A cabeça explode ao som de gargalhadas mil dentro do sonho mal sonhado
Gargalhadas mil a acabar o sonho. Mais um.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Junho, 9
O medo.
O medo de abrir a porta e não haver mais chão para pisar como acontece naqueles sotãos, que por vezes se encontram por ai no meio de ruas semi desertas, sem escadas, só com um buraco tapado por uma porta de madeira.
Duas agulhas pequenas.
O papel de parede já gasto a chamar as unhas roidas, a noite na rua e o candeeiro de luz amarelada. Sempre a luz amarela a iluminar os sonhos. Amarelo até que nem é uma palavra feia. Outras há mais bonitas, alalia, por exemplo. Andarilho, terrina, lápis... Divagações parvas e o medo escondido debaixo do tapete.
Números na ponta dos dedos, à frente dos olhos, medidas e contas agora cada vez mais difíceis de fazer que isto das contas nunca foi simples que há sempre sempre alguém para lembrar que a distância entre dois pontos é sempre infinito. Sempre!
Lá em baixo há corpos que se arrastam rumo ao nada um pouco mais abaixo, ao fim da rua que é a descer. Lá em baixo não há sótãos e os monstros vivem na terceira casa do lado direito, toda a gente sabe.
É mais um segundo, minuto, hora, dia, mês.
Mas há frases que existem escritas por dentro da pele.
E o sol nasce às quatro e meia da manhã.
O medo de abrir a porta e não haver mais chão para pisar como acontece naqueles sotãos, que por vezes se encontram por ai no meio de ruas semi desertas, sem escadas, só com um buraco tapado por uma porta de madeira.
Duas agulhas pequenas.
O papel de parede já gasto a chamar as unhas roidas, a noite na rua e o candeeiro de luz amarelada. Sempre a luz amarela a iluminar os sonhos. Amarelo até que nem é uma palavra feia. Outras há mais bonitas, alalia, por exemplo. Andarilho, terrina, lápis... Divagações parvas e o medo escondido debaixo do tapete.
Números na ponta dos dedos, à frente dos olhos, medidas e contas agora cada vez mais difíceis de fazer que isto das contas nunca foi simples que há sempre sempre alguém para lembrar que a distância entre dois pontos é sempre infinito. Sempre!
Lá em baixo há corpos que se arrastam rumo ao nada um pouco mais abaixo, ao fim da rua que é a descer. Lá em baixo não há sótãos e os monstros vivem na terceira casa do lado direito, toda a gente sabe.
É mais um segundo, minuto, hora, dia, mês.
Mas há frases que existem escritas por dentro da pele.
E o sol nasce às quatro e meia da manhã.
domingo, 7 de junho de 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
Números
Os aviões vão caindo pelo mundo,
"Todos os dias, há mais 6.800 pessoas infectadas pelo vírus da sida e morrem 5.700 doentes, de acordo com o relatório da ONU sobre a doença no mundo em 2007"
"Mais de três mil crianças morrem de malária por dia na África"
"Mais de dois milhões de pessoas morrem de fome a cada dia"
e ao cairem até que sentimos coisas estranhas e até que aparece logo alguém a falar nas mensagens de ultima hora, logo num lugar onde há tudo menos rede. Whisky, café e chá, vinho tinto talvez haja... Rede, podia haver até uma rede antes de chegar ao mar. E se houvesse tinham morrido menos duzentos e qualquer coisa. Duzentos e qualquer coisa mais um ou dois, os importantes, os que se conhecem que os outros serão sempre só numeros... Como os 5700 + 3000 + 2000000.
Afinal de contas não há-de ficar ninguém por cá. Mas quantos de nós não gastávamos um euro que fosse para salvar uma daquelas vidas? Até um bebé morreu...
Lembro-me agora dos que acusam o senhor Adolfo de ter tentado matar seis milhões. Isso dá três dias dos nossos não é? Ou será menos?
Matámos quantos hoje?
"Todos os dias, há mais 6.800 pessoas infectadas pelo vírus da sida e morrem 5.700 doentes, de acordo com o relatório da ONU sobre a doença no mundo em 2007"
"Mais de três mil crianças morrem de malária por dia na África"
"Mais de dois milhões de pessoas morrem de fome a cada dia"
e ao cairem até que sentimos coisas estranhas e até que aparece logo alguém a falar nas mensagens de ultima hora, logo num lugar onde há tudo menos rede. Whisky, café e chá, vinho tinto talvez haja... Rede, podia haver até uma rede antes de chegar ao mar. E se houvesse tinham morrido menos duzentos e qualquer coisa. Duzentos e qualquer coisa mais um ou dois, os importantes, os que se conhecem que os outros serão sempre só numeros... Como os 5700 + 3000 + 2000000.
Afinal de contas não há-de ficar ninguém por cá. Mas quantos de nós não gastávamos um euro que fosse para salvar uma daquelas vidas? Até um bebé morreu...
Lembro-me agora dos que acusam o senhor Adolfo de ter tentado matar seis milhões. Isso dá três dias dos nossos não é? Ou será menos?
Matámos quantos hoje?
segunda-feira, 1 de junho de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
Manhã
"não sou luz da serra
nem sombra nem luz
nem sombra da noite
no alvor da madrugada
não sou coisa nem nada
talvez louco
o louco não tem número
o limite da soma é o vazio"
nem sombra nem luz
nem sombra da noite
no alvor da madrugada
não sou coisa nem nada
talvez louco
o louco não tem número
o limite da soma é o vazio"
Manel Cruz, "Canto dos Homens Conto"
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Hoje
Uma biblioteca enorme,
Espaço,
Calor,
Pouco mais de um euro, não tão pouco como dois cêntimos,
Frango,
Batatas,
Frango,
Arroz,
Relva,
Garrafas,
Frio,
Chuva,
O velho bar,
Corredor,
Chão,
Noite,
Fogo,
Papel,
Gritos,
Música,
Palavras,
Portas,
E todo o vazio que se esconde algures no meio do ar,
E uma cara, uma voz, uma mão, um sorriso, um par de olhos,
Longe.
Espaço,
Calor,
Pouco mais de um euro, não tão pouco como dois cêntimos,
Frango,
Batatas,
Frango,
Arroz,
Relva,
Garrafas,
Frio,
Chuva,
O velho bar,
Corredor,
Chão,
Noite,
Fogo,
Papel,
Gritos,
Música,
Palavras,
Portas,
E todo o vazio que se esconde algures no meio do ar,
E uma cara, uma voz, uma mão, um sorriso, um par de olhos,
Longe.