domingo, 31 de dezembro de 2006

Que tenham um bom 2007

"Parto rumo à maravilha
Rumo à dor que houver para vir
Se encontrar uma ilha
Paro para sentir

E dar sentido à viagem
Faz sentir que sou capaz
Se o meu peito diz coragem
Volto a partir em paz"

Aqui vou eu, ouvir os foguetes...

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

2006

Tanta coisa que havia para falar deste ano que ainda há-de durar mais uns dias... Tantas coisas que já não me devo lembrar de muitas. Acima de tudo irão ficar algumas palavras, muitas imagens -tenho pena, muita pena, se um dia tiver uma daquelas doenças manhosas que vão apagando a memória- e sonhos -uns realizados, outros nem por isso- deste ano que passou.

Enquanto olho para o vazio lembro-me de dois dias de Maio, seguidos, por acaso. Dois dias que mudam a maneira de olhar para as pessoas que estão à volta, muitas com sorrisos fingidos que desaparecem mal a noite cai ou o dia nasce. Ninguém disse que a vida era um mar de rosas, pois não?

E a festa, ou melhor, as festas... Marcaram, mudaram mais umas coisas, há definições que foram revistas na minha mente -respeito, solidariedade, consumismo, apatia...-. Também apareceram pessoas novas, reapareceram pessoas “velhas” e vi ser realizado um sonho que vi nascer, embora não na minha cabeça. Boa Sorte! 2007 que venha, estou à espera...

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

E se...

E se um dia, no fim de jantar, quando estivessem a beber o café da praxe faltasse a luz?
E se depois, ao chegar a casa não houvesse nada para fazer?
E se o rádio, que trabalha a pilhas, não tivesse pilhas?
E se a pouca luz das velas não desse para ler?
E se não houvesse sono para dormir?
E se de repente surgisse a ideia de tirar as pilhas do comando da televisão para por no rádio?
E se ao ligar o rádio ouvissem algo como eu ouvi?

Kumpania Algazarra

Kumpania Algazarra

Ó cidade de ilusão
que te vestes de cimento e alcatrão
não me encontro nem a ti
nos muros que fazem de ti prisão
Vamos fazer uma festa e dançar
a alegria de podermos cantar
sem barreiras na maneira de pensar
que as palavras são pontes a atravessar
Ó caminhosem destinos
ó tu sabes o que podemos esperar
nossa aposta em criar
novas formas de nos aproximar

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Os inteligentes dizem muita coisa...



Isto sim, foi uma prenda de Natal. Interessa lá que tenha sido oferecida no fim do Verão...

"A Naifa", Festa do Avante, 2 de Setembro de 2006.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Post sobre o Natal

Não gosto do Natal.
Acho que não é preciso um pretexto para andar alegre.
As prendas deveriam ser dadas quando nos apetecesse dar prendas e não porque no Natal se dão prendas.
A "solidariedade" natalícia faz-me confusão.
Salvam-se as luzes...

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

#5

Hoje acordaste de uma forma diferente dos outros dias
Sentes-te estranho
Tens as mãos húmidas e frias
Tentas lembrar-te de algum pesadelo
Mas o esforço é em vão
Parece-te ouvir passos dentro de casa
Mas não sabes de quem são Deixas o quarto
E vais à sala espreitar atrás do sofá
Mas aí tu já suspeitas que os fantasmas não estão lá
Vais à janela e ao olhares para fora
Sentes que perdeste o teu centro
E de repente descobres
Que chegou a hora de olhares para dentro
Porque há qualquer coisa que não bate certo
Qualquer coisa que deixaste para trás em aberto
Qualquer coisa que te impede de te veres ao espelho nu
E não podes deixar de sentir que o culpado és tu
Vês o teu nome escrito num envelope
Que rasgas nervosamente
Tu já tinhas lido essa carta antecipadamente
E os teus olhos ignoram as letras
E fixam as entrelinhas
E exclamas: "Mas afinal... estas palavras são minhas!"
O caminho para trás está vedado
E tens um muro à tua frente
E quando olhas prós lados vês a mobília indiferente
E abandonas essa casa
Onde sentiste o chão a fugir
Arquitectas outra morada,
Mas sabes que estás a mentir
Porque há qualquer coisa que não bate certo
Qualquer coisa que deixaste para trás em aberto
Qualquer coisa que te impede de te veres ao espelho nu
E não podes deixar de sentir que o culpado és tu

