segunda-feira, 18 de julho de 2011

Phaseolus vulgaris

Imagina-te de novo de volta à escola. O quadro preto em frente, a cruz por cima, um cristo magro e pintalgado de verde a olhar para o vazio.

Dois mais dois são quatro sem nunca se explicar ou perceber bem porquê. Números são números e estes não enganam. Tudo isto na altura em que havia um senhor de fato preto às riscas a convencer-nos que o também o algodão podia ser um número. "Não engana" dizia. Falava do algodão.

Um frasco. Protocolo (palavra nova só mais tarde aprendida já em quadro branco, não melhor que o preto). Material: àgua, armário, frasco, algodão, feijão e sol.

Depois era o feijão no frasco e o ridiculo de tudo aquilo num lugar onde depois das quatro nos rebolávamos pela terra.

Era na terra que a realidade fazia mais sentido. Um dia despontava um pouco de verde, no outro uma outra folha, regar, mais uns centimetros dia após dia. Esperar. Devagar até ao grão final.

Lição primeira: é preciso tempo;
Lição segunda: a história do João pode ser verdade numa tarde de sol;
Lição terceira: por mais que repetidos sejam os gestos nunca o resultado é o mesmo.

Três lições num feijão. Hoje em dia já não devem aprender estas coisas na escola. Muito menos terão terra para a cheirar molhada.

Fim.

Irrita-me a urgência dos tempos mais modernos que os do senhor Charlie. Vi, sem ver, alguém chorar por não ver um filme no dia da estreia.

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