terça-feira, 19 de setembro de 2006

Mapa

há um sitio mágico escondido algures no tempo, uma espécie de buraco onde o tempo pára e onde tudo ganha uma dimensão diferente.

passo tantas vezes por lá, mas apesar de tudo ainda não consegui fazer um mapa para lá chegar quando quiser.

resta-me vaguear até voltar a encontrar o espaço no meio das horas. podia ser amanhã...

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Lustro

Cinco anos passaram desde que as torres cairam. Muito se fala, pouco se diz. Terrorismo? Sim, de certeza. Resta saber quem são e onde estão os tais terroristas. Eu desconfio de alguém parecido com um macaco, não só fisicamente, mas também a nível mental.

Já agora, acheio bonito o gesto de terem sido lembrados os nomes de todos aqueles que sem terem tido qualquer tipo de culpa, foram apanhados pela queda. Poderiam aproveitar a bondade e fazer o mesmo em relação aos iraquianos e afegãos também apanhados numa guerra que não era a sua.

Também é curioso ver como é que dois livros servem de pretexto para este tipo de crueldade... Uma coisa é certa. não vou esquecer aquele dia tão depressa.

domingo, 10 de setembro de 2006

Há uma semana na minha cabeça...

Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.

Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.

E diz o inteligente
que acabaram as canções.

José Carlos Ary dos Santos, Tourada

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

"Avante!"

Rumei até à Atalaia para ver como era a festa. Quando há dois meses me lembrei de ir diziam “Aquilo é uma festa de comunistas para comunistas…”. Não liguei e fui lá na mesma. Eu que ando sempre a falar naqueles que se arrastam e fazem as coisas por fazer encontrei ali uma mundo diferente. Centenas de pessoas a trabalhar por uma festa, uma causa, sem receber nada mais do que umas palavras de apreço, sim porque a maioria comprou na mesma a entrada não por obrigação mas sim por solidariedade. Musica, muita música durante os três dias. E um grupo que recomendo a todos, “A Naifa”, um bom projecto com bons músicos e uma bela voz, com alma. Foi deles que saiu para mim o melhor momento da festa. Perante um auditório a abarrotar de gente, apesar do calor sufocante, com a Maria a fazer força para não chorar sempre que acabava de cantar uma canção tal era a força dos aplausos. Fim do concerto, encore com “A Tourada”. Um momento para recordar durante muitos anos. Porque para lá de todos os concertos é disto que é feita a festa. Emoções. A emoção expressa em saltos e danças quando tocava a Tal musica... A emoção de ver o Tim, a fazer uma perninha a solo antes do concerto dos Xutos, não ter mais nada que cantar e começar a “Por quem não esqueci” gritada a plenos pulmões por todos os que por lá estavam. E o Sérgio. O regresso num auditório pequeno para todos aqueles que lá queriam estar. A primeira música, “O primeiro gomo da tangerina”, um discurso engraçado antes de cantar a canção que eu e muitos como eu ansiavam ouvir há muitos anos atrás quando os “Amigos do Gaspar” nos ensinavam a crescer. E muitas, muitas mais cantadas a plenos pulmões por muita, mas muita gente. No palco principal os Xutos fizeram-se ouvir de uma maneira diferente, tal como a mãe de quem acabou com a festa, “Boss AC”, a cantar a “Saudade” de Cesária Évora, mais todos os outros que por lá passaram ao longo de três dias. Nenhum daqueles concertos foi como todos os outros que já vi. Há toda uma envolvente que transforma as coisas… Mas não só de música é feita a festa. Há tanta e tanta coisa. Livros, muitos livros juntos numa grande feira, mais música, mais uma feira, do disco, muito bem composta. Teatro, de palco e de rua, cinema, comida de todo o país, uma delícia… E as pessoas, o povo da paz como lhes chamou um dos meus amigos, velhos, novos, de todo o país, uma mistura de sotaques em todas as ruas… Sem muitos seguranças, sem polícia, sem todo o aparato que costuma ser visto noutros lados não vi desacatos. Curioso não? Camaradas e amigos por todo o lado, uma atmosfera fantástica, apesar de meros desconhecidos havia uma relação entre todos, tudo ligado no sítio onde tudo se oferece em troca de pouco… Grande festa é o que tenho a dizer. Não sei o que mostrou a TV, não sei o que disseram os rádios nem sequer o que veio escrito nos jornais, mas tudo isso deve ter sido pouco. Paralelamente a isto tudo, há a politica. Não me passou ao lado pois até o comício vi, ao sol. Ainda não me conseguiram converter, mas ganharam ainda mais o meu respeito. Pela organização, pela mobilização e pela simpatia. Para o ano penso lá voltar…