Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Alberto Caeiro
10 comentários:
(...)
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem (...)
.
sempre gostei mais de Álvaro de Campos. o futuro é um resultado de parcelas ou então mais uma parcela.
esse é dos melhores poemas que anda praí *-*
Sempre que aqui venho, tenho motivos para sorrir e saio sempre com algo sobre o que pensar... Thx!
Acho que ele se esqueceu de uma coisa: quando algu�m parte, deixa sempre uma marca em algu�m... E apesar de a Primavera continuar a vir e o verde das �rvores continuar a ser o mesmo, h� coisas que mudam e nunca voltaram a ser as mesmas.
Beijo*
P.S.- Estou de volta...
Caeiro, Reis, Campos... Pessoa, enfim. Um génio!
beijinhos para ti :)
É estranho pensar que a nossa morte nada vai provocar no mundo. Provocará algo nas pessoas que nos são próximas, provavelmente, se as tivermos.
Mas a natureza vai continuar igual. Mesmo que a tenhamos destruído de forma irreversível, ou tenhamos feitos descobertas miracolosas de como a salvar, o seu ciclo irá sempre existir.
A sua beleza vai continuar e isso faz-nos feliz porque sabemos que ela não desaparece connosco.
beijinho*
Posta mais não?
Comparada à imensidão do Universo, a nossa morte é tão insignificante... Somos praticamente gotas no oceano! Mas por vezes ponho-me a pensar acerca do sentido da nossa existência. E aí penso que todos somos seres únicos e fazemos ou possuimos algo que faz a diferença enquanto vivos. Depois da morte essas mudanças terão consequências, positivas ou negativas, para as pessoas que nos eram mais próximas, para a humanidade ou até para a Natureza.
Cada ser é um pequeno Mundo e a sua morte não será indiferente...
Gostei muito do post e deste espaço . Parabéns!
Adoro Caeiro!
E o teu blog também!
I'm back*
E viva Caeiro! Se bem que para mim o maior génio é Álvaro de Campos.
Fizeste-m arrepiar, uma lágrima espreitar, momentos relembrar, esperanças realçar e vontades superar....
encontro ('finalmente') alguém verdadeiramente parecido comigo!
parabéns pelo blog,
parabéns pela escrita,
parabéns pela vida,
parabéns pela dedicação,
parabéns pelo sentimento!
e obrigada pelos sorrisos!
(",)
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