quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
eu que nasci em 1984
os Winston Smith deste país andarão cheios de trabalho. lufa lufa constante. aqui fica, até que a não apaguem: http://www.portaldealbergaria.pt/2014/01/matou-se-frente-a-autarquia-onde-dormia-ha-semanas-a-suplicar-por-um-teto/
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
será um pássaro?
há 12 anos havia um desgraçado qualquer a cagar às 9 da manhã. o desgraçado levou com um avião em cima. ah! a ironia.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
maio
se houvesse uma prateleira para guardar concertos este havia de estar lá. e depois pensar que dez, vinte, trinta maios depois ainda faz sentido haver um dia primeiro. porque ainda há sangue, manadas, vampiros e carraças. e há palcos à beira lago-rio-mar-qualquer-coisa. e há dias assim.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
éter
ó minha benévola terra
se eu te pudesse beber,
pacificar, fazer guerra,
sentar-te à mesa e escrever.
ó minha terra de arados
de tardes lentas e quentes,
e luz que mostra parados
rebanhos incandescentes.
quando passo de automóvel
esqueço-me de onde moro
porque sou meu lar imóvel.
o rádio sempre a tocar
um coração avariado
que não posso desligar.
de tardes lentas e quentes,
e luz que mostra parados
rebanhos incandescentes.
quando passo de automóvel
esqueço-me de onde moro
porque sou meu lar imóvel.
o rádio sempre a tocar
um coração avariado
que não posso desligar.
Rui Lage
domingo, 10 de junho de 2012
das anologias com mangas e máquinas de secar ou o dia que não o é do país que ainda o quer voltar a ser
Como vais tu morrer
em portugal
que te assenta de igual modo à camisola
que lavaste no programa errado;
Como vais vender os teus versos
ao preço da chuva
num país de cheias
e lágrimas fáceis;
Como vão as tuas palavras
arder no coração daqueles
que vêem as florestas
sucumbir ao fogo
todos os verões;
Como vais ficar em nada
como o gelo no whisky
no copo da mulher
que o teu marido ama;
Como vais, tu, abrir os braços
se só já tens penas
como o pobre Garção?
Ana Paula Inácio
em portugal
que te assenta de igual modo à camisola
que lavaste no programa errado;
Como vais vender os teus versos
ao preço da chuva
num país de cheias
e lágrimas fáceis;
Como vão as tuas palavras
arder no coração daqueles
que vêem as florestas
sucumbir ao fogo
todos os verões;
Como vais ficar em nada
como o gelo no whisky
no copo da mulher
que o teu marido ama;
Como vais, tu, abrir os braços
se só já tens penas
como o pobre Garção?
Ana Paula Inácio
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Fe
flor. uma cortina verde-castanha-riscas à frente do palco arredondado, antes branca. é o mundo grande-pequeno visto do pássaro de ferro com asas de ferro também.
onomatopeias agora. clac clac, vrrrrr vrrrrr, pfffff pfffff. vira um pouco e torce-se a vista. tanta volta para chegar ao mesmo sitio.
começo.
a flor-conjunto-de-átomos e os povos das (re)encarnações ou (re)florações se é que as acreditam é que devem ter razão. eis. é o ferro desta vez. ferro espada, ferro sangue, ferro cheiro, ferro cor. boi, a chave.
do alto, a cortina branca foge, abre e deixa perceber a outra, a tal verde-castanha ora riscas ora quadrados ora o bonito não padrão. há mais debaixo. terra. o mundo por baixo do mundo e lá, lá fundo, a emergir, o ferro. o mesmo do sangue nosso e das ervilhas, o mesmo da ponte feita por medida, o de que é feita a cor que o pinta, o dos barcos, o de quase tudo.
flor. é de ferro o xilofone que toca melodias flor e horas no por entre o pó de um dia de sol.
onomatopeias agora. clac clac, vrrrrr vrrrrr, pfffff pfffff. vira um pouco e torce-se a vista. tanta volta para chegar ao mesmo sitio.
começo.
a flor-conjunto-de-átomos e os povos das (re)encarnações ou (re)florações se é que as acreditam é que devem ter razão. eis. é o ferro desta vez. ferro espada, ferro sangue, ferro cheiro, ferro cor. boi, a chave.
do alto, a cortina branca foge, abre e deixa perceber a outra, a tal verde-castanha ora riscas ora quadrados ora o bonito não padrão. há mais debaixo. terra. o mundo por baixo do mundo e lá, lá fundo, a emergir, o ferro. o mesmo do sangue nosso e das ervilhas, o mesmo da ponte feita por medida, o de que é feita a cor que o pinta, o dos barcos, o de quase tudo.
flor. é de ferro o xilofone que toca melodias flor e horas no por entre o pó de um dia de sol.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Phaseolus vulgaris
Imagina-te de novo de volta à escola. O quadro preto em frente, a cruz por cima, um cristo magro e pintalgado de verde a olhar para o vazio.
Dois mais dois são quatro sem nunca se explicar ou perceber bem porquê. Números são números e estes não enganam. Tudo isto na altura em que havia um senhor de fato preto às riscas a convencer-nos que o também o algodão podia ser um número. "Não engana" dizia. Falava do algodão.
Um frasco. Protocolo (palavra nova só mais tarde aprendida já em quadro branco, não melhor que o preto). Material: àgua, armário, frasco, algodão, feijão e sol.
Depois era o feijão no frasco e o ridiculo de tudo aquilo num lugar onde depois das quatro nos rebolávamos pela terra.
Era na terra que a realidade fazia mais sentido. Um dia despontava um pouco de verde, no outro uma outra folha, regar, mais uns centimetros dia após dia. Esperar. Devagar até ao grão final.
Lição primeira: é preciso tempo;
Lição segunda: a história do João pode ser verdade numa tarde de sol;
Lição terceira: por mais que repetidos sejam os gestos nunca o resultado é o mesmo.
Três lições num feijão. Hoje em dia já não devem aprender estas coisas na escola. Muito menos terão terra para a cheirar molhada.
Fim.
Irrita-me a urgência dos tempos mais modernos que os do senhor Charlie. Vi, sem ver, alguém chorar por não ver um filme no dia da estreia.
Dois mais dois são quatro sem nunca se explicar ou perceber bem porquê. Números são números e estes não enganam. Tudo isto na altura em que havia um senhor de fato preto às riscas a convencer-nos que o também o algodão podia ser um número. "Não engana" dizia. Falava do algodão.
Um frasco. Protocolo (palavra nova só mais tarde aprendida já em quadro branco, não melhor que o preto). Material: àgua, armário, frasco, algodão, feijão e sol.
Depois era o feijão no frasco e o ridiculo de tudo aquilo num lugar onde depois das quatro nos rebolávamos pela terra.
Era na terra que a realidade fazia mais sentido. Um dia despontava um pouco de verde, no outro uma outra folha, regar, mais uns centimetros dia após dia. Esperar. Devagar até ao grão final.
Lição primeira: é preciso tempo;
Lição segunda: a história do João pode ser verdade numa tarde de sol;
Lição terceira: por mais que repetidos sejam os gestos nunca o resultado é o mesmo.
Três lições num feijão. Hoje em dia já não devem aprender estas coisas na escola. Muito menos terão terra para a cheirar molhada.
Fim.
Irrita-me a urgência dos tempos mais modernos que os do senhor Charlie. Vi, sem ver, alguém chorar por não ver um filme no dia da estreia.