sábado, 19 de junho de 2010

onomatopeia

linha. linhas. palma da mão. escasseiam as palavras mas por vezes não há muito que dizer. o corpo fala. os corpos falam quando as letras não saltam dos dedos.

alfama é linda, a bica é linda. lisboa é linda. o bom das cidades é que são muito mais que isso. mais que todas as palavras e imagens juntas. a minha varanda é linda. e o sol que morre mais a sul também merece ser (re)visto. 

podia escrever da luz no branco das paredes e do chão. do reflexo azulejo e da brisa na base do pinheiro mais alto que as muralhas do castelo. a cor que não é vermelho nem encarnado nem qualquer outro tom de vinho. sangue-de-boi. sangue-de-boi, como o sangue dos bois touros caido na praça (des)feita  (também) cinema. bifanas de pato. o cheiro das bifanas de pato e a fita a rolar. era uma vez uma casa que tinha um arco e onde morava um cego...

bancos de jardim. verdes. quase todos. havia uma princesa nas mil e uma noites, não me lembro de ler acerca de unhas cravadas na pele.

[barulho-melodia-de-ferro-e-borracha-e-oscilações-metálicas]

alcântara, القنطرة, al-qantara, a ponte, é linda.

tenho uma varanda linda e o fado não tem de ser triste. gosto de tangerinas e de contar as horas pela oscilação das marés. gosto de desenhos. gosto de dias de sol e de chuva. gosto da paz dos dias que nascem devagar quando a luz entra pelo buraco aberto por entre as telhas já senhoras de muita chuva caida. e dos sorrisos que surgem nos dias que nascem devagar quando a luz entra pelo buraco aberto por entre as telhas já senhoras de muita chuva caida. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Acho que há uma história que merece ser contada, uma história linda, mais que linda :)

Anónimo disse...

bonito, aqui. a deixar entrar mais sol.

C.atarina

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