quinta-feira, 26 de novembro de 2009
dos olhos
Sei que pareço um ladrão...
mas há muitos que eu conheço
que, sem parecer o que são,
são aquilo que eu pareço.
mas há muitos que eu conheço
que, sem parecer o que são,
são aquilo que eu pareço.
António Aleixo
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
הקיר
dizem que a grande muralha da china se vê da lua. conta-se que algures em África havia uma frigideira de Homens no meio do mar. caem uns, levantam-se outros. a pequenez causa medo. e é uma pena que cada vez nasçam menos gigantes.
sábado, 31 de outubro de 2009
scala (la)
é manhã e ainda ninguém sabe se o vôo levará os corpos a algum lado. está frio e ninguém sabe muito bem o que está ao lado. quase ninguém. estrada de ferro e a estação velha à chegada. a falta.
quase tudo é o que parece. as coisas a quererem sempre o mesmo. certo, certo, certo. depois há o resto todo. o resto que nem sequer importa, o que mal se vê para lá das luzes. o caminho que se abre pela rua fora, há uma rua enorme numa cidade grande e quase todos estão perdidos. quase todos. quase.
é manhã. é manhã e noite ao mesmo tempo. chineses que berram, velhos de pele caída a vaguear pelos cantos, olhares atirados contra as paredes e uma frase ecoa na mente "a morte toda...", "eu tenho a morte toda para dormir...". faltas e há uma luz que se acende.
estamos em todo lado. não há praça nenhuma do mundo onde não estejamos. nas pombas, nas pedras, na velha de lenço preto ou até mesmo numa montra qualquer. estamos em todo o lado. eis o império.
depois, os rios correm sempre para o mar de uma maneira ou de outra. as barragens rebentam, as pontes caem. as portas fecham-se e faz frio na rua-casa-cama. "não há longe". apesar de ser infinito. o ar pode faltar em dois lados ao mesmo tempo e há coisas que só se descobrem quando se sentem.
há coisas que só se descobrem quando se sentem.
a vida é curta demais para nós que havemos de passar tanto tempo mortos.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
amigo, não tenho perguntas para fazer-te. quantas
pessoas entendem aquilo que não entendo? quem
descobriu o segredo mais inútil?
amigo, não tenho perguntas para fazer-te. basta-me
olhar. passaram anos, poderiam ter passado mais
anos ainda. poderiam passar séculos.
entendo o teu rosto. isso basta-me quando te vejo.
para mim, serás sempre o príncipe, a criança que
me mostrou as árvores.
o tempo não passou, amigo. agora, ao chegares,
olho para ti. o teu rosto é igual. agora, ao chegares,
sei que nunca partiste.
José Luís Peixoto, Príncipe