sábado, 13 de outubro de 2007

Pedras

Pego no tempo, meto-o na palma da mão e olho bem para ele. Espero, espero a ver se foge. Espero, mas não foge, nem corre, nem tão pouco dá sinal de lá estar. Atiro-o ao ar a ver se desperta. Abano-o, amasso-o. Não se mexe. Não reage. Terá morrido? O tempo morto na minha mão e as pedras ali à frente da espécie de praça que é mais um largo por ser algo pequeno demais mas que eu teimo em chamar praça.

E depois os passos de sempre mais o caminho do costume como que a matar a rotina dos dias vulgares nos dias estranhos em que posso olhar para a palma da mão e apreciar as feições do morto por entre palavras e mundos daqui e de outro qualquer lado.

Há pedras no chão, há pedras à beira-mar, há muitas perdas e pedras para encontrar.

7 comentários:

Ervilha Maravilha disse...

Preferes um tempo que voa ou um tempo que morre parado?

guardanapo branco disse...

as palavras desenham o lugar onde jaz o teu tempo e aceleram a dor que será mais uma pedra perdida. a seu tempo.

marisa disse...

Detesto pensar no tempo como algo morto nas minhas mãos, mas assusta-me quando não o consigo alcançar, quando ele me precede ou me ultrapassa. Para não variar, é preciso o equilibrio: não o deixar morrer, mas também não permitir que fuja das nossas mãos! Como consegui-lo é que é complicado...

babygirl disse...

E mais para ultrapassar....

Queui disse...

O tempo faz de tudo o que quiser connosco não somos que fazemos com ele tudo que queremos... porque não pára...

BeijinhO Raquel

éme. disse...

Tempo e pedras...
Pedras atiradas ao tempo, por que não?!
O Tempo como uma pedra que nos cai em cima sem aviso, às vezes...
o Tempo e as Pedras...
Há muito de cada para (re)descobrir, digo eu... quando tudo me parece por fazer!

Alguém pergunta aqui um bocadinho a cima, nos comentários, se preferes um tempo que voa ou um tempo que morra parado... pois é engraçada, a pergunta! :) fez-me pensar, claro! primeiro achei que, sem dúvida, um tempo que voa... mas depois parei para aqpreciar o tempo a parar, a ficar solto de vida, a morrer lentinhamente na mão... não sei. Não sei se não gostaria de fruir um bocadinho deste tal, quieto sossegado parado a morrer na mão...
E então? escolhes algum? ou o Tempo como uma pedra caiu a impedir a escolha?

Angel disse...

Já dizia o Gandalf... "All we have to decide is what to do with the time that is given us." ou qualquer coisa assim. Não há o tempo a fugir, nem o tempo morto, mas sim o tempo que nos é dado, e como o utilizamos. Pelo menos eu gosto de pensar assim :)
Fantástico blog! Fui "saltando de blog em blog" e tropecei neste e tive de deixar um comentário... :) fiz bem?

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