sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O nada grande e o tudo minúsculo

- Então é assim.
- Assim como?
- Assim, só, sei lá como. Assim.
- Humm...

Mais uma pedra no charco, mais um charco no chão, menos água no rio, mais rio para o mar, mais mar para o ar, mais água para as nuvens e um dia um pouco mais de água para o charco que de tanta pedra que vai levando há-de transformar-se em poça e de poça em nada.

- Nada?
- Sim nada.
- Não percebo isso do nada.
- É fácil, é só o contrário de tudo.
- Mas nem uma mão vazia está cheia de nada! Há sempre algo, por mais pequeno que seja...
- Algo que por ser tão insignificante é simplesmente nada, mesmo que lá esteja...

Mais um copo, mais uma pedra, uma pedra de gelo num charco acastanhado. Entra algo, um corpo cheio de nada, tem voz mas não fala, tem ouvidos mas não ouve, tem olhos e não vê, tem tudo, mas não sente. O nada a poucos metros de mim. Olho para a mão, a minha mão. Está cheia de um qualquer tudo. Milhões de bichos minúsculos fazem dela a sua casa por umas horas, ou quem sabe alguns dias... Serão felizes?

2 comentários:

D disse...

ahaha,deixaste-me a olhar para a mão! realmente... duas mãos abertas tem muito para dar !

babygirl disse...

Concordo com d! Fiquei a pensar nas minhas mãos... que apesar de vazias têm tanto para dar!
Adorei a reflexão... tava a precisar!
Beijinhos***

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