridículos 5 euros no dia errado. Que mais terei perdido este ano? Não sei, mas na verdade isso também pouco interessa, porque ganhei muito, e sem o que ganhei alguns destes desejos não realizados, nem sequer teriam sido idealizados, quanto mais cumpridos.

Balanço

Este ano que está a ir embora foi quase tudo menos monótono. Tirando certos dias é claro, mas há sempre uma excepção a confirmar a regra. Posso até dizer que tive um ano cheio, não necessariamente um ano em cheio.

Dividindo a coisa por partes:
- Conheci duas grandes pessoas, das melhores que já passaram pela minha vida;

- Comecei este blog, e hoje não passo um dia sem vir dar uma olhada (ao meu e aos outros);

- Descobri que nada é impossível e que sempre que acreditamos, somos capazes de tudo;

- Percebi que o mundo é muito mais pequeno do que imaginamos, e que no fundo somos todos iguais;

- Comecei a preocupar-me mais com certas pessoas que nunca vi do que com outras que passam todos os dias por mim;

- Aprendi a gostar de vinho tinto no dia em que reavivei uma amizade que estava quase esquecida;

- Descobri também uma menina que é uma excelente escritora e cantora;

- De repente ganhei a confiança de muita gente, não sei bem porquê;

Não sei que mais escreva, tenho tanta coisa na memória como por exemplo o dia em que fui apanhado no meio de um incêndio e vi a minha vida de pernas para o ar. E agora ao olhar para trás ainda me lembro como começou este 2005. Foi na Figueira, a ver foguetes estalar e a abrir garrafas de espumante reles… Este ano mais do que nunca tenho olhado para o mapa que tenho à minha frente e imagino-me em lugares onde nunca estive, mas onde espero vir a estar. E quero, quero que todos aqueles que andam por aqui e por ali à minha volta tenham muitos momentos de felicidade antes de morrer. Porque, mais cedo ou mas tarde, no dia em que menos esperarmos, lá estará ela a entrar sem bater à porta para levar mais um de nós ou então aqueles que andam cá por perto.

Seja como for para além de tudo isto encontrei-me outra vez, eu que andava perdido há três anos voltei. Consegui construir outra vez o meu mundo, pois só nele é que sei viver, só espero que agora que todas as pecas estão no lugar não apareça um qualquer tremor de terra ou tsunami que volte a deitar tudo abaixo. É o meu desejo para 2006!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

2005 Playlist (Qual foi a vossa?)

Acorda menina linda, Jorge Palma;

Breathe, Pink Floyd;

Consumado, Clã & Arnaldo Antunes;

Dumb, Nirvana;

Escuridão, Jorge Palma;

Fio de ariane, Clã;

Gelado de verão, António Variações;

Hearth shaped box, Nirvana;

Iquietação, J.P. Simões & Miguel Nogueira;

Jeremias o fora da lei, Jorge Palma;

King of pain, Alanis Morissette;

Letra S, Ornatos Violeta;

Music, The Gift;

Nós dois, Xutos & Pontapés

Outro mundo, Toranja;

Primeiro gomo da tangerina, Sérgio Godinho;

Que será de ti Lisboa, Quinta do Bill;

Rain, Guano Apes;

Serafim Saudade, Herman José;

Toi toi song, Southpaw;

Uma mulher da vida, Clã;

Vertigo, U2;

With my own two hands, Ben Harper;

X&Y, Coldplay;

You owe us blood, Blind Zero ;

Zombie, The Cranberries;

Uma música por letra, foram estes os sons que mais entraram pelos meus ouvidos este ano. Podem não ter sido as músicas do ano, mas ao ouvi-las daqui a algum tempo irei lembrar-me deste 2005 que está quase a acabar.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

O Ano em 26 Letras...

