terça-feira, 22 de maio de 2007

Palavras

Palavras, palavras, palavras a voar de manhã à noite. Palavras que se conjugam e separam ao ritmo de uma qualquer estupida canção. Palavras que me saem da boca sem querer, outras que por mais que queira que saiam teimam em ficar presas.

Caixas, pastas, folhas cheias de palavras que nunca chegaram (chegarão?) a ver a luz do dia desde o dia em que foram escritas. Palavras, só palavras. Algumas sem sentido, outras com tanto quanto o mundo pode ter. Estou preso entre milhares de sílabas quando na verdade devia estar a tentar sair de uma encruzilhada de zeros e uns.

Talvez derive daí tanta incompreensão, um gajo que gosta de palavras a coabitar com gente que vive num mundo de (dois) números. Tanta estranheza, nas caras de quem tenta sempre relativizar as emoções. Soubessem eles que as palavras podem ser mais do que letras juntas, soubessem eles...

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Só para dizer que a chama nunca se vai apagar...

Nunca!

Memories

Quase duas semanas depois, as imagens ainda andam a bailar pela mente. Bem, agora não só pela mente. Longas horas de uma grande semana, não se pode dizer que tenha sido uma semana grande visto que acabou muito depressa...
E ora cá estão os copos vazios, os favaios cheios, os sapatos sujos, o cansaço que não nos deixava estar em pé e a aquisição da noite, neste caso uma bengala (podia ter sido uma cartola, uma garrafa de vinho ou outra coisa qualquer).

"E o que presta é o que resta em nós", não é?

#6

"Ser da terra dependente,
É o dilema da semente.
Contrariar,
Não é coerente.
Dona aranha coma o seu marido.
Dona aranha não jante o seu marido.
Dona aranha não coma e coma o seu marido.
Dona aranha nada disto faz sentido. "

Ornatos Violeta, 1 beijo = a 1000

domingo, 20 de maio de 2007

Casamento

Vestidos e fatos à minha volta, a importância de de sentirem importantes por um dia. Por um dia vão ser servidos como reis. Nada vai faltar. Os votos de felicidades ficarão para outra altura. "Os rissois estão salgados", "Olha aqueles sapatos", "Ah! E aqueles dois", "Vê como dança". Problemas para trás das costas, afinal o dia era de festa.

Nem sempre há à volta tanto, tantos e tanta coisa que se possa criticar. "Afinal é tarde", "E está frio", "Logo tinham que fazer isto na rua". Enquanto isso quase dormia no jardim, entre umas almofadas que por lá haviam para as crianças. Criança outra vez numa meia hora de sábado.

E a noiva, 24 aninhos, com medo do escuro. Que seja muito feliz, pode ser que qualquer dia lhe abram as portas do mundo que nunca conheceu...

Ps:Recuso-me a ir de fato para um casamento, aliás só tenho um fato no armário. É preto.

sábado, 19 de maio de 2007

Loira

Eu sabia que ela não ia voltar...
Descobri hoje que tinha mesmo razão.

"A vida é um dilema singelo, ou se é bigorna ou se é martelo"

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Bichinhos

Foi esta manhã, enquanto ainda tentava acordar, que me entraram uns bichinhos na mente. Deram meia duzia de nós e foram embora. Mas os nós ficaram. Não vai ser fácil desatar isto tudo...

Up there

Na estrada mal alcatroada do subúrbio onde havia fábricas e o dia era um tormento
Quando a luz veio nos postigos e o teu corpo não me serviu de resgate
Tudo perdido em favor das grandes rodas
Tudo perdido em favor da angústia no autocarro

A Naifa, Skipping

Private Post

PARABÉNS TONTA
:)

terça-feira, 15 de maio de 2007

Metáfora

Se há coisa que gosto é de ovos estrelados. Então há dias em que a vontade é tanta que a primeira coisa que faço quando chego a casa é pegar na frigideira. Lá vão os ovinhos a seguir, pelo menos três que sou guloso. Engraçado é ver quando o azar bate à porta e se estraga a gema de um.

