segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

solstitium

hoje foi o mais curto dia do ano. lá fora a lua cresce a quase sorrir.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

dos pregos

acabou a estrada. afinal as bermas não eram paralelas perfeitas que só aparentemente se juntavam ao fundo, no fim, aparentemente. eram uma outra coisa e a estrada acaba mesmo como se imagina. pelo menos eu. uma cascata em bico que dá para lado nenhum. dizem que é o lado do medo. talvez seja verdade mas isto são palavras já tão gastas, tão gastas, tão...

o rasto de garrafas e flores mortas ficou para trás. trás daqui, frente de outro lado qualquer. afinal é uma roda não é? é isso que nos ensinam na escola. a terra é uma roda e as bolas são rodas e os carros são rodas e o que não roda pára e as rodas para um lado e para o outro e as rodas para rodar e girar e saltar e, talvez, ser, ou não. deixar de existir.

as definições estão todas erradas. conheço pelo menos uma mão cheia de imortais que, a esta hora, já deixaram de ser carne para ser bicho e couve e, quem sabe, semente de girassol no bico do pássaro apanhado no vôo por um gato sem o olho esquerdo. há gatos sem o olho esquerdo, não é por isso que deixam de ser gatos. os pássaros que perdem as asas é outra conversa. os imortais. deixei de gostar de pombos às três da manhã de um dia de março enquanto um respirar dorido era tudo o que ouvia. e andam aí, aqui, em tudo e em todo o lado. mas não se mostram a todos, lá terão as suas razões. mas eu vi! era uma esquina e a geometria toda em cima da cabeça. era isto. e foi, depois, num outro dia, a mesma mesa e o cheiro que há em mais lugar nenhum. e o resto.

a estrada que acabou nas duas linhas feitas ponto, ponto feito fim, fim feito medo. a ultima palavra dos Lusíadas é inveja. as aranhas têm oito patas e as formigas seis. há gente em pânico para que se defina  finalmente o quilograma. as pessoas são más. os cogumelos são fungos. six feet under tem um fim de lamber os dedos. um ano-luz não consigo perceber o que é.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

anniversarìu






"nem choros nem medos nem uivos
nem gritos nem pedras nem facas
nem fomes nem secas nem feras
nem ferros nem farpas nem farsas
nem forcas nem cardos nem dardos
nem guerras"


José Carlos Ary dos Santos, Canção de Madrugar

sete de Dezembro

(...)

sábado, 5 de dezembro de 2009

trilho

a mão na boca evita a saida das palavras que não há. vinte e oito vezes um, dois, três, vinte e cinco. escondem-se algures entre as mãos bem abertas e pousadas no chão queimado, quente. e hoje, gripe, tiros, um poço sem água, o esquecimento de alguém. importa pouco. calou-se o homem que gritou três dias no fundo do poço, talvez já não lhe doam os ossos partidos.

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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

ovelhas

são brancas e vão pela beira da estrada. umas atrás das outras. devagar. ou mais depressa. pouco lhes interessa. caminham apáticas para lugar algum. lugar nenhum. movem-se. ou param.

Princípio de Peter


"In a hierarchy, every employee tends to rise to his level of incompetence"

Laurence Johnston Peter

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Eu vi


"Se o meu peito diz coragem,
Volto a partir em paz."