E não podes deixar de sentir que o culpado és tu

Jorge Palma, Balada de um estranho

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Insólito

Algo surreal aconteceu ontem à tarde, em Coimbra.

Num autocarro a abarrotar haviam 3 lugares vagos na parte de trás, como sempre as pessoas em vez de se enconstarem à janela preferem sentar-se do lado do corredor, vá lá saber-se porquê...

O que eu vi foi um rapaz pedir a uma senhora, que estava sentada num desses lugares, para se sentar. E qual foi a reacção? A senhora levantou-se, pensei eu que para deixar o rapaz passar, e não se voltou a sentar. E não, não saiu na paragem seguinte mas sim na última. Moral da história, a tal personagem preferiu ir de pé meia hora em vez de sentar ao lado do tal rapaz. O tal rapaz era preto.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

2011

um dos filmes de que mais gostei até hoje foi "a vida é bela". o cenário poderia ter sido outro qualquer, porque a lição que fica é que mesmo estando na merda, se podem ver as coisas de uma maneira positiva.

lembrei-me do filme hoje de manhã quando ouvi que o nosso grande governo anunciou, que depois de árduas negociações, foi possível garantir que o salário minimo em 2011 será de 500 euros. por essa altura o mais baixo da europa... e vida é bela não é? fico à espera que nos libertem...

domingo, 3 de dezembro de 2006

foi só mais um dia mau...

muito mau...

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Egoismo

«A ultima carta escrita por Maria do Rosário Pinto não podia ser mais cruel. O destinatário era o marido, de quem se tinha separado há semanas: "Vou matar-me e tu vais ficar sem as duas coisas que mais amas no mundo." Às duas da manhã de terça feira, Maria cumpriu a sua terrível promessa. Arrancou os filhos da cama (Cristina de dez anos, e António de sete) e meteu-os dentro do carro, ainda de pijama. Dirijiu-se à margem do rio Tâmega, perto de Marco de Canavezes e acelerou para dentro de àgua. Morreram os três afogados, perante o olhar atónito de um casal de namorados que assistiu à tragédia, depois de ter ouvido os gritos aflitos das crianças. O marido, Francisco Cardoso, terá tentado suicidar-se quando soube da tragédia.

Conta-se que o casal estava prestes a divorciar-se depois de anos de uma relação feliz»

na "Focus" de hoje;

Li isto esta tarde enquanto esperava por um autocarro. Ao mesmo tempo um homem pescava no Mondego, que por esta altura tem uma corrente que nem aos olhos dá descanso, indiferente a tudo. Enquanto a àgua corre, o mundo vai ficando louco...

domingo, 26 de novembro de 2006

Pressas

O homem do jornal, sabe o que quero comprar, dependendo do dia, tal como a senhora do café sabe como há-de tirar o meu, curto e sem açúcar. Depois há a funcionária da escola e o bom dia que quase ninguém diz, mais os vizinhos e o motorista do autocarro. Eu gosto de ter as coisas assim, não quero um café dado por uma máquina nem um jornal comprado num hipermercado, mas o que acho é que tudo está a acabar. A pressa está a matar o tempo de trocar sorrisos...

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Metáfora

E se um dia ao pensar em calor, o sol aparecesse de repente?

Já o Sérgio dizia que a vida é feita de pequenos nadas...

