domingo, 4 de novembro de 2007

Fugir

Quero fugir. Quero fugir sabes?

Pegava ainda hoje no pouco que tenho e ia embora para um qualquer lado desde que fosse longe. Não sei para onde, se calhar nem queria mesmo saber para não correr o risco que me fossem buscar. Precisava de voltar a ver o sol morrer à tarde sem casas a frente, precisava de não ter de acordar e fazê-lo só porque sim, precisava de desligar. Sem rumo, sem lugar, sem destino.

Ando cansado, cansado dos vazios que vejo e sinto nos olhos que todos os dias me aparecem a frente. Tão frios, todos tão frios, tão distantes. Lá aparece de vez em quando um outro mais brilhante qual excepção que confirma a regra, mas nada mais que isso. Olhos tristes em corpos que se arrastam... Tanto cinzento, tanto, tanto.

E é por isso que me vou deixando ficar perto do arco-iris, quando o vejo, quando o sinto, porque fujo sem mexer os pés e descanso nesse gomo laranja que poucos conseguem ver, é por isso que o vou procurando. Pela paz que se forma entre dois sorrisos mesmo que por breves segundos, por vezes algumas horas. Ainda quero fugir sabes? Para algures onde haja azul e gritos de gaivotas pela manhã...

2 comentários:

Sónia disse...

Incrivel cm consigo me rever tão bem neste texto... acho q mts devemos queremos fugir todos os dias para um sítio, onde o mundo parecesse parar de vez em qnd...

éme. disse...

Há uns anos, uma amiga que é pintora e, talvez por isso, tem uma visão muito "gráfica" das coisas, das pessoas... da vida, disse-me: repara, para onde quer que olhes, daqui da beira rio dentro da cidade, Coimbra não tem horizonte!
Pois eu fiz o que ela dizia... olhei em redor e, de facto, Coimbra, ali de baixo, parece apertar-se sobre si mesma, a nós sobre nós mesmos, sufocando asas, rebolando sonhos em forma de novelos sem ponta de socorro...
:) gosto desta terra. Demasiado, talvez. Mas a impressão de sentir necessidade de fugir deve acontecer sempre que o horizonte (por alguma razão) nos é cortado sem aviso.
Foge um pouco.
Volta maior!
;)

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