O drama em tons de amarelo. Mas qual drama? É só dar umas voltinhas à coisa e ficam uns belos ovos mexidos que até nem são maus. Embora não tão bons quanto os estrelados, mas bons na mesma. Há que saborear o que se tem e não lamentar o que se podia ter tido. Na cozinha, como na vida.

sábado, 12 de maio de 2007

Oh, se é...

Vale a pena ver
castelos no mar alto
Vale a pena dar o salto
pra dentro do barco
rumo à maravilha
e pé ante pédesembarcar na ilha
Pássaros com cores que nunca vi
que o arco-íris queria para si
eu vi
o que quis ver afinal

É tão bom uma amizade assim
Ai, faz tão bem saber com quem contra
Eu quero ir ver quem me quer assim
É bom para mim e é bom pra quem tão bem me quer

Vale a pena ver
o mundo aqui do alto
vale a pena dar o salto
Daqui vê-se tudo
às mil maravilhas
na terra as montanhas e no mar as ilhas
Queremos ir à lua mas voltar
convém dar a curva
sem se derrapar
na avenida do luar

Sérgio Godinho, É tão bom

Não é dificil...

Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
Porque alta vive.

Ricardo Reis, Odes

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Não é bem uma montanha...

"Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo duma montanha"

José Afonso, Canto moço

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Fogo!!!

Três personagens fortes, muito fortes, andam no parque. São tão fortes que não se dão ao luxo de poder fraquejar. Até houve um dia em que esteve para haver uma desistência. Um dia de descanso... Como se fosse possível descansar!

Não há palavras para descrever esta queima, que muitos dizem ser a pior dos ultimos anos. Para mim está a ser uma das melhores. E ainda faltam dois dias. O senhor Palma aparece por cá amanhã. O melhor ficou para o fim desta vez, qual cereja no topo do bolo. De Coimbra para o mundo, há comboios de hora a hora, quem nunca cá veio, apareça para ver como pode brilhar uma fogueira por mais pequena que seja.

Sim, ainda há fogo no parque...

sábado, 5 de maio de 2007

Chama

E ao segundo dia já o tempo se trocou. As horas desapareceram e o relógio solar engana! Já tinha saudades de ver um amanhecer à beira rio! Cinco anos. Já passaram cinco anos.

Foi também bom ver a Sónia cantar e gritar e pular e falar. Se calhar foi melhor até ouvi-la agradecer. Da linha da frente, sempre a linha da frente. Quem morre primeiro sofre menos. Será?

A festa é de quem a faz, não de quem a vê. As janelas, os ovos e os foras da lei existem para isso. Mutações no meio da confusão. Os bandidos, sempre os bandidos. E há fogo no meio do parque! A chama não se vai apagar, pois não?

Post escondido com o rabo de fora

"Mas o mundo vai girando
e a chuva lava os dias
que se estendem ao passar
e no corredor da morte
os bandidos vão esperando
a liberdade a começar"

da Mi

domingo, 29 de abril de 2007

Amigos

Palavras escritas, lidas, cantadas, ouvidas, ditas. Tanta palavra, tanta, tanta. É bom ter com quem conversar, divagar, pensar, cantar.

"Amigos são sobras do tempo que enrolam o seu tempo à espera de ver o que não existe acontecer"

Clã, Amigos de quem

terça-feira, 24 de abril de 2007

33 Anos

Mais de trinta anos passaram desde a revolução e ao que parece quase ninguém se importava de ter outra ditadura por cá.

O que vejo mais por ai são pessoas que não querem ter qualquer poder de decisão e quando o têm abdicam dele. Não estou sequer a falar de eleições. Desde a elaboração de um mero mapa de exames até aos inquéritos sobre o que se deve fazer numa escola ou não. Ninguém fala, ninguém escreve. Como é obvio depois da decisão tomada criticam.