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Vidas

Temos que aproveitar tudo aquilo que temos, seja muito ou pouco. O que importa é aproveitar. Conheci ontem duas pessoas que fazem disto um modo de vida. Espremer, espremer tudo da vida até à ultima gota. Trabalhar por gosto e gozar por prazer. É bom conhecer gente assim, que mesmo a envelhecer não se esquecem do que é realmente importante. Valeu a pena a (curta) viagem.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Assobios

Esta quarta feira fui ver a selecção e algures a meio do jogo dei por mim a a pensar se seriamos nós o povo do assobio.

Quem mais é irresponsável ao ponto de assobiar para o ar quando erra e ao mesmo tempo intolerante para assobiar todos os que por vezes falham? Curioso não?

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Escolhas

Fala-se agora muito por ai do aborto e do bem e mal que pode trazer ao mundo.

É das tais coisas que não entendo como pode causar tanta polémica. Mas com que direito posso eu mandar noutra pessoa?

E de tudo isto nasceu a minha analogia com os aparelhos dos dentes, desses que agora andam pelas bocas do mundo, com as mais variadas cores e feitios. Há uns aninhos atrás quando tinhamos um dente torto ou algo do género, desde que não causasse dores e não fizesse de nós um autentico monstro a solução era não fazer nada de especial. Hoje em dia por tudo e por nada lá vai toda a gente ao dentista para escolher qual a cor que fica melhor.

E que conta a minha opinião para isso? Nada. Quero lá saber quantas pessoas andam a pôr aparelhos sem necessidade. Problema deles. Eu não pus porque achei que não devia.

Querem abortar? Abortem! Não tenho nada a ver com isso... Nalgumas situações sou a favor, noutras sou contra, mas a opinião é minha. Acima de tudo acho que deve haver igualdade e liberdade de escolha, uma vez que Espanha está muito perto mas só acessível a alguns. Será que no nosso rectângulo à beira mar plantado ainda não aprendemos a respeitar as atitudes de cada um?

Sem nada, mas com tudo a ver...

domingo, 5 de novembro de 2006

#4

"não vejo um homem para trás
não vejo medo para trás
não vejo portas para trás

meu mal é ver que eu vou bem

todo o mal e todo o bem
cedo voltará a nós
inocente e trágica lição
se uma vida não chegar
hei-de ter cem vidas mais
quantas mais ditar o coração"

Ornatos Violeta, Tanque

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Carrinho Ilegal

A (minha) tradição diz que para o cortejo se rouba um carro do Continente, que depois de bem atestado de gelo e bebidas serve para refrescar muitas gargantas Coimbra abaixo.

O que eu nunca tinha visto era os seguranças lá da tasca a correr atrás dos carros supostamente roubados. É que eu paguei o meu. Afinal não custam cinquenta cêntimos?

sábado, 28 de outubro de 2006

Pluto @latada

Nestes concertos de grupos que não vendem discos aos milhões num sitio onde cabem milhares de pessoas é curioso ver quem anda pela frente do palco. Parece uma espécie de familia onde ninguém conhece ninguém mas todos partilham algo em comum.

Foi um bom concerto, mas curto. O recinto este ano também mudou do pavilhão onde cabiam pouco mais de duas mil pessoas (dizem eles), onde chovia e que ao fim de todas as noites parecia uma sauna para uma moderna tenda onde não é preciso ganhar espaço à lei do cotovelo, onde não chove e até circula ar. Preferia o pavilhão, tinha mistica...

E para já ainda não há história.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Mais um Começo...

Até hoje, para mim, cada latada teve uma história e é por elas que ainda vou conseguindo distinguir os anos.

Começa amanha aquela que será a minha quinta latada, embora ache que não será a última vou por lá andar a pensar que sim.

O meu programa vai ser algo como ir à serenata, ver os Pluto, os Xutos o Leonel Nunes e pela segunda vez em duas semanas o Tio Quim. A ver se há história para contar depois...

sábado, 14 de outubro de 2006

Fim?

