sexta-feira, 17 de abril de 2009

Dilúculo

Partida ao meio. A lua.

E cá em baixo, um banco verde, casas azuis com desenhos de janelas-de-luz-acesa, garrafas vazias, latas vazias, vidros no chão, copos cheios, copos vazios. Uma brisa leve... Cinco vezes noventa e nove. O mesmo banco. Transeuntes que vão passando. Abanam devagar. Tivessem giz nos pés e o chão seria todo ondas brancas. Falo em ondas e lembro o mar. A brisa outra vez mas agora sem sal, sem o cheiro-casa que nem é meu mas que gosto.

Lembro agora o primeiro dia. Manhã de sol e a mão a tremer. Janelas de vidro. Calor. Calor. Calor. Não há longe, não há longe, não há longe...

de repente, o banco faz-se escada, a janela branca janela verde, o cigarro no chão cigarro na mão, a mulher velha homem velho, o cimento pedras, a rua largo, e, num instante breve, deixa de haver tempo e estamos de novo encostados à grossa porta de madeira no instante em que uma cara ensonada larga um "bom dia" e se prepara para a abrir.


"Não há longe nem distância"

Meia bolacha no céu. Meia bolacha brilhante no céu. E o sol a bater de mansinho nas costas.

Sem comentários:

Enviar um comentário