terça-feira, 27 de setembro de 2005

E se o vinho era bom...

"E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida."

Sérgio Godinho, O primeiro dia

domingo, 25 de setembro de 2005

MFA II

Agora já é oficial. Vamos ter um candidato de Coimbra à presidência da República. Manuel Alegre. O tal honesto, e poeta, e coerente e já agora, parecido com o meu pai.

Alguém Sabe?

Qual a diferença entre ser, estar, viver, existir e sonhar?

Não sei, mas gostava de saber. Porque é que cada vez que os sonhos se desfazem como castelos de areia, me recordo que eles existem apenas para nos lembrar que talvez exista um outro mundo, se calhar melhor. Não sei, mas tenho uma enorme vontade de descobrir. E se é verdade que a curiosidade matou o gato, deve ter sido dificil, uma vez que ele tinha sete vidas para gastar. Mas eu não. Só tenho uma, que é esta que estou a "viver" agora sentado à frente de uma máquina.

Porque me queixo? Estou aqui porque quero... Ou será pelo contrário. Será porque não quero estar em nenhum dos lugares onde podia ter ido em vez de ficar em casa? Será que estou farto de todas as pessoas que vejo à minha volta? Não sei. Não tenho resposta para estas perguntas, talvez por não estar muito interessado em procurá-la. Ou talvez por ter medo de a encontrar. É estranho ter que viver por trás de uma barreira. É dificil ter que, por vezes, medir palavras. Não me ensinaram isso na escola...

Que adianta conhecer montes de gente, se muitos deles não são mais do que um monte de carne e ossos, regados por sangue e álcool. Que adianta ter o mundo na palma da mão se a minha mão é tão pequena quanto o mundo? Estou confuso. Acho que me resta ser eu mesmo, dia após dia...

E esperar, esperar até encontrar um lugar melhor.

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

MFA

Parece que está a nascer um novo movimento em Coimbra, de seu nome MFA.
Movimento força Alegre. As paredes começam a ganhar cor, pode ser que as pessoas ganhem consciência...

Para mim, o único politico honesto deste país.

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Por pedido da Menina Taina...

5 coisas que me tiram do sério:
1. Gente Apressada
2. Pessoas ingratas
3. Autocarros que não passam
4. Cheiro a sovaco
5. Bebedos inconscientes

Gosto especialmente de:
1. Música;
2. Vegetar, ou seja, estar ao sol sem fazer nenhum, tipo vegetal;
3. Deambular;
4. Rir;
5. Jantares com boa(s) companhia(s)

5 álbuns:
1. Ornatos Violeta - Cão!
2. Clã - Rosa Carne
3. Sergio Godinho - Campolide
4. Nirvana - In Utero
5. Pink Floyd - The Wall Live
6. Xutos & Pontapés - Ao vivo no RRV
7. Mamonas Assasinas - Mamonas Assasínas (tinha de ser)

5 canções:
1. Starring at the sun - U2
2. Dumb - Nirvana
3. Only pain is real - Silence 4
4. Só eu sei ver - Toranja
5. Capitão Romançe - Ornatos Violeta
6. Jeremias, o fora da lei - Jorge Palma

5 álbuns no IPod (ou não):
1. U2- Please (live single)
2. Toranja - Segundo
3. Tony Carreira - Ao vivo no pavilhão Atlântico
4. Jorge Palma - No tempo dos Assasinos
5. Sergio Godinho - Rivolitz

5 pessoas a quem passo a palavra:
1.C'est Moi
2.Rakel
3.Maria
4.Shootingstar
5.Kikas

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Desperdicio

Há dias e dias. E naquelas alturas em que não apetece sair de casa, porque por uma razão ou por outra, o corpo está cansado demais e a vontade de ir a qualquer lado é muito pouca não há nada melhor do que dar uma voltinha mental. Lavar as ideias também faz bem.

Numa altura em podia ter pensado em qualquer coisa útil, pensei naquele que deve ser o mais inútil dos países. Esse mesmo, Portugal. E nós Portugueses, seremos também inúteis?