Sempre presentes. A meio da tarde num carro vagabundo, ao inicio da noite numa casa velha, mais tarde à hora de jantar e de madrugada nas mãos do Alvim.

Num tempo em que tudo tende a ser efémero sabe sempre bem saber que há quem não esquece, quem gosta, quem tem gosto a ouvir. E há sempre duas maneiras de ver as coisas. Como uma vez li, ou ouvi alguém dzer, qualquer coisa como "Até a rua mais sombria pode ser a mais bela do mundo, tudo depende da disposição de quem a olha"...

O som ficou, as palavras também. Ornatos Violeta, sempre presentes.

Filho de outra guerra no trilho de outra paz...

Eu sei, eu quis demais
E o sonho nada traz
Sonhar seduz a paz

Eu sei eu vi em meu crescer
Que eu vou sempre dar a mim
Imploro a luz e sigo sempre a sombra
Imploro a morte e volto a luz

Alguém pensou em mim a boca da varanda
Eu não senti que houvesse alguma razão para amar
Imploro a queda como quem não quer saber

É tempo de nascer devagar
Não quero ver o fim chegar sem eu nascer
Devagar eu não quero ver o fim sem eu nascer

Quando eu sonho eu levo a minha força até ao fim
E quando o sonho acaba cego eu olho fundo para mim
Não vejo nada alem da tão real ausencia de outra luz
E só por ela volto a minha cruz, a minha cruz

Eu vi meu pai nascer na mesma cama de outros homens
E hoje eu sei, eu aprendi
Já nada importa agora a luz que eu trago de onde vim
Se há luz la fora eu quero que haja luz em mim

É tempo de nascer devagar nao quero ver o fim chegar sem eu nascer
Devagar eu não quero ver o fim sem eu nascer

Vem ver quem vi nascer
É filho de outra guerra
No trilho de outra paz

Alguém entrou em mim
Entrego a minha espada
Eu não senti que houvesse alguma razao para amar

Imploro a queda como quem não quer saber
É tempo de nascer devagar
Não quero ver o fim chegar sem eu nascer
Devagar
Eu não quero ver o fim sem eu nascer

Nascer devagar

Ornatos Violeta, Nascer Devagar

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Aquecimento

O aquecimento para a latada começa amanhã. Recepcção ao caloiro do politécnico.

Quim Barreiros e Fernando Alvim. Adivinha-se uma bela noite...

domingo, 8 de outubro de 2006

Pedras

A cidade está cheia, de vida, de pedaços de vidas espalhados por todo o lado. Em cada ruela, para além das personagens míticas, há histórias à espera de serem contadas. A cidade começa também a ficar cheia de gente nova. Os futuros fazedores de história já enchem as ruas...

Há uns dias atrás foi dia de ir ao baú buscar as melhores, aquelas que ficam na memória para sempre. Curioso é ver que quase todas tiveram lugar numa qualquer noite mal planeada, passada num canto qualquer, onde a história, aquela, fica escrita para ser lida quando já não houver memória para a contar.

Não é difícil passar em certas ruas e ouvir as pedras a falar. Só assim é possível saber o que lá se passou há muitos anos atrás. As pedras falam para todos os que as quiserem ouvir. E ainda há muita história para contar.

domingo, 1 de outubro de 2006

#3

Um erro. Um simples erro e a vida nunca mais é a mesma. Um acto de egoismo puro que poderia ter morto alguém. Não esqueço, não porque não queira mas simplesmente porque não consigo.

E o que li, mesmo não tendo sido escrito para mim, só faz aumentar a culpa. Mas culpa de quê? Precisava de desligar por uns tempos, queria ter um botão off que me deixasse a hibernar por dentro, pois por fora liguei o piloto automatico. Quase tudo me passa ao lado, as palavras, as pessoas, tudo se transforma num imenso ruído, ondas sonoras sem qualquer sentido.

Sinto que ajudei a roubar um sorriso e só irei ter descanso quando o encontrar...

#2

Roubam-me Deus
Outros o diabo
Quem cantarei?

