terça-feira, 25 de abril de 2006

Talvez

Talvez por morar debaixo do mesmo tecto com um dos muitos anónimos que durante anos viveram na sombra, a imaginar um país melhor e mais justo.

Talvez por ter crescido a ouvir histórias quase inacreditáveis de gente que deixava muito da sua vida em nome de um ideal.

Talvez porque desde muito novo tive consciência do que se passou naquele dia há 32 anos atrás.

Talvez por tudo isto e mais algumas coisas eu me sinta um pouco desiludido com a forma com que muita gente vê este dia, especialmente os mais novos.

Deve ser dificil imaginar uma vida onde não se podia sequer ouvir música, onde uma conversa inocente poderia ser confundida com algo mais. Dificil imaginar um país onde se ia preso por acreditar num mundo melhor.

Dificil, não impossível

terça-feira, 18 de abril de 2006

Venha ela

Foi esta tarde que vi o cartaz da queima deste ano. Só tenho uma palavra. Desilusão.

Apesar de, como sempre, ir comprar o geral só há um dia que me chama. Aliás dois. Não falando na terça-feira com o grande Quim, sobra apenas a quinta para ir ao palco. Por acaso esmeraram-se nesse dia. Toranja, Jorge Palma e a Pitagórica.

Pelo meio ficam os mesmos de sempre. Lá estão os Xutos e o Rui. Estou também curioso para ver os Gift ao vivo. Mais uma vez lá estão também as bandas para encher cartaz e tentar chamar os putos do secundário, Melanie C, essa mesma e Boss AC, enfim. Uma palavra ainda para os Da Weasel e para ver o que farão depois de todo o sucesso od ano passado.

E por ironia do que quer que seja ainda não é este ano que me posso meter no comboio e ir até à Figueira para a garraiada. Mais uma vez a decisão da descida ficou adiada para a ultima jornada e entre uma coisa e outra prefiro ir ao estádio.

Expectativas no minimo, faltam duas semanas para a festa. Venha ela.

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
Porque alta vive.

Ricardo Reis, Odes

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Mergulho

O louco chegou e desceu a rampa que só pára no rio. Ignorou todos aqueles porque passou lá em cima, umas dezenas que esperavam outros tantos autocarros. Com o olhar alucinado, despiu-se e atirou-se ao rio.

Mostrando um sorriso de orelha a orelha gritava bem alto para toda a gente ouvir, toda a gente mais o seu amigo imaginário. E dizia "vês que sei nadar?", e gritava enquanto esbracejava para chegar à margem. Vira-se de costas "vês que sei nadar?", deu aos braços e lá chegou à rampa de onde se tinha atirado.

As pessoas lá de cima comentavam entre elas coisas como "pobre coitado" e "ai meu Deus"... Enquanto isso o homem pôe-se de pé, pega na roupa que tinha pendurado num ramo que por ali estava e veste-se, tudo isto com muito esforço já se vê. Foi nesta altura que a menina de 7 anos que viu todo aqule espéctáculo pergunta"Senhor! Está fria? Está fria a água". "Ai meu Deus", ia-se dizendo por lá.

"Não, está boa", respondeu o homem, louco, bêbedo e sem-abrigo. À sua maneira o louco estava feliz, com que direito se pode criticar a maneira que cada um usa para ser um pouco mais feliz? Também a menina tinha vontade de mergulhar!

domingo, 9 de abril de 2006

I/O

Eu acredito que todos nós temos uma espécie de interruptor dentro que nos activa, ou não. Não fosse assim e não conseguiria explicar porque é que aquilo que há uns tempos fazia com tanto gosto hoje não me desperta interesse. Talvez o interruptor vá mudando ao longo do tempo, ou talvez sejamos nós que mudamos... Senti um click.

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Vontades

Acho graça a quem faz tudo pela certa, lá estão os planos desenhados ao pormenor... Um ano aqui, três ali. Depois isto e seis meses depois aquilo.

Os mundos paralelos em que vou vivendo alternam-se entre si, e vem isto a propósito de uma conversa a horas pouco prováveis com um velho "amigo" de escola. Dizia ele que daqui a um ou dois anos pensava casar pois já tinha 24 anos e estava na hora. E disse isto sem falar em vontade nem em felicidade nem em esperança no futuro...

Uns dias depois encontro um pai que me perguntou como estava a correr o meu curso. Lá dou eu a resposta de sempre, ao que ele acrescenta, "a minha filha entrou naquilo que nós (país) queríamos, e ela também..."

Tudo isto até que um dia a vida dê três pinotes e mude tudo. Eu já aprendi a minha lição. Agora acho que está na hora de mudar de mundo.

sábado, 1 de abril de 2006

Talvez

Talvez por morar debaixo do mesmo tecto com um dos muitos anónimos que durante anos viveram na sombra, a imaginar um país melhor e mais justo.

Talvez por ter crescido a ouvir histórias quase inacreditáveis de gente que deixava muito da sua vida em nome de um ideal.

Talvez porque desde muito novo tive consciência do que se passou naquele dia há 32 anos atrás.

Talvez por tudo isto e mais algumas coisas eu me sinta um pouco desiludido com a forma com que muita gente vê este dia, especialmente os mais novos.

Deve ser dificil imaginar uma vida onde não se podia sequer ouvir música, onde uma conversa inocente poderia ser confundida com algo mais. Dificil imaginar um país onde se ia preso por acreditar num mundo melhor.

Dificil, não impossível