Em tudo é assim. Deve ser por isso que por vezes me olham de lado quando defendo as minhas ideias. O que o pessoal da extrema direita agora faz não é mais do que um aproveitamento desta situação. Se num estádio de futebol estiverem 100 mil pessoas caladas e 30 a berrar, é certo que só podemos ouvir os 30. É por isso que digo, falem, discutam, levem os outros a pensar. O mundo ainda pode ser mudado. Haja vontade!

sábado, 21 de abril de 2007

O meu cartaz

The Gift
Blasted Mechanism
Quim Barreiros
Óióai
Orxestra Pitagórica
Da Weasel
Xutos

E este ano não vou mesmo faltar à garraiada.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

A casa cor de rosa

É tão estranho saber que a casa onde passei tantos dias da minha vida vai ser vendida. Vendida a um casal de estranhos. A casa onde ia religiosamente almoçar à segunda feira, que tinha um jardim em frente com sombra de verão e sol de inverno. Estranhos que até parecem simpáticos. A casa onde não entro há quase cinco anos e que possivelmente iria ficar em ruinas daqui a mais alguns cinco, se não fosse vendida. Sim, porque quando as pessoas não têm capacidade para se sentar a falar, os herdeiros herdam dinheiro, não coisas. A casa era cor de rosa. Pergunto-me de que cor ficará agora. Pergunto também se de manhã ainda cheira a café. A minha avó fazia café de manhã. E havia sempre pão quente, com manteiga.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Bela Merda

Eu queria ter dito que há dias que devem ser aproveitados de uma forma diferente dos outros, quis dizer que por vezes podemos por de lado coisas que temos certas e que fazemos quase sempre, para aproveitar aquelas que só surgem de vez em quando.

Quis dizer que a noite de há umas semanas foi única por ter sido invulgar, quis dizer que nada se repete, que as imagens não se registam numa máquina mas sim na memória.

Tanta coisa que podia ter dito e o que saiu foi algo como "Diz ao gajo para vir só dia 25. Para ti há-de ser o fim da noite e para ele o principio da manhã.".

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Sono

Quando se quiserem rir um pouco, tentem adormecer numa viagem de autocarro para acordar quando o motorista está no terminal a ler o jornalinho à espera da próxima saida. Depois vão devagarinho desde o vosso lugar até lá à frente e após darem uma palmadinha no ombro do senhor peçam-lhe para abrir a porta. Se não tiver morrido com o susto...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

O Engenheiro

Não votei no senhor Sócrates. Aliás, o meu voto não contou. Adiante.

O Zé estudou aqui em Coimbra no ISEC. Fez o bacharelato em engenharia civil. Mais tarde chegou a deputado. Algures por aí lembrou-se de tirar a licenciatura em civil e foi para o ISEL.

Ou porque aquilo era dificil ou por qualquer coisa que não me interessa o Zé foi estudar para uma privada. A ideia que eu tenho é que nas privadas as coisas são mais fáceis e tal. O Zé acabou o curso.

Agora eu quero lá saber se o gajo é engenheiro, licenciado em engenharia ou tem um curso comprado. Ainda se estivesse à espera que ele dirigisse uma obra. O homem está lá para governar. E concorde-se ou não com as politicas dele, e eu não concordo com algumas, de facto, governa, coisa que já não se via por estes lados à algum tempo. O facto de ser teimoso ajuda.

Deixem-no estar e daqui a dois anos votem, nele ou não, mas por agora calem-se com esta história.

PS: A propósito, ainda se lembram da suposta homossexualidade e do namoro com o Diogo Infante? Não? Bem me parecia...

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Don´t

Please stop, don’t walk, don’t talk.
This time I must be strong enough,
but it’s not enough because it’s hard…
I will raise my head up high and lift my voice high, with pride.
This time I’ll make things right, this time I won’t look back,
because time will not go back, so I’ll find myself this time.
Guilty forever, now you’ve taste it you won’t leave it, forever and ever.
You won’t see me, you won’t miss me, and so you won’t see me falling.

The Gift,
Cube

sábado, 7 de abril de 2007

Busca

Procuro na incerteza dos dias um futuro para mim. Na dúvida do que serei ou que farei um dia resta-me uma certeza. Quero lidar com pessoas. Nunca me senti tão realizado a fazer alguma coisa como quando fui voluntário no Euro. Milhares de ingleses, franceses e suiços à volta e a dificuldade de os entender e de me fazer entendido. Dá um gozo enorme no fim do dia olhar para trás e ver que estivemos bem e que graças a nós não houveram problemas de maior.