Roubam-me a Pátria
e a humanidade
outros ma roubam
Quem cantarei?

Sempre há quem roube
Quem eu deseje
E de mim mesmo
Todos me roubam
Quem cantarei?

Roubam-me Deus
Outros o diabo
Quem cantarei?

Roubam-me a Pátria
e a humanidade
outros ma roubam
Quem cantarei?

Roubam-me a voz
quando me calo
ou o silêncio
mesmo se falo

Aqui d'El Rei.
Aqui d'El Rei.


José Afonso, Epigrafe para a arte de furtar

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Mapa

há um sitio mágico escondido algures no tempo, uma espécie de buraco onde o tempo pára e onde tudo ganha uma dimensão diferente.

passo tantas vezes por lá, mas apesar de tudo ainda não consegui fazer um mapa para lá chegar quando quiser.

resta-me vaguear até voltar a encontrar o espaço no meio das horas. podia ser amanhã...

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Lustro

Cinco anos passaram desde que as torres cairam. Muito se fala, pouco se diz. Terrorismo? Sim, de certeza. Resta saber quem são e onde estão os tais terroristas. Eu desconfio de alguém parecido com um macaco, não só fisicamente, mas também a nível mental.

Já agora, acheio bonito o gesto de terem sido lembrados os nomes de todos aqueles que sem terem tido qualquer tipo de culpa, foram apanhados pela queda. Poderiam aproveitar a bondade e fazer o mesmo em relação aos iraquianos e afegãos também apanhados numa guerra que não era a sua.

Também é curioso ver como é que dois livros servem de pretexto para este tipo de crueldade... Uma coisa é certa. não vou esquecer aquele dia tão depressa.

domingo, 10 de setembro de 2006

Há uma semana na minha cabeça...

Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.

Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.

E diz o inteligente
que acabaram as canções.

José Carlos Ary dos Santos, Tourada

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

"Avante!"

Rumei até à Atalaia para ver como era a festa. Quando há dois meses me lembrei de ir diziam “Aquilo é uma festa de comunistas para comunistas…”. Não liguei e fui lá na mesma. Eu que ando sempre a falar naqueles que se arrastam e fazem as coisas por fazer encontrei ali uma mundo diferente. Centenas de pessoas a trabalhar por uma festa, uma causa, sem receber nada mais do que umas palavras de apreço, sim porque a maioria comprou na mesma a entrada não por obrigação mas sim por solidariedade. Musica, muita música durante os três dias. E um grupo que recomendo a todos, “A Naifa”, um bom projecto com bons músicos e uma bela voz, com alma. Foi deles que saiu para mim o melhor momento da festa. Perante um auditório a abarrotar de gente, apesar do calor sufocante, com a Maria a fazer força para não chorar sempre que acabava de cantar uma canção tal era a força dos aplausos. Fim do concerto, encore com “A Tourada”. Um momento para recordar durante muitos anos. Porque para lá de todos os concertos é disto que é feita a festa. Emoções. A emoção expressa em saltos e danças quando tocava a Tal musica... A emoção de ver o Tim, a fazer uma perninha a solo antes do concerto dos Xutos, não ter mais nada que cantar e começar a “Por quem não esqueci” gritada a plenos pulmões por todos os que por lá estavam. E o Sérgio. O regresso num auditório pequeno para todos aqueles que lá queriam estar. A primeira música, “O primeiro gomo da tangerina”, um discurso engraçado antes de cantar a canção que eu e muitos como eu ansiavam ouvir há muitos anos atrás quando os “Amigos do Gaspar” nos ensinavam a crescer. E muitas, muitas mais cantadas a plenos pulmões por muita, mas muita gente. No palco principal os Xutos fizeram-se ouvir de uma maneira diferente, tal como a mãe de quem acabou com a festa, “Boss AC”, a cantar a “Saudade” de Cesária Évora, mais todos os outros que por lá passaram ao longo de três dias. Nenhum daqueles concertos foi como todos os outros que já vi. Há toda uma envolvente que transforma as coisas… Mas não só de música é feita a festa. Há tanta e tanta coisa. Livros, muitos livros juntos numa grande feira, mais música, mais uma feira, do disco, muito bem composta. Teatro, de palco e de rua, cinema, comida de todo o país, uma delícia… E as pessoas, o povo da paz como lhes chamou um dos meus amigos, velhos, novos, de todo o país, uma mistura de sotaques em todas as ruas… Sem muitos seguranças, sem polícia, sem todo o aparato que costuma ser visto noutros lados não vi desacatos. Curioso não? Camaradas e amigos por todo o lado, uma atmosfera fantástica, apesar de meros desconhecidos havia uma relação entre todos, tudo ligado no sítio onde tudo se oferece em troca de pouco… Grande festa é o que tenho a dizer. Não sei o que mostrou a TV, não sei o que disseram os rádios nem sequer o que veio escrito nos jornais, mas tudo isso deve ter sido pouco. Paralelamente a isto tudo, há a politica. Não me passou ao lado pois até o comício vi, ao sol. Ainda não me conseguiram converter, mas ganharam ainda mais o meu respeito. Pela organização, pela mobilização e pela simpatia. Para o ano penso lá voltar…

