terça-feira, 25 de março de 2008

O que não existe é assim

E depois há dias diferentes de todos os outros. Dias em que nem se é capaz de vez as caras que aparecem pela frente, quanto mais sentir os sorrisos que possam ter. Dias em que tudo é uma espécie de mancha verde vómito atravessada entre nós e o mundo.

Dias em que só o corpo existe, movimentos mais ou menos voluntários, só isso. Eis que então, como por magia, alguém estala os dedos e do meio de todos os sentidos perdidos na tão grande falta deles, acende-se mais uma vela, desponta mais uma ideia, fica-se a saber que lá longe as pessoas também são más e cobardes e que nada do que te conta meio mundo e pensa outro terço faz sentido.

Costuma chover no dia a seguir ao domingo de Páscoa por estes lados. Deve ter sido da falta de chuva. Há dias demasiado estranhos para terem existido. Se calhar é só um pedaço de sonho. Estas linhas nem existem fora da minha cabeça nem ninguém as poderá ler. Um sonho, isto tudo. E eu aqui. Faltou a luz lá do lado de fora. Deve ser por isso que o despertador ainda não tocou. Um sonho, isto tudo é um sonho e nada existe. Nenhuma destas letras, nenhuma destas palavras, nada disto do que penso dentro de um outro pensamento. Não existe. Não existe? Não vai ter fim...

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