Alegre - O Manuel que não desiste;

Blogs - Um novo vício que me contagiou;

Clã - Cada vez mais a melhor banda nacional;

Dedos grandes dos pés - Um martírio de dores;

Erasmus - Outra maneira de ver o mundo;

Fogo - A vergonha Nacional, ano após ano;

Google - Os novos donos do mundo;

Helicópteros - Não temos;

Indonésia e não só - Depois do tsunami esgotar as objectivas o esquecimento impera…

Julho, dia 2, Live 8 - “We are not looking for charity, we are looking for justice”;

K - A minha;

Lisboa - Cada vez mais gosto mais da nossa Capital;

Mortes - As pessoas que me habituei a ver desde pequeno estão a ir embora…

Nata, a revolta dos pastéis de – Um grande programa de televisão;

Ornatos Violeta - Porque recordar é viver;

Praxe - Após um ano sabático regressou no seu melhor;

Queima - A melhor de sempre;

Raquel - O que hoje é verdade amanhã é mentira;

Sudão - Para que a memória não se apague;

Telemóvel - O fim de uma dependência;

Urso - Foi incendiado por um grupo de vândalos há dias;

Voluntariado - Deveriam experimentar;

World - What´s going on? London, Paris…

Xcrevemos cada vex pior;

Yellow - Deveria ser a cor dos nossos novos submarinos;

Zé Milho & companhia - O retrato de uma terra decadente;

26. São as letras do nosso alfabeto, e em jeito de balanço fica aqui o que penso ao ouvir cada uma delas. Isto foi feito um bocado em cima do joelho, mas acho que assim tem mais graça.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

Bom Natal

Comam muitos doces, abram muitas prendas e tentem ser felizes...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Tempo

Ticking away the moments that make up a dull day
You fritter and waste the hours in an off hand way
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way

Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain
You are young and life is long and there is time to kill today
And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run, you missed the starting gun

And you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
And racing around to come up behind you again
The sun is the same in the relative way, but you're older
And shorter of breath and one day closer to death

Every year is getting shorter, never seem to find the time
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desperation is the English way
The time is gone the song is over, thought I'd something more to say

Pink Floyd, Time

domingo, 18 de dezembro de 2005

De férias

Ainda me lembro de quando, há uns anos atrás esperava ansiosamente pelas férias de Natal. Não pelo Natal em si, mas sim porque apareciam do nada duas semanas de férias para aproveitar até à ultima gota. Que importava se era de noite e chovia se a bola não estava furada...

Havia um dia de ansiedade, aquele em que era preciso ir buscar as notas à escola, mas como nunca fui mau aluno o único problema era ficar sem um ou dois colegas para brincar, os castigos eram assim...

Agora estou oficilamente de férias e não fossem os dois trabalhos que tenho para entregar, um já nesta quarta, e os exames que começam a 4 de Janeiro, acredito que estas duas semanas fossem outra coisa.

sábado, 17 de dezembro de 2005

Apeteceu-me pôr aqui

Acende mais um cigarro, irmão
inventa alguma paz interior
esconde essas sombras no teu olhar
tenta mexer-te com mais vigor
abre o teu saco de recordações
e guarda só o essencial
o mundo nunca deixou de mudar
mas lá no fundo é sempre igual

E agora, que a lua escureceu
e a guitarra se partiu
D. Quixote foi-se embora
com o amigo que a tudo assistiu
as cores do teu arco-íris
estão todas a desbotar
e o que te parecia uma bela sinfonia
é só mais uma banda a passar

A chuva encharcou-te os sapatos
e não sabes p'ra onde vais
tu desprezavas uma simples fatia
e o bolo inteiro era grande demais
agarras-te a mais uma cerveja
vazia como um fim de verão
perdeste a direcção de casa
com a tua sede de perfeição

Tens um peso enorme nos ombros
os braços que pareciam voar
tu continuas a falar de amor
mas qualquer coisa deixou de vibrar
os teus sonhos de infância já foram
velas brancas ao longo do rio
hoje não passam de farrapos
feitos de medo, solidão e frio

Jorge Palma, D.Quixote foi-se embora

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Frio

Tem feito muito frio nestes dias. Frio que eu simplesmente não consigo suportar. Onde é que se meteu o sol?

sábado, 10 de dezembro de 2005

Natal

O Natal cada vez mais me diz menos. Na minha família nunca houve o acto de reunião, por isso as noites de Natal para mim não são mais do que as outras. Acredito que em tempos pudesse partilhar um pouco do espírito que se vive nesta altura, até perceber que estar alegre por uma época é ser demasiado hipócrita.