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Junta a tua à nossa voz...

Depois do capitalista Rock in Rio, amanhã lá vou eu rumo ao comunista Avante. Será que me vou converter?

domingo, 27 de agosto de 2006

Hasta

As partidas têm destas coisas. Deixam saudades. Um sabor diferente na hora da despedida. Festa feita, malas prontas e uma vida nova ao virar da esquina, neste caso ao aterrar do avião. Mais um sonho que ganhou forma. A teoria mais uma vez posta em prática, o mundo em forma de tangerina a ser espremido. Parece que o sumo é doce.

sábado, 19 de agosto de 2006

Fardos

Será que o espirito que leva alguém a ajudar os outros por mera vontade é o mesmo que declara a recusa de ajudar por obrigação?

É curioso ver até que ponto uma pessoa prescinde das suas férias simplesmente para ajudar a realizar algo. Só pelo prazer de ver as coisas correrem bem e de fazer felizes todos os que trabalharam para tal.

Curioso também é ver os outros, os que trabalham por obrigação e não por gosto, esses a única coisa que queriam era acabar de carregar o fardo. Estranha forma de ver a vida. Andar por andar porque tem que ser...

Agora esses tais, na hora do descanso, dizem e falam e gritam bem alto que a ajuda nem precisa foi, para quê ajudar quem os ajudou se a ajuda nem pedida foi? Valerá a pena mexer uma palha por eles?

Fico cansado de os ver, cansado de os tentar puxar, cansado de os tentar fazer ver as coisas de outro modo. Mas cada vez mais parece que não vale mesmo a pena.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Agosto

Os dias giram, a àgua corre, as pessoas vão passando e o mês que ainda ontem começou está quase a chegar ao fim sem ainda estar sequer a meio.

segunda-feira, 31 de julho de 2006

Um ano depois...

É amanhã dia 1 de Agosto
E tudo em mim é um fogo posto
Sacola às costas, cantante na mão
Enterro os pés no calor do chão
É tanto sol pelo caminho
Que vendo um, não me sinto sozinho
Todos os anos em praias diferentes
Se buscam corpos sedosos e quentes

Adoro ver a praia dourada
O estranho brilho da areia molhada
Mergulho verde nas ondas do mar
Procuro o fundo pra lhe tocar
Estendido ao sol, sem nada a dizer
Sorriso aberto de puro prazer
Todos os anos em praias diferentes
Se buscam corpos sedosos e quentes

Xutos & Pontapés, 1º de Agosto

terça-feira, 25 de julho de 2006

Fim

Acabou um ano. Mais um. E agora é tempo de mudar...

