quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ammophila arenaria

mar. as gaivotas têm nome e direcção no vôo. quase todas. era uma vez.

coisas que toda a gente sabe. o calcário é diferente do granito. coisas que se notam entre os dedos dos pés. a ela, a gaivota, voava só para a frente, diferente das outras. dava a volta ao mundo sempre que queria voltar onde tinha estado. a volta ao mundo. há caçadores na patagónia. a gaivota levou um tiro. 

por vezes julgava perseguir o sol. outras julgava ser perseguida. ocorreu-lhe nunca que o girar da terra pode ser traiçoeiro. nem todos os tiros matam. fazem sentir o cheiro a aço e pouco mais. alguns. a imagem sonora dos chumbos a cair numa tigela de sopa metálica é algo que me faz roer as unhas. 

caiu. fugiu. asa quebrada, vôo novo. circulos quase infinitos agora. tempo. o tempo. viu um muro pintado de tangerina. picou o vôo.

as promoções de tinta podem ter um efeito fantástico. cor.sangue.de.boi, no caso. voava agora para onde queria, a rosa dos ventos passou a ser mais do que uma qualquer coisa aprendida na escola da praia. voltou. perdeu-se. afinal, o lugar era o mundo e não o pedaço de terra onde havia querido voar em circulos. abriu as asas. foi. em frente.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto desta história... tlv já tenha visto essa gaivota, quem sabe ;)

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