A ver as coisas como vejo, e preferindo um sitio onde faça algo que me dê gosto a outro onde ganhe mais algum dinheiro a contar as horas que faltam para o dia acabar, questiono a utilidade de tantos anos de estudo. Isto vem a propósito de no dia de ontem, em que estive reunido com quase todos aqueles que andaram comigo na primária. Um... Há um que está de bem com a vida e com o que faz. Todos os outros se levantam revoltados todas as manhãs.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Obrigado!

Depois de ter sido eleito como grande Português um homem que nunca soube o que foi uma eleição, de ter lido isto. Depois de passado uns dias ter meio país a discutir se era legitimo alguém colocar um cartaz no centro da capital a apelar à expulsão dos imigrantes e à adesão ao nacionalismo, vejo que ainda existe bom senso.

Uma das vantagens que a revolução nos trouxe foi a liberdade, a liberdade de, por exemplo, estar aqui a escrever. E não há liberdade de expressão boa e má, não podemos cer censores e tentar apagar o que os outros escrevem e pensam.

Podemos é usar os mesmos meios que eles e tentar passar uma outra mensagem. Isto tudo para dizer obrigado. Zé Diogo, Tiago. Ricardo e Miguel, obrigadinho por porem o dinheiro que o estado, através da televisão, vos paga ao meu serviço. É assim que se ridicularizam as pessoas ridiculas. Obrigado!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Já que é Páscoa...

Qual é o teu Deus? Tens? Acreditas? Há algo mais?

Descobertas

Uma das coisas boas de estar de "férias" é poder vegetar mais um bocado, sem horários. E claro, arrumar. E é tão bom encontar coisas que se julgavam já desaparecidas que afinal estavam só guardadas algures dentro de uma gaveta cheia de papeis.

É verdade, encontrei uma espécie de mapa do tesouro, só falta a cruz.

domingo, 1 de abril de 2007

Não caiu o trapezista

Descalços rua acima, enquanto isso um qualquer iluminado descontente diz que este país é uma merda. "Tiveste gente de muita coragem..." ouviu-se. É nestes pequenos momentos que se faz a triagem entre os verdadeiros. Quando os lugares pitorescos e as palavras se confundem de uma maneira tão espontânea que chega a arrepiar quem não sabe muito bem onde está.

O senhor Orwel aparece quase ao mesmo tempo do senhor Palma e a noite segue sem plano até já ser possível calçar os sapatos. 1984, e o Portugal que alguns ainda conseguem ver, mais os lugares que se podem apenas imaginar.

E um dia, quando todos abandonarmos esta cidade, de certeza arranjaremos maneira de cá voltar, nem que seja para ir buscar a garrafinha de traçado que deixámos escondida, bem escondida...

quarta-feira, 28 de março de 2007

!?

a tua pressa não é nunca a pressa dos outros e se a lei de Murphy existe, por alguma coisa é. de nada valem os gritos e os encontrões, de nada vale o pé no acelerador para alguns quilómetros depois estar parado numa fila.

de nada vale apressar hoje aquilo que apenas amanhã pode ser feito. alguém consegue imaginar o que teria sido aquele dia noutra noite?

as cartas estão na mesa e o jogo é longo. há que deixar correr. agora não me venham com as pressas e o "tem que ser até amanhã...". tem que ser quando tiver que ser.

o riso é espontâneo, eu sei...

domingo, 25 de março de 2007

A Democracia como ela é...

E o maior Português de todos os tempos foi um homem mesquinho das beiras que via Portugal como um brinquedo, numa lógica de quero, posso e mando. Um homem que tinha como ideal de vida sobreviver e como se isso não bastasse, tentou impedir os outros de sonhar. Um homem que guardava o dinheiro debaixo do colchão e que nunca percebeu que investir não é gastar. Um homem iluminado a quem alguém montou uma máquina que se encarregava de fazer a propaganda mundo fora. Uma maravilha de governante.

