domingo, 24 de janeiro de 2010

O frio especial das manhãs de viagem,
A angústia da partida, carnal no arrepanhar
Que vai do coração à pele,
Que chora virtualmente embora alegre.
 
Álvaro de Campos

sábado, 23 de janeiro de 2010

apodis

e foi, um dia, mais que um até.

porque as pessoas são esquecidas.

afinal as estrelas estão sempre sempre lá em cima. mas não as vemos com o ofuscar do sol.

e era isto e coisas simples demais para que alguma mente as pudesse complicar que se deviam ouvir pelos altifalantes que nos cercam todos os dias. mas as pessoas são esquecidas. é esse o problema.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

...

lei
s. f.

Preceito ou regra estabelecida por direito.
Norma, obrigação.
Religião.
Relação constante entre fenómenos da Natureza, ou entre as fases de um mesmo fenómeno.
Quantidade de metal precioso que deve entrar em cada quilograma de metal preparado ou cunhado.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

...

fora-da-lei
adj. 2 gén. 2 núm. s. 2 gén. 2 núm.

Que ou quem vive à margem das leis criadas pela sociedade. = CRIMINOSO, MARGINAL

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

da normalidade

conheço alguém que rapa o cabelo e tem um taco de basebol e o Mein Kampf no quarto.

31 anos depois II

"Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia: «não é nada comigo, não é nada comigo», né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada: precisas de paz de consciência. Não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém, e atiras as culpas para os da frente..."

José Mário Branco, FMI

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

de facto

o mundo tem uns conceitos de normalidade algo estranhos

31 anos depois I

"Entretém-te, filho! E vai para a cama descansado, que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada! Milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos, com computadores, redes de polícia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá!"

José Mário Branco, FMI

domingo, 10 de janeiro de 2010

das voltas

"Mundo puro e circular: quatro senhoras inventaram a diplomacia rotativa do bolo. Uma fez um toucinho-do-céu e deu-o a outra para agradecer um favor, esta passou o bolo a uma terceira por causa de uma festa,  a terceira não o serviu na festa e, como devia um bolo a uma colega, deu-lho mas fazendo de conta que a obra era sua, e a colega finalmente, lembrou-se de fazer simpatia a outra amiga, um toucinho-do-céu a pensar no futuro. E a verdade é que a merda do bolo deu a volta a quatro frigoríficos em quatro dias, de travessa em travessa a secar a capa de açúcar, escurecendo a baba do ovo, perdendo o odor da amêndoa para, finalmente, reentrar em casa da mesma senhora que o tinha cozinhado e que, sendo diabética, não o podia comer, embora comesse, as nossas diabéticas comem doces até cegarem ou perderem as extremidades por amputação.
   - Espero que goste, dona Natalina, tenho um fraco no ponto-rebuçado.
   - Olhe, leve já o naperon, por acaso não é meu. É a única coisa aliás.
Universo que expande e encolhe, nódoa de chávena numa mesa de café."

Rui Cardoso Martins, E se eu gostasse muito de morrer

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010