segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Morte

A semana passada não tive muita vontade de escrever, e escrever contrariado não é coisa que me dê muito prazer.

Mas oito dias já passaram desde que alguém que conhecia e estava habituado a ver todos os dias, pelo menos em tempo de aulas, decidiu pôr termo à vida. Vulgo suícidio. Os porquês ainda estão no ar e certezas dificilmente alguém irá ter sobre os motivos que o fizeram pegar numa arma, ir para um descampado e PUM!! Isto poucos minutos após ter deixado um grupo de amigos com quem tinha estado em amena cavaqueira.

Terça-feira lá fui eu rever o pessoal do meu curso, embora por motivos não muito agradáveis... Desde que estudo em Coimbra este foi o segundo funeral de colegas de curso a que fui. E posso dizer que é das coisas mais deprimentes a que podemos assistir. Mas o que me arrepia mais são as capas, normalmente associadas a festas e bons momentos, estendidas no chão para passar a urna.

Hà tempos, por altura da queima, num dia em que fiz uma viagem, impensável uma semana antes não pela distância mas sim pelo motivo, o tema de conversa no regresso foi a morte. Nunca tinha falado tão abertamente sobre isso até então, pelo menos tão a sério. Não sei o que me espera, mas a curiosidade por vezes consegue matar o gato, será que pode matar também pessoas?

Será a morte uma passagem, um escape, um apagar? Numa altura em que o nosso conhecimento, quase permite decifrar o nosso corpo, molécula a molécula fará sentido falar em alma (ideia vinda directamente de um episódio dos Simpsons que vi ontem), ou simplesmente temos de olhar para nós como matéria?

Será o suicidio um acto de coragem ou de cobardia? Li um livro há tempos que me fez ver de perto o drama, principalmente de quem fica e precisa de apoio. Mas esses mais tarde ou mais cedo serão apoiados.

Apoio. Parece-me a palavra-chave.

"Imagina o céu, negro de brilho
Desperta terror ver o desconhecido
Desconfia dele mas faz a viagem
Se não tens abrigo que tenhas coragem"

Xutos & Pontapés "Se não tens abrigo"

8 comentários:

leonor costa disse...

Ou um acto de loucura... nnca se sabe...

Não penses em coisas tristes. Pensa só que és jovem e VIVE!

Beijinhos

Leonor

Rita disse...

nem isso. [em resposta ao teu comentário..]

Rita disse...

são sempre situações tristes, essas.

também não sei bem como vê-las.. se como actos de coragem ou de cobardia. penso que é um pouco das duas. embora tenha de existir uma boa dose de coragem, a meu ver. e, por isso, me incline mais para a segunda opção..

esperemos que durante o tempo que resta, até acabares o teu curso [e até depois disso], incidentes tristes destes não se repitam..

paz*

kikas disse...

Estes episódios fazem-nos repensar muita coisa e são sempre muito deprimentes ... as razões pelas quais o fez só ele saberá, mas para mim é um acto cobarde (no seu geral) mas também de coragem (pelos métodos utilizados para o fazer)
Beijocas grandes
kikas

babygirl disse...

Não sei o que dizer...
Não consigo imaginar o que isso pode ser...
Graças a Deus, nunca tive que passar nem por algo parecido quando mais igual...
Espero que estejas bem dentro do possível e desejo-te muita coragem para ultrapassares este momento difícil...
Bjs***

Taina disse...

Não axo que seja cobardia ou coragem... é desespero!
Vi uma vez num telejornal que a maioria dos jovens quando atinge os 18 anos já pensou em suicidio... mas para passar do pensar ao fazer há uma grande qtdade de dor.

Sei o que queres dizer com a morte de colegas. Este ano morreu inesperadamente uma colega da nossa faculdade que eu conhecia. Embora não tenha podido ir ao funeral, foi feita na faculdade uma homenagem com os pais, colegas, amigos e professores. E saí de lá de coração partido...era tão mais que eu... Era mais nova que eu, tão repentinamente...dá sempre q pensar...

Gostava de acreditar que temos uma alma e que haverá algo mais... nem que seja partilhar a vida dos que deixamos.

Como deves saber até "gosto" de abordar este tema, e é algo que me interessa. Acho que esse interesse nasceu com um livro do paulo coelho "Veronika decide morrer"

Isto já vai longo. Jinho

Heavenlight disse...

Bem, em primeiro lugar, gostaria de te dizer que aquilo que mais importa não são os motivos, mas sim o recordar dessa pessoa como ela era, com as suas qualidades e defeitos, para não se perpetuar a memória do acto do suicídio em si.
Relativamente ao próprio suicídio, já me passou pela cabeça várias vezes. Por um lado, nunca o fiz por não ter coragem suficiente. Tentei, sim, mas faltava a coragem para ser definitivo e eficaz. Depois, quando o tempo passou, apercebi-me de que se o tivesse feito estaria a ser muito cobarde, pois iria fazer sofrer as pessoas que amo e que me amam e iria dar a vitória à razão de ser dos meus problemas por não ter garra pra ficar e tentar enfrentá-los de cabeça erguida. Acima de tudo, penso que se trata de um acto de desespero total, de desprezo em relação a si próprio, da morte de esperança.
É claro que as pessoas que pensam em suicídio precisam de alguém amigo que as apoie e lhes mostre como são especiais. Todos precisamos de vez em quando, não é?
Não sei o que será a morte, não sei de que forma morrerei, mas sei que apesar dos problemas quero aprender a saber viver. Tive um amigo que morreu. A culpa não foi dele. Mas ele deixou um vazio enorme que nunca será preenchido, por mais tempo que passe, e isso dói, tal como provavelmente te dói a ti a ausência desse amigo. Mas as recordações, essas, são eternas. Não o quero ver como morto no caixão, a descer à terra, mas sim de sorriso nos lábios, a tocar a viola ou a passear de mota pela vila. E sei que assim ele continuará.
Força. Um beijinho grande para ti*

Leonor disse...

aliás andamos todos com pouca vontade de escrever. eu, por exemplo, ando mesmo muito mal, cai na rotina das ferias.ainda bem que estao a acabar.
abraço da leonor

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