Uma das pessoas que mais nos devia envergonhar foi, imagine-se, pela primeira vez, já na morte, democraticamente eleito. Ironia. Aproveitem agora alguns para erguer o braço estendido em direcção ao céu, festejem, mas de seguida envergonhem-se.

Houve em tempos uma frigideira em África...

PS: Acredito que a votação venha a ser manipulada até ao fim do programa e o número um venha a ser outro. Talvez o Afonso.

Grandes (Re-Post)

A propósito da discusão que por ai anda acerca de escolher o melhor português e da polémica lista em que certos nomes foram omitidos decidi fazer uma lista daqueles em que vou votar.

D.Afonso Henriques, uma vez que para além de ter fundado este belo país, teve o bom senso, e bom gosto, apesar de ter andado por Guimarães, de querer ficar em Coimbra para sempre;

D.Dinis, porque sempre simpatizei com a personagem. O homem "fez" a primeira universidade do nosso país, "plantou" um pinhal extremamente útil e ajudou a criar uma lenda de Coimbra;

Inês de Castro, para lá da história de amor estava um grande interesse politico. E só poderia ter sido uma grande mulher a fazer com que um vulgar principe ficasse na nossa história para sempre;

Fernando Pessoa, ele não era um, era ele mais três e meio, e todos grandes embora uns maiores que os outros. (Será que posso votar em Campos?);

Gil Vicente, é uma maneira de ver que neste país nada mudou muito em muitos anos;

Salgueiro Maia, deitou as paredes velhas abaixo, abriu os alicerces, ajudou a fazer o desenho da casa nova, e nunca a quis habitar.

José Afonso

Fernão de Magalhães, para lá da viagem de que já ninguém se lembra tem o nome em quase todo o lado desde cidades a vilas, em toda a parte lá está a rua do navegador.

Luís Vaz de Camões, álcool, droga ou algo mais levaram-no a escrever a história de Portugal em conjuntos de oito estrofes de versos decassílabicos a rimar de maneira igual ao longo de dez capítulos;

D.Sebastião, quanto mais não seja para justificar o trabalho que Camões teve. O rei louco que deveria ter aprendido a jogar xadrez em pequeno;

Salazar, mostrou-nos que o país perfeito existe, desde que se ouça e não se fale, desde que não se conteste. Desde que se veja o que a maravilhosa propaganda pode fazer por nós. Fizeram-se escolas, pontes, casas, autoestradas, erradicou-se a fome -pena que só a um milhão- incentivando ao consumo de vinho, não fomos á guerra, o Eusébio não saiu do Benfica, a Amália cantava o fado, para não haver desculpa para não ir votar de vez em quando instituiu um partido único para o voto não ser preciso, tornou o Alentejo num enorme celeiro, contribuiu para o enriquecimento da música portuguesa ao incentivar os escritores de letras a puxarem pela imaginação e acima de tudo fez-nos ver a grande nação que somos, mesmo que grande parte da nossa população não conhecesse mais nenhuma.

Ficou a faltar alguém?

quarta-feira, 21 de março de 2007

E agora?

Hoje uma mulher foi morta e atacada por quatro cães.
E agora, o que se faz?
Matar os cães não resolve problema nenhum, prender o dono penso que também não, o dinheiro do seguro não paga uma vida. Não tenho resposta para isto.

domingo, 18 de março de 2007

Zombie

Gostava que não me dessem abanões quando estou de olhos abertos a olhar para lado nenhum, qual zombie.

Afinal, os melhores sonhos são os que temos acordados...

domingo, 11 de março de 2007

Macacos

Um dia alguém pôs quatro macacos, Alberto, Belmiro, Casimiro e Dionisio, numa jaula e no topo da jaula um cacho de bananas. Como se não fosse suficiente havia também um escadote.

Não tardou muito até o macaco Alberto subir ao escadote para tentar comer as bananas. Assim que começou a subir os outros macacos foram molhados com àgua gelada. Ao serem molhados , puxaram o macaco Alberto e a àgua parou. Seguiu-se o macaco Belmiro na tentativa, mais tarde o Casimiro e o Dionisio. Em vez de bananas havia pancada e àgua, muita àgua gelada no corpo dos macacos que estavam ao fundo da escada. Chegou o dia em que os macacos desistiram de tentar chegar às bananas. E assim viveram felizes algum tempo.