Eu vivo num país onde domina o desperdício, em todos os sentidos, senão vejam:

Temos sol, vento, mar e rios, logo estamos energeticamente dependentes do petróleo para produzir energia;

Temos falta de médicos, então, em vez de criarmos condições que permitam formar mais, as nossas universidades e politécnicos abrem vagas para cursos sem saídas profissionais;

O nosso estado paga salários a reformados, que já ganhavam valores absurdos. Ou seja, temos reformados a ganhar a dobrar. E eu que pensava que a reforma era uma maneira de quem não trabalha poder ganhar qualquer coisa;

Dia após dia mandam-nos poupar àgua, no entanto as rotundas de Coimbra são regadas a meio da tarde e os repuxos não param de correr;

Num país de poetas e cantores, os D’zrt estão no primeiro lugar do top, enquanto que o que de bom se faz na nossa música nem na rádio tem passa;

Quando os nossos dois principais candidatos a Presidente da República, são aqueles que nos conduziram a este esta situação, não estaremos a falar de desperdício de ideias de gente mais dinâmica?

Como se todos estes desperdícios não bastassem, também vivemos num país onde:

Os nossos professores do norte estão colocados no sul e vice-versa;

A floresta arde ano após ano e em vez de comprar meios aéreos compramos submarinos (terão asas?);

Não se respeitam aqueles que pensam de maneira diferente;

Os jornais mais lidos são o “Record”, a “Bola”e o “24 Horas”;

Ainda há quem veja “notícias” na TVI;

Não se sabe que a República Checa não é uma ilha do Pacifico, mas sim um país da Europa;

Dia após dia as pessoas sorriem cada vez menos nas fotografias que aparecem nos jornais.

Porque é que eu tenho orgulho em ser Português?

domingo, 18 de setembro de 2005

Agora é de vez

Amanhã começam oficialmente as minhas aulas. Ora, isso quer dizer que as férias acabam hoje. Nem tudo é mau, porque as primeiras duas semanas vão ser passadas em stand-by e com uma festita ou outra pelo meio.

Por isso ficam aqui estas palavras, que me faz lembrar tudo o que tem sido a minha vida por Coimbra.


"Desfaz-se o tempo em rotinas e vontades
Em projectos e verdades
Em desgostos que se alastram
Em vestígios destorcidos
De nascentes que encontramos.

E é sempre quando seca
Que tudo se tem que agarrar a tudo que faz fugir
E a verdade passa a estar no fundo de um copo cheio do que se quer ser
e a Beata no chão que faz os olhos arder
É nova moda nas crianças que ainda estão a aprender
Como têm que estar e andar e beber e dançar e comer e falar e ouvir e sentar
e sorrir para saber existir!

Só eu sei ver o sol nascer

Desfaço-me em pedaços em retratos
Em mentiras que trocámos e abraçámos
Sim, fugimos, mas voltamos!
E o que presta é o que resta em nós...

No fim de festa onde todos sabemos quem somos
Ou que não se quer lembrar ou quem precisa de estar
Perdido noutro sonho
A mesmo noite o mesmo copo o mesmo corpo
A mesma sede que não sabe secar,
Onde se encontra sem se procurar
Onde se dança o que estiver a tocar,
Muito fumo, muito fogo,
Muito escuro onde somos o que queremos
Quase somos o que queremos
Quase fomos o que queremos...

Só eu sei ver o sol nascer"

Toranja, Só eu sei ver

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Mais um trabalho

Como não gosto de SPAM no mail, também não o quero no Blog. A partir de hoje para comentar vai ser preciso um bocadinho mais de trabalho. Desculpem, mas é por uma boa causa.

Mais Magia

Coimbra está ainda mais mágica. Durante alguns dias é possível andar a passear pelas ruas e encontrar um ilusionista, ou até mesmo um palhaço. São os Encontros Mágicos desta cidade. É um espectáculo imperdivel. Durante pouco tempo, a qualquer dia, a qualquer hora, na baixa de Coimbra.

Hipócritas

Por muito que tente não consigo ser hipócrita. O que mais aprecio numa pessoa, seja ela quem for ou o que for, é o sorriso. Dia após dia, cada vez vejo menos gente a sorrir pelas ruas.

Voltando à primeira frase, conheci umas pessoas de quem não gosto, não sou só eu que não gosto delas, mas até aqui tudo muito bem. O que me custa a aceitar é que haja quem seja capaz de estar a sorrir, e rir, e falar muito bem, e dizer maravilhas, e, e....

