Que somos nós? Navios que passam um pelo outro na noite,
Cada um a vida das linhas das vigias iluminadas
E cada um sabendo do outro só que há vida lá dentro e mais nada.
Navios que se afastam ponteados de luz na treva,
Cada um indeciso diminuindo para cada lado do negro
Tudo mais é a noite calada e o frio que sobe do mar.
Cada um a vida das linhas das vigias iluminadas
E cada um sabendo do outro só que há vida lá dentro e mais nada.
Navios que se afastam ponteados de luz na treva,
Cada um indeciso diminuindo para cada lado do negro
Tudo mais é a noite calada e o frio que sobe do mar.
Álvaro de Campos
2 comentários:
Compreendo a inquietação e questiono-me se não será esta aparente indiferença uma defesa... Enfrentar a realidade alheia chega a ser sufocante, de tão doloroso... E a impotência associada ao facto de não saber o que se fazer... ou de terem de ser tomadas medidas definitivas...
Viver consciente de que enquanto eu tenho uma cama e vários cobertores, há quem nem um tecto tenha para dormir pode ser perturbador demais...
continua a olhar...
Lindo, lindo!
Ando a ler Pessoa agora (de um modo geral, acho que agora é "moda"), veio mesmo a calhar. E a meditar... :)
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