terça-feira, 29 de maio de 2007

Cafezinho da noite

- Sabias que o Napoleão quando ia para as batalhas levava sempre uma camisa vermelha?
- Não! Mas para quê?
- Para se fosse ferido os outros soldados não darem conta.
- Ah. Acho que o pessoal do governo devia passar a andar de calças castanhas.

domingo, 27 de maio de 2007

Ontem era isto mesmo...

A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes

São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas

Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho

Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda

José Mário Branco, Inquietação

Inquietação

Uma estranha inquietação tomou conta de mim, um estupido cansaço. Uma espécie de sono, que não me deixa fazer nada, nem sequer fechar os olhos. Inquieto...

Pego nisto, faço um pouco daquilo, mudo novamente. As coisas que já comecei hoje sem nada ter terminado. Por agora escrevo. Mãos movidas a bolachas, palavras sem nexo, como o dia de hoje. Nem tudo tem que ter nexo, pelo menos nem sempre.

Certo dia vi uma bandeira com a palavra "PACE" assim escrita, vim mais tarde a saber o que queria dizer. Paz. Escrito em italiano. Acho que a paz em Itália deve ser bonita, pelo menos a palavra é.

Mas nem pedia tanto. O que queria agora era silêncio, mas por aqui não há, parece que acabou. Não me posso esquecer de arranjar algum para a semana. É isso! Acho que preciso de silêncio...

:)

- Queria...
- Não pode ser
- Ah... Não se faz um jeito?
- Não pode ser.
- (sorisso)
- Está bem

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Lustro

O cafézinho às oito menos dez, o andar vagaroso pelas ruas que iam dar à escola, as aulas, o muro, o sol e a chuva, as horas e os espaços. O cafézinho e o beirão ao almoço, os pneus furados como pretexto, a esplanada, os finos às seis, o acordar às sete.

As cinco, ou às vezes seis, putas à procura de uma espécie de pote de ouro no fim do arco iris num dia de sol. Dias e dias, mais algumas noites. Fomos também nós grandes nesse tempo. Dantes. Um lustro, isso mesmo, cinco anos.

"Mas tudo isso passou
Foi o tempo que nos matou"

Mal

Mal de tudo e mais alguma coisa, desde as pedras da calçada ao barulho. Dizer mal é o que quero, mas não digo.

Post Recursivo

Lá voltaste a puxar para ti o lençol
Como que a privar meus sonhos do último raio de sol
Amigos são sobras do tempo
Que enrolam seu tempo á espera de ver
O que não existe acontecer

Mas teimas em riscar o fim do meu chão
Nunca medes a distância
Dos passos á razão
Meus votos são claros na forma
Desejo-te o mesmo que guardo p'ra mim
E o que não existe não tem fim

É só dizer e volto a mergulhar
Voltar a ler não é morrer é procurar
Não vai doer mais do que andar assim a fugir
Deixa-te entrar para tentar ou destruir

Mas quem te ouviu falar
Pensou tudo vai bem
Só que alguém vestiu a pele
Que nunca serve a ninguém
E a dúvida está do meu lado
Mas eu não consigo olhá-la e achar
Ser esse o lado em que ela deve estar

Erguemos um grande castelo
Mas não nos lembramos bem para quê
E é essa a verdade que se vê

É só dizer e volto a mergulhar
Voltar a ler não é morrer é procurar
Não vai doer mais do que andar assim a fugir
Deixa-te entrar para tentar ou destruir
Mas sem fingir
Sem fingir
Sem desistir

Clã, Amigos de quem

terça-feira, 22 de maio de 2007

Arames

Quais marionetas presas por arames, nós, as pessoas, podemos ter tão pouco controlo daquilo que nos vai acontecendo. O virar à esquerda numa qualquer ruela pode mudar a nossa vida para sempre. Inconscientes, vamos andando até ver o que nos aconteceu. E o que foi? Sim o que foi que mudou assim tanto para sermos tão iguais quanto pensávamos ser diferentes?

Deve ter sido algum fio que partiu. Que seja.

Palavras

Palavras, palavras, palavras a voar de manhã à noite. Palavras que se conjugam e separam ao ritmo de uma qualquer estupida canção. Palavras que me saem da boca sem querer, outras que por mais que queira que saiam teimam em ficar presas.

Caixas, pastas, folhas cheias de palavras que nunca chegaram (chegarão?) a ver a luz do dia desde o dia em que foram escritas. Palavras, só palavras. Algumas sem sentido, outras com tanto quanto o mundo pode ter. Estou preso entre milhares de sílabas quando na verdade devia estar a tentar sair de uma encruzilhada de zeros e uns.

Talvez derive daí tanta incompreensão, um gajo que gosta de palavras a coabitar com gente que vive num mundo de (dois) números. Tanta estranheza, nas caras de quem tenta sempre relativizar as emoções. Soubessem eles que as palavras podem ser mais do que letras juntas, soubessem eles...

segunda-feira, 21 de maio de 2007