sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sopro

O tropeçar e a queda, o abismo ao fundo, metros sem rede e as asas abertas quase ao bater no chão. Abertas mas frágeis. Logo quebram e o corpo cai sem amparo. Quebram-se depois os ossos e rasgam-se as carnes. Mas há sempre um canto para servir de abrigo e uma manta para não deixar escapar o calor que ainda resta.

Depois as escadas voltam a chamar. Sobem-se os degraus um a um esquecendo que tudo tem um fim - e a escada não será diferente -. Último degrau, próxima queda, ciclo infinito, grande roda ou qualquer outro nome. A vida, talvez.

[ao lado, outras escadas, outras quedas, outros corpos. nas pontas do mundo as cordas da rede cortadas por quem a não quer esticada]

2 comentários:

Sónia disse...

Pois é, parece que vai ser sempre assim: subir escadas e dps as quedas e a dor... e a dor vai passando e volta-se a subir outra escada... e assim continuamente... sempre...

mari.ana disse...

gostei muito deste. afinal, todo o ser humano tem uma paixão mórbida e incompreensível pelo abismo e pela queda.

Enviar um comentário