sábado, 22 de julho de 2006

Regressos

ás vezes sabe bem voltar a sítios onde não se ia há anos. é engraçado ver o espanto das pessoas estampado na cara por verem alguém no mesmo sitio onde tinha passado umas boas horas da infância mais de dez anos depois.

sabe bem mas é estranho, e vêm à cabeça memórias. memórias como aquele agrafo espetado no dedo que doeu um bocado, memórias de gente que entretanto já saiu de cena, memórias de um tempo em que era suposto andar só de um lado para o outro sem pensar verdadeiramente em nada.

acho que para eles continuo a ser o puto que por lá andava a brincar. o puto que tinha medo de ser assado vivo num forno de lenha. o puto que era esquisito ao ponto de teimar em não comer queijo. afinal de contas ainda hoje não o como.

domingo, 16 de julho de 2006

Estufa

É nestas alturas que acho graça aqueles que teimam em negar o òbvio. Efeito de estufa? Não! Este calor é normal. E falam de anos passados há décadas e não querem perceber que tudo mudou.

Será que eles não pervebem que fumar um cigarro de vez em quando não é o mesmo que fumar dois maços por dia?

Assim vamos começando a viver na famosa estufa. E o cheiro a sovaco nos autocarros amarelos impera dia após dia...

segunda-feira, 10 de julho de 2006

"A terra é um astro quadrado que gira à volta da lua."

A terra é um astro.

A terra gira.

domingo, 2 de julho de 2006

A minha frase

Na cozinha como na vida, o importante é um bom refogado...

quinta-feira, 29 de junho de 2006

Coisas...

Por estes dias tem estado num centro comercial de Coimbra uma caixa. É uma caixa transparente. No fundo tem moedas e notas, muitas mesmo. A tal caixa está lá para recolher dinheiro para que os bombeiros possam comprar coisas. Também lá está um cartaz em forma de homem a informar que com o dinheiro angariado já foram comprados quatro fatos de protecção.

O que eu pergunto é se há mesmo necessidade de acções destas. Seria tão mais fácil se quando nos cobram impostos nos perguntassem a quem queriamos dar o dinheiro... De certeza que muito dele ia para os tais homens, e mulheres, que muitas vezes deixam as suas vidas para salvar as dos outros, ou por vezes até para não salvar nada mais que umas árvores há muito deixadas ao abandono.

Mas não, enquanto não soubermos definir prioridades no nosso país as forças que vão zelando pela nossa segurança iram continuar a (sobre)viver muitas vezes à custa de restos e esmolas. Será essa uma das diferenças entre um melhor e um pior país? Acho que sim!

sábado, 24 de junho de 2006

Só cansado...

O que há em mim é sobretudo cansaço
— Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço…

Álvaro de Campos

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Verão

Ontem foi o dia mais longo do ano e só hoje é que dei por isso. Como se até agora todas as horas de dia que o sol me trouxe tivessem sido bem aproveitadas.

Quando chegar o Inverno cá estarei a queixar-me que os dias são curtos. Enquanto são longos vou ficando por casa. Ai Agosto...

sábado, 17 de junho de 2006

Lá fora chove e...

Mais uma vez as peças voltam ao mesmo lugar de sempre. Se é verdade que o mundo dá muita volta, não é mentira que por mais voltas que dê, pára sempre no mesmo sitio.

Se até um relógio parado está certo duas vezes por dia... Acho que o tempo começou a correr a meu favor. Acho.

quinta-feira, 15 de junho de 2006

" 'cause songs whill help me everytime..."

Não quero que me façam rir. Não tenho vontade de rir, não quero. Só quero estar mal disposto, de mostrar má cara e poder andar pela rua sem me chatearem. Não precisam de perguntar porquê, não precisam de insinuar que a noite foi grande.Não precisam, não têm que... A sério! Não hoje. Hoje quero estar assim. Triste.

quarta-feira, 14 de junho de 2006

KURVA!!!

