quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Teia

Pego na ponta do fio de seda que é só mais um pouco de teia. Estico-o um pouco e tento adivinhar o que o segura do outro lado. Poderá até a outra ponta estar a ser esticada também.

Aranha estranha esta, que tece as linhas a seu belo gosto, une pontes a casas, casas a carros, carros ao chão até. Dia após dia, fio após fio zela para que tudo aquilo haja num equilibrio quase perfeito, quase que a perfeição não existe.

Carros e casas, ou nós? Ligados por palavras que flutuam, olhares que não se vêm, medos que crescem e algo mais que só se sente. Tão longe ou tão perto, pode até partir a teia, lá virá de novo a dona aranha, dia após dia, fio após fio...

Estico mais um pouco e sinto vibrar. Serás tu? Outrora tão perto... Não. É outro alguém, do outro lado do mundo, do outro lado da vida. Uma frase só nas patas da aranha e um arrepio estranho na outra face do espelho. Mudo de fio sem mudar de teia, esticarei até te voltar a sentir.

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