Tudo isto para meia hora depois estarem a dizer que não gostam dos outros (das outras, no caso). Para mim é inconcebivel. Ainda não viram um sorriso meu. Nem hão-de ver!

Guia

O que é conhecer um lugar? Para mim, mais do que saber nomes de ruas, ver monumentos e deambular de bar em bar, temos que conhecer as tradições, as pessoas, os porquês das coisas serem assim e não de outra maneira.

É isso que eu quero "ensinar" aos moços e moças que chegaram da Alemanha para estudar em Coimbra. Que adianta viver perto da Sé se não sabem quem viveu na casa em frente?

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Quem vai ser???

Ora, o visitante 1000 que se acuse.

domingo, 11 de setembro de 2005

Porque um génio tem sempre palavras para o momento

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança,
e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos, Tabacaria

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Renascer

Finalmente a vida regressou a Coimbra. Já é possível andar na rua e encontrar pessoas conhecidas onde menos se espera. A noite que nunca acaba está a começar a dar os primeiros passos. É incrivel como uma cidade se transforma assim, do dia para a noite, quer dizer de um mês para o outro. Mais uma semaninha e começam a chegar milhares de caras novas, outras nem tanto, que vão passar aqui alguns dos melhores anos das suas vidas.

Tenho "pena" dos turistas que inundam estas ruas em Agosto. São espiritos a deambular numa cidade adormecida, quase deserta. As suas caras de espanto perante tal cenário espelham uma certa desilusão. "Mas onde está a tal cidade de estudantes?", deve ser a pergunta que flutua nas suas mentes. Soubessem eles que só a partir de Setembro existe vida por estes lados, que de certeza não vinham para cá tão cedo.

A par deste recomeço muitas coisas vão mudar, para melhor espero eu. Para começar, increvi-me num programa que tem como objectivo integrar um grupo de estudantes Alemães que vêm em Erasmus. Uma semana depois vou começar as aulas, em dois sentidos. Umas que vou receber, outras que vou dar. Os caloiros também têm de aprender, não a beber e rastejar, mas sim o significado que têm um fato preto que é muitas vezes mal usado. Irrita-me.

Pelo caminho descobri mais um belo sitio para passar umas horas agradáveis. Recomendado a quem gosta de ouvir uns fadinhos e de beber um copo na maior paz do mundo. Diligência, em plena baixa de Coimbra.

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Viagens

Cada vez mais acredito que andamos todos ligados de uma forma ou de outra. Ouvi há dias, talvez há semanas alguém que dizia que estamos separados por apenas cinco pessoas. Todos nós. Ou seja eu conheço alguém que conhece outra pessoa, que por sua vez até é amigo de um amigo meu. E pelo meio ficam três ou quatro caras novas. Isto acontece frequentente, penso que a todos nós.

O que me causa estranheza, é que com os horizontes mais abertos, o mundo está cada vez mais perto. Ainda ontem me ofereceram casa em Paris, quando quiser. Esta oferta veio de um amigo de um primo meu. Mas não é tudo. Neste momento também tenho casa à espera em Berlim. Mais um amigo de um amigo. E em Praga. Uma amiga minha que conheci através de uma amiga que é amiga de um amigo meu que a conheceu por intermédio de um amigo dela. Parece confuso? É, é mesmo. Como é obvio, todos estes amigos deveriam ter sido escritos entre aspas, mas no fundo a intenção conta muito. Assim como a minha casa está aberta a todos eles, quando quiserem vir passar cá uns dias.

A minha vontade de partir é cada vez maior, mas como em tudo na vida tudo tem o seu tempo, e neste caso é preciso esperar, pelo menos que arrranje dinheiro para partir sem data de regresso. No próximo Verão? Quem sabe...

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Morte

A semana passada não tive muita vontade de escrever, e escrever contrariado não é coisa que me dê muito prazer.

Mas oito dias já passaram desde que alguém que conhecia e estava habituado a ver todos os dias, pelo menos em tempo de aulas, decidiu pôr termo à vida. Vulgo suícidio. Os porquês ainda estão no ar e certezas dificilmente alguém irá ter sobre os motivos que o fizeram pegar numa arma, ir para um descampado e PUM!! Isto poucos minutos após ter deixado um grupo de amigos com quem tinha estado em amena cavaqueira.