"Estranho quando dou por mim num mundo bizarro e mais ainda quando lá o mais bizarro do mundo sou eu"

Manel Cruz, Segue-me à luz

domingo, 11 de junho de 2006

Fußball

E lá começou mais um mundial. Para lá do futebol, adoro ver os estádios e quem por lá anda a fazer a festa. Ver um jogo da Holanda com as bancadas pintadas de laranja é um regalo para a vista, assim como ver as bandeiras, muitas, penduradas em todo o estádio quando a Inglaterra entra em campo. E ontem por momentos arrepiei-me quando a cinco minutos do fim alguns milhares de ingleses cantaram a plenos pulmões o "God save the Queen...". Há dois anos estava no meio deles em Coimbra dentro do estádio. Que inveja...

sexta-feira, 9 de junho de 2006

Again

Mais uma vez voluntário. Embora sem ter muito tempo desta vez, não podia deixar escapar a opurtunidade. Porque gosto, é saudável, acho que vai ajudar a descontrair no fim de um exame e porque acima de tudo, quanto mais e melhor fizermos nestes dias mais ajudamos esta cidade a ficar bem vista mundo fora.

Campeonato do mundo de ginástica acrobática, no pavilhão multiusos. Apareçam.

segunda-feira, 5 de junho de 2006

RiR

Sexta-feira, parti rumo a Lisboa, sozinho, para ir ver sozinho o concerto do senhor Waters. E parti sozinho porque aqueles com quem tinha combinado ir acabaram por achar melhor ficar em casa. Fizeram bem. Entre ficar e ir, escolhi ir, e lá fui eu à espera de ter uma noite algo morta, mas o bilhete já estava na mão e eu nunca fui de deixar coisas a meio.

Chegado á capital, mil e uma perguntas na minha cabeça e a vontade de voltar, mas segui. Segui rumo a um sitio chamado bela-vista no meio de Lisboa e que eu não percebo como não está cheio de casas. Qual o meu espanto quando a caminho da entrada lá estava uma grande amiga de tempos passados na fila para entrar. Tinha acabado de chegar com uma amiga dela também.

A primeira coisa que fiz quando a vi foi rir. Foi preciso irmos a Lisboa para nos encontrarmos outra vez. Logo uma noite que estava (estaria?) condenada ao fracasso, foi um sucesso. Entre muitos metros andados para ver tudo o que por lá havia, fomos pondo a conversa em dia, e houve muito para falar... De tudo o que por lá vi a única coisa que me cativou a sério foi a "praia". Areia, palmeiras, puff's, música brasileira e um balcão de cerveja. O ideal para parar um bocado e beber um copo...

Para o fim o melhor. O concerto foi algo fantástico. O som sempre em sintonia com a imagem, a frente do palco com gente que lá estava mesmo para ver o concerto, a mensagem sempre escondida por detrás de cada letra e mais um grupo de "amigos" feito na hora. Desde o inicio até ao fim aquele concerto foi mágico... No meio de tudo uma música ainda não me saiu da cabeça. Uma história contada na primeira pessoa com esta frase no meio "Oh George! Oh George! That Texas education must have fucked you up when you were very small". Para fazer pensar, leiam que é uma bela história.

Fim de noite, no Oriente à espera de comboio para o qual não tive bilhete. Mais uma despedida, duas voltas de metro e o regresso a Coimbra com um sorriso nos lábios. Já falta pouco para Setembro.

terça-feira, 30 de maio de 2006

Sobras do tempo

Das melhores coisas que hei-de levar desta vida são as conversas da treta. Conversas a horas impróprias em sitios pouco prováveis, por vezes com gente estranha.

Nessas conversas lá calha ficarem no ar certas perguntas... A tal do outro dia, para mim tem uma resposta muito simples. Não, não existem amigos bons e amigos maus. Existem amigos. (ponto).

Ps: Tentem ver a curta-metragem "Respirar debaixo de àgua", o que não consigo dizer aqui está lá.