acabou a estrada. afinal as bermas não eram paralelas perfeitas que só aparentemente se juntavam ao fundo, no fim, aparentemente. eram uma outra coisa e a estrada acaba mesmo como se imagina. pelo menos eu. uma cascata em bico que dá para lado nenhum. dizem que é o lado do medo. talvez seja verdade mas isto são palavras já tão gastas, tão gastas, tão...
o rasto de garrafas e flores mortas ficou para trás. trás daqui, frente de outro lado qualquer. afinal é uma roda não é? é isso que nos ensinam na escola. a terra é uma roda e as bolas são rodas e os carros são rodas e o que não roda pára e as rodas para um lado e para o outro e as rodas para rodar e girar e saltar e, talvez, ser, ou não. deixar de existir.
as definições estão todas erradas. conheço pelo menos uma mão cheia de imortais que, a esta hora, já deixaram de ser carne para ser bicho e couve e, quem sabe, semente de girassol no bico do pássaro apanhado no vôo por um gato sem o olho esquerdo. há gatos sem o olho esquerdo, não é por isso que deixam de ser gatos. os pássaros que perdem as asas é outra conversa. os imortais. deixei de gostar de pombos às três da manhã de um dia de março enquanto um respirar dorido era tudo o que ouvia. e andam aí, aqui, em tudo e em todo o lado. mas não se mostram a todos, lá terão as suas razões. mas eu vi! era uma esquina e a geometria toda em cima da cabeça. era isto. e foi, depois, num outro dia, a mesma mesa e o cheiro que há em mais lugar nenhum. e o resto.
a estrada que acabou nas duas linhas feitas ponto, ponto feito fim, fim feito medo. a ultima palavra dos Lusíadas é inveja. as aranhas têm oito patas e as formigas seis. há gente em pânico para que se defina finalmente o quilograma. as pessoas são más. os cogumelos são fungos. six feet under tem um fim de lamber os dedos. um ano-luz não consigo perceber o que é.
2 comentários:
ai.
C.atarina
(e agora vou ouvir o que publicaste no post anterior.)
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