sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Trama

O vento levanta a areia que teima em bater no corpo, o sol teima em não queimar, o mar pensa em estar revoltado. Todos se uniram naquele dia.

Saio e ando. Vagueio pelas ruelas sem pressa como que a enganar o tempo. Tantos anos passaram, tantos anos passei, e agora ao fim de tanto tempo entro de novo no pequeno covil recheado de pescadores com pele de sal.

O mesmo velho ao balcão, o mesmo cão à porta. O petisco manhoso e a cozinheira gorda. Não há saudade nem nostalgia, é outra coisa que não sei bem explicar. Tudo igual por ali e eu tão diferente. Procuro pelas mesas o pequeno puto que ao que parece já não existe. Penso em sair, triste por não o encontrar. Abre-se a porta, mexe-se o roto saco que a segura, sorrio, olho sem ver e vejo um outro sorriso, era o puto. Afinal sempre ali tinha estado.

1 comentário:

babygirl disse...

Há coisas que mudam mas que não desaparecem... às vezes só é preciso procurar mais um bocadinho ou com alguma força a mais!
Bjs***

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