E que dizer da enorme solidariedade do nosso povo que vê mendigos na rua, de mão estendida, dia após dia, a implorar por uma pequena moeda, ou um bocado de comida -já experimentaram oferecer? – e que nesta altura logo se apressa a encher os sacos do banco alimentar para fazer ver ao vizinho da caixa ao lado. E dos velhos brinquedos oferecidos ás crianças que nada têm. Quem tem nada o pouco agradece, mas dar restos tem muito pouco de partilha…

Nem queria falar do gajo das barbas que aparece em todas as esquinas, pois irrita-me profundamente, mais aqueles que andam com os barretes comprados numa qualquer loja chinesa. Também acho graça aos outros que afirmam não acreditar em nenhum tipo de Deus e que embarcam nesta ridícula onda de consumismo. Gostava de saber o que celebram eles nesta altura.

Este Natal vai ser passado, como sempre, em casa sentado no sofá com os pés à lareira, então depois da meia-noite lá estarei ansioso a contar os dias para a passagem de ano.

sábado, 3 de dezembro de 2005

Bairro

Há em Coimbra dois locais onde me gosto de “perder”. Para além da alta que é uma espécie de recuo no tempo e que tem dos mais belos monumentos do nosso país, a Sé velha, existe outro local que irradia uma espécie de magia. Estou a falar do Bairro Norton de Matos, ou Bairro, como toda a gente o conhece. Este sítio é uma espécie de ilha, é como ter uma pequena vila dentro de uma cidade. Por lá as casas são pequeninas e quase todas têm um pequeno jardim, há cafezinhos onde todos conhecem todos, é possível ir a passar na rua e ouvir um bom-dia, podem ver-se senhoras de idade a colher flores no jardim para por na jarra da cómoda, em cada esquina os amigos de infância que sempre ali moraram e hoje estão um pouco mais velhos conversam sem ter noção do tempo. Há lojinhas pequenas onde se compra o almoço e se paga no fim do mês, há os quiosques onde não é preciso pedir o jornal, pois este já está guardado. E há simpatia na cara das pessoas que passam na rua, até aqueles que já não esperam muito desta vida senão vê-la acabar trazem consigo um sorriso.

Mas o bairro não é só isto. É também “casa” de centenas de estudantes que por ali vão passando, por vezes sem dar valor ao local onde moram. Há dias, duas amigas minhas chegaram a casa e não encontraram a roupa onde a tinham deixado a secar, minutos depois chegou a senhoria, que por acaso mora perto, com a roupa na mão, pois tinha começado a chover e a roupa podia molhar-se, então ela tinha-a apanhado. Acho que cada vez se torna mais raro encontrar lugares assim dentro de uma cidade cada vez mais cheia de pessoas que só pensam em si próprias.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

Vale a Pena?

Nós somos o que somos, por mais voltas que o mundo dê. E podemos tentar mudar, normalmente para melhor. Mas será que aquilo que nos faz mudar vale a pena?

Acredito que há qualquer coisa dentro de nós que é imutável. Certas coisas que faço, faço involuntariamente, mas sempre. São hábitos que vêm de longe e que não consigo controlar. Que culpa é que tenho de por vezes me preocupar com coisas ou pessoas que não me dizem respeito? Não há nada a fazer e nada nem ninguém me pode fazer mudar, porque em sou assim. Deixei aqui uma pergunta há dias e estava curioso para ler as vossas respostas. A minha é não.

Pode Alguém ser quem não é?

Senhora de preto
diga o que lhe dói
é dor ou saudade
que o peito lhe rói
o que tem, o que foi
o que dói no peito?
- É que o meu homem partiu

Disse-me na praia
frente ao paredão
“tira a tua saia
dá-me a tua mão
o teu corpo, o teu mar
teu andar, teu passo
que vai sobre as ondas, vem”

Pode alguém ser quem não é?

Seja um bom agoiro
ou seja um mau presságio
sonhei com o choro
de alguém num naufrágio
não tenho confiança
já cansa este esperar
por uma carta em vão
“por cá me governo”
escreveu-me então
“aqui é quase Inverno
aí quase Verão
mês d’Abril, águas mil
no Brasil também tem
noites de S. João e mar”

Pode alguém ser quem não é?

É estranho no ventre
ser de outro lugar
e tão confusamente
ver desmoronar
um a um sonhos sãos
duas mãos
passando da alegria ao desamor

Pode alguém ser livre
se outro alguém não é
a algema dum outro
serve-me no pé
nas duas mãos,
sonhos vãos, pesadelos
diz-me:
Pode alguém ser quem não é?

Sérgio Godinho, Pode alguém ser quem não é?