Terça-feira lá fui eu rever o pessoal do meu curso, embora por motivos não muito agradáveis... Desde que estudo em Coimbra este foi o segundo funeral de colegas de curso a que fui. E posso dizer que é das coisas mais deprimentes a que podemos assistir. Mas o que me arrepia mais são as capas, normalmente associadas a festas e bons momentos, estendidas no chão para passar a urna.

Hà tempos, por altura da queima, num dia em que fiz uma viagem, impensável uma semana antes não pela distância mas sim pelo motivo, o tema de conversa no regresso foi a morte. Nunca tinha falado tão abertamente sobre isso até então, pelo menos tão a sério. Não sei o que me espera, mas a curiosidade por vezes consegue matar o gato, será que pode matar também pessoas?

Será a morte uma passagem, um escape, um apagar? Numa altura em que o nosso conhecimento, quase permite decifrar o nosso corpo, molécula a molécula fará sentido falar em alma (ideia vinda directamente de um episódio dos Simpsons que vi ontem), ou simplesmente temos de olhar para nós como matéria?

Será o suicidio um acto de coragem ou de cobardia? Li um livro há tempos que me fez ver de perto o drama, principalmente de quem fica e precisa de apoio. Mas esses mais tarde ou mais cedo serão apoiados.

Apoio. Parece-me a palavra-chave.

"Imagina o céu, negro de brilho
Desperta terror ver o desconhecido
Desconfia dele mas faz a viagem
Se não tens abrigo que tenhas coragem"

Xutos & Pontapés "Se não tens abrigo"

sexta-feira, 26 de agosto de 2005

Parabéns

Este post só serve para dar os parabéns a uma menina que apesar de ser pequenina por fora é muito grande por dentro.

Parabéns Jana.

terça-feira, 23 de agosto de 2005

Como dantes

A noite passada, num sitio quase no fim do mundo, onde nem sequer os telemóveis têm rede, por entre resmas de emigrantes devidamente adornados com vistosos fios de ouro, camisas ás riscas e o cabelo bem untado com brilhantina (onde será que se vende?) vi um clarão.

Não eram os extraterrestres a chegar. Não era um milagre. Era o fogo que estava a destruir o pouco verde que existia a mais ou menos 20 quilómetros dali. Apesar da distância ser grande o clarão era bem visivel, ao ponto de até a lua estar alaranjada. E as cinzas não paravam de cair, algumas ainda em brasa....
E naquela aldeia perdida entre serras o medo era grande, mas não tão grande quanto a festa que aquele povo consegue fazer.

Quais grandes artistas qual quê? Um pequenino baile, uma praceta minúscula e todas as pessoas da aldeia é quanto basta para fazer uma grande festarola onde todos se divertem, inclusivé os forasteiros como eu. Naquele lugar onde p tempo parece ter parado é curioso ver as velhotas a observarem atentamente as netinhas, para que elas, coitadas, não caiam nas mãos de um qualquer "galifão". Aqueles sorrisos e olhares tranportam-me para outros lugares, fazem-me lembrar pessoas que infelizmente já desapareceram...

Para quem quiser recuar um pouquinho no tempo, beber uns copos e rir um bocado aqui fica o conselho, vão à festa do Zambujal, uma pequena aldeia a 25 quilómetros de Coimbra. Espero lá voltar também...

sábado, 20 de agosto de 2005

Começa Hoje

Já me estou a imaginar no estádio a cantar....

Só faltam três horas.

Sabes que nunca estarás só
Na primeira ou segunda divisão
Porque tu és a Briosa
O orgulho do nosso coração

Força briosa vence
Nós queremos que fiques na primeira
E por ti vamos cantar
Jamais te iremos deixar

Somos Ultras de Coimbra
E viemos para te ver vencer
Nosso nome é Mancha Negra
Somos Briosa até morrer

quarta-feira, 17 de agosto de 2005

Ingratidão

Odeio pessoas ingratas. Nunca o fui e não suporto aqueles que o são.

terça-feira, 16 de agosto de 2005

Para que a tradição não morra

Se alguma vez, ao passear em Aveiro, ouvirem isto, saibam que tem direitos de autor...