Mais tarde, o macaco Alberto foi retirado da jaula. Chegou o macaco Ernesto. A primeira coisa que lhe ocorreu fazer ao chegar à jaula, foi, nada mais nada menos, tentar subir o escadote para chegar às bananas. Os outros macacos não deixaram. Bateram-lhe com tanta força que ele nunca mais tentou. Nesta parte da história já não haviam jactos de àgua.

De seguida trocaram o macaco Belmiro pelo macaco Fernando, que nunca tinha visto a jaula. A mesma tentativa de tirar as bananas e a mesma violência por parte dos outros macacos, macaco Ernesto incluido.

A história continua até não haver na jaula nenhum dos macacos que tinham sido molhados. Estavam lá agora o macacos Ernesto, Fernando, Gustavo e Horácio. Foi tirado o macaco Ernesto e posto na jaula o Serafim. Como todos haviam feito, tentou subir ao escadote para chegar às bananas. Foi espancado, como os outros tinham sido. "Porquê?", perguntou. "Não sabemos, aqui sempre se fez assim.", responderam os outros.

domingo, 4 de março de 2007

As grande rodas

Ainda há por ai muita gente que pensa que o dinheiro compra tudo... Tão enganados que andam. Há coisas que não têm preço. O respeito, por exemplo, não se ganha, não se compra, conquista-se. Não penso vender-me por meras promessas vãs daqueles que um dia terão a vida controlada por fios.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

23

Cada ano que passa é sempre o ano de qualquer coisa. O ano passado foi o ano da Festa, tal como 2005 tinha sido o ano dos bancos de jardim e 2004 o ano do Euro, 2003 o de caloiro e 2002 o ano negro de Paris até chegar a 1984 que deve ter sido o ano da merda, uma vez que devia fazer pouco mais que isso.

Para este fico à espera de surpresas. Hoje fiquei mais velho, mas não como vou ficar amanhã.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Zeca


"No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vitimas de um credo
E não se esgota o sangue da manada."

Sem medo, morreu há 20 anos.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Uma Pergunta

Gostava de saber o que é que grande parte dos mortais tem contra o elogio e a ironia. E já agora contra o elogio irónico.

Será que são burros? Será que não entendem? Se alguém souber diga.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Hoje

O passado já foi, o presente acabou de passar e o futuro não existe.

Não vale a pena, não vale...

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Bifes

Um bife não é só um bife. Teve que haver uma vaca, vaca essa que se alimentou e que um dia alguém teve que matar. Foi um homem que a matou. O homem tem uma familia. Houve também alguém que teve que alimentar a vaca, se calhar a vaca até comeu farinha de vaca que um qualquer engenheiro teve ideia de experimentar. Para o bife ser bife, foram precisas muitas mais pessoas, desde os veterinários, até aos fabricantes de facas, passando ainda pelo cortador.

A curta história de um bife. E ainda há quem pense que uma pessoa é só uma pessoa...

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Dever cumprido

Que não voltem a fazer a mesma pergunta daqui a 10 anos...

Sim,

Sou tendencialmente contra o aborto e acho que falta acima de tudo educar. Já não vivemos propriamente no século XIX, nem no XX. Mas fala-se em educar e lá vêm os teóricos a pedir aulas de educação sexual nas escolas. Acordem! Educação sexual sim, mas não é preciso mudar o mundo(escolar) para isso. Basta haver professores competentes como era(será ainda?) a minha professora de ciências do 8º ano(só essa). E quem não vai à escola? A escola pode ir a muito lado, mesmo com nomes diferentes. Depois há aqueles que defendem o não por causa do dinheiro. Concordo inteiramente com eles. “Eu” não tenho que andar a financiar abortos sem nexo. Mas se as pessoas forem educadas os abortos sem nexo tendem a desaparecer ao longo do tempo.

