não sei do dia nem da hora. era inverno e quase noite. eramos muitos e eramos mil. dez. dez mil dizia-se na altura.
não sei também das queixas. talvez propinas e bolonha. sei que fui pela razão de sempre. a que não há.
não sei também do nome da rua, hoje é Amália. sei sim de um segundo andar, ou terceiro, e sei de uma velha muito velha e vestida de preto à janela. lembro-me de um punho fechado e de lágrimas nos olhos. lembro-me disso e de ouvir que éramos muitos e sentir que ao mesmo tempo tão poucos.
a velha dizia força como quem parte pedra com um martelo. a velha chorava e a rua era cheia. eramos muitos, mil, dez, dizia-se.
1 comentário:
Há domingos destes.
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