"Nós somos as borboretas
Das asas brancas, das pintas azules
Avoamos à volta das alâmpadas
Queimamos a asinhas e na podemos avoare"

Cansado

Desde sexta-feira que não tenho tido descanso. Trabalhar de dia e de noite, beber uns copos, dormir pouco.... Enfim, estamos em festa. Vai acabar hoje mas valeu a pena.

Pelo meio ainda estive com pessoas que já não via hà algum tempo e cada vez mais acho que nada corre como estava planeado. Desta vez correu melhor. E as coincidências repetem-se.

sexta-feira, 12 de agosto de 2005

Vai um copinho de água?

Vi hoje na televisão, penso que na rtp, algo que me deixou um pouco (mais) pensativo. Pelo o que era dito a àgua potável, tal como a conhecemos, durará apenas mais 50 anos.

Isto, penso eu, baseado em estudos que têm como base os consumos actuais. Cada um de nós consome cerca de 250 litros de àgua por dia, sendo que, de todo esse liquido apenas bebemos 2 litros no máximo.

Onde gastamos o resto? A tomar banho, lavar mãos e dentes? Seja como for, é muito, e não adianta andarem a dizer-nos que é preciso poupar, enquanto as rotundas são regadas ás 4 da tarde, e o desperdicio por parte das autarquias é mais do que muito.

Como se viver sem àgua já não fosse um grande fardo, li também a semana passada no Público que ao ritmo de producão (e de gasto) actual, as reservas de petróleo acabarão dentro de 45 anos.

Um barril, é quanto consome em média uma familia deste rectângulo à beira mar plantado. Ora, pelas minhas contas uma familia da terra do macaquinho Bush, com carros de 2500 de cilindrada e gasolina ao preço da chuva deverá gastar um puco mais...

Tentei imaginar o mundo daqui a 50 anos. Não consegui.

Tédio

Se há coisa que me irrita nesta vida é não ter nada para fazer. O meu cérebro começa a entrar em tal paranóia que me deixa num estado de completa demência.

Enquanto que, na semana passada quase nem tive tempo para respirar, esta tem sido qualquer coisa de outro mundo. O tempo também não tem ajudado, é verdade, mas o problema é mesmo não ter aquela "coisa" que me empurre porta fora. Eu nem quero nada de outro mundo, só queria estar tipo ocupado. Eu que ainda há uns tempos me queixava por estar ocupado demais...

No fim de semana vão começar as festas da minha terriola, e como sempre lá está o moço ajudar a montar o estaminé e a fazer correr a coisa. Nada como estar com o pessoal da "cor" a fazer algo de útil. E espero voltar a ficar feliz e contente, sem pensar em mais nada senão em barris de cerveja, palcos, copos e afins. O tédio mata-me...

terça-feira, 9 de agosto de 2005

Sniff sniff...

Hoje é um daqueles dias em que precisava de um abraço bem apertado. E de um beijo. E já podia dormir descansado.

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Surpresa

Ontem vi a minha vida a andar para trás. De repente, na serra da Lousã, vi-me no meio de um incêndio, eu que só tinha ido lá para dar um passeio, estava a poucos metros das chamas.

Por sorte não havia vento. Mas é tão estranho ver as chamas a avançar na nossa direcção e não poder fazer nada. É um sentimento de impotência tão grande, ver os bombeiros a tentar apagar um fogo que avança até não ter mais nada para queimar. Felizmente a serra está relativamente limpa e a situação foi controlada pouco tempo depois com a ajuda de maios aéreos.

Eu que só queria passar um dia descansado, apanhei um susto de todo o tamanho. Não devo voltar lá tão depressa...

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

Is it?

"All I want it's not what I want
All you want it's never what I need
Still I tried, like a perfect mirror I do what I see fit
All you want is all I give, all is right
Inside, only pain is real"

Silence 4, Only pain is real

Please

So you never knew love
Until you crossed the line of grace.
And you never felt wanted
Till you'd someone slap your face.
So you never felt alive
Until you'd almost wasted away.

You had to win, you couldn't just pass
The smartest ass