domingo, 11 de novembro de 2007

O castelo que sobrou do tempo

Olho agora do lado de fora para o castelo erguido. Reparo que está pintado de fresco. Tem paredes azuis e girassóis a florir nas varandas. Lá no cimo tem janelas largas, varandas grandes e um enorme terraço no topo, de onde se podem ver as estrelas nas noites quentes de verão quando o sol por fim se põe e o mundo pertence menos às pessoas e mais aos animais e sonhadores de sonhos(será redundante?).

Do lado de trás da torre redonda vê-se o mar ao longe, da frente avista-se um enorme jardim de flores de algodão plantado em dias de chuva miudinha que quase não podia molhar. Tem muralhas, o castelo, pequenas, mas muralhas. Tem também escadas em caracol e poemas nas paredes. É tudo isto e muito mais a espécie de fortaleza que fomos erguendo ao ritmo das palavras e das noites e dos sons e da vida e de tudo o que o tempo nos deixou. É nosso. É o nosso castelo e nada nem ninguém o pode deitar abaixo. Tanto tempo demorei a perceber o quase óbvio. Seria impossível que com alicerces tão bem feitos se desmoronasse assim de um dia para o outro.

Lá está, cá está no meio do nada e sei, sabemos, que a cada dia pintaremos mais uma parede, abriremos mais uma janela... Sei, sabemos, que a vida não pára, mas o castelo estará sempre lá para nós.

3 comentários:

Anonymous disse...

gosto de ler castelos. gosto deste. gosto sentir o aroma a casa, gosto de pintar paredes, e hei.de abrir janelas...*

éme. disse...

Não é redundante!
;)
Castelos com que vamos cercando esta gente que somos... uhm... não sei se é bom. Mas também não tenho de saber. Hoje percebi que não vale a pena querer saber mais que o já e querer estimar mais que o que já foi.
Deixei-me de estatísticas do que há-de ser.
Deixei-me de desejos, tenho a impressão. Outra vez.
Já não é a primeira vez que descarto desejos por já nem saber que lhes fazer... um dia, regressarão.
Se calhar, isto acontece por não ter esse tal castelo onde a redundância não se dá e - onde sonhar sonhos deve ser constante - e, fazê-los maiores, a tarefa de todos os dias!

leonoreta disse...

ola casimiro
penso que percebo o que queres dizer mas nao é assim tao facil.
eu nao tenho um castelo como o teu de paredes solidas azuis e girassois. mas tambem nao posso dizer que seja de areia porque quando o desmancham e são muitas vezes que ele cai, logo depois ele está de pé. não é de pedra mas não é de areia...
beijinhos

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