Para mim nunca esteve em causa a vida do feto, embrião, bebé, zézinho(lembram-se), ou o que lhe queiram chamar. Será que é muito difícil perceber que um puto indesejado à partida não irá ter uma vida propriamente feliz. Se é que vai ter vida. Alguns têm sorte, outros acabam num caixote do lixo depois do primeiro choro. E essas mesmas mulheres que abortam hoje num vão de escada, as que precisam de ser educadas, seja o aborto despenalizado ou não, irão continuar a ir parar ao hospital. Por uma doença relacionada com um aborto mal feito, ou para fazer um aborto com dignidade. Acima de tudo os senhores do não têm que ter uma coisa em mente, hoje em dia, quem quer abortar aborta. Com melhores ou piores condições, dependendo do dinheiro que tem no bolso. Votarei sim, porque não me imagino a votar não. Espero que depois de mudarem a lei os nossos governantes mudem mentalidades.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

A vida

"It´s like ten thousand spoons, and all you need is a knife
...
And isn´t it ironic, don´t you think?"

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

um dia

um dia acordas com o telefone a tocar e ainda meio a dormir ouves pela casa a notícia que chegou já tarde para não incomodar ninguém de noite. depois tomas banho vais à tua vida, mas a tua vida já não existe tal como a conhecias. é então que começas a ver as coisas de maneira diferente. a partir dai não voltas a ter medo dos ladrões e das gripes e das vagas de frio e das ondas de calor. tão pouco de atravessar fora da passadeira quando o carro vem direito a ti. quando esse dia chegar talvez percebas o que quero dizer.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes

Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!

Alberto Caeiro

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

No fim de votar, todos à confissão...

"Os cristãos que vão votar 'sim' no referendo serão alvo de excomunhão automática, a mais pesada das censuras eclesiásticas", garante o cónego Tarcísio Alves, pároco há cinco anos em Castelo de Vide (Portalegre). A excomunhão automática atinge ainda "todos os intervenientes na execução do crime, como, por exemplo, médicos e enfermeiros", sublinha, enquanto consulta página a página o Código Canónico.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

#6

"Olhos são buracos de filtrar tragédias num fio de luz. Um dia, as nossas."

Rui Cardoso Martins, E se eu gostasse muito de morrer

There...

The lunatic is on the grass
The lunatic is on the grass
Remembering games and daisy chains and laughs
Got to keep the loonies on the path

The lunatic is in the hall
The lunatics are in my hall
The paper holds their folded faces to the floor
And every day the paper boy brings more

And if the dam breaks open many years too soon
And if there is no room upon the hill
And if your head explodes with dark forbodings too
Ill see you on the dark side of the moon

The lunatic is in my head
The lunatic is in my head
You raise the blade, you make the change
You re-arrange me till Im sane
You lock the door
And throw away the key
Theres someone in my head but its not me.

And if the cloud bursts, thunder in your ear
You shout and no one seems to hear
And if the band youre in starts playing different tunes
Ill see you on the dark side of the moon

Pink Floyd, Brain damage

sábado, 6 de janeiro de 2007

Marés

Pela primeira vez desde que me lembro, para além de ter mudado o ano mudou também o sistema horário. Os segundos transformaram-se em minutos e as horas nunca mais chegam. As esperas estão mais longas que nunca. Paralelamente a tudo isto, mergulhei numa melancolia extrema que me leva a ter ataques de estupidez, desvios de atenção e uma predisposição para o insulto nada vulgar na minha pessoa. A irritação atingiu o auge quando há momentos num qualquer noticiário mostraram uns putos espanhóis a abrir os presentes. Mas que tenho eu a ver com isso? E com tudo o resto que me vão teimando em perguntar? -Acha que as casas de banho do centro comercial são boas? Que estão à espera que responda? Que preferia azulejos amarelos em vez de azuis? Perguntem-me antes se gosto de esperar pelo autocarro em pé na paragem que não tem bancos. Perguntem-me se quero que o dinheiro das minhas propinas vá parar ao bolso de um qualquer incompetente sentado à beira do tacho. Mas perguntem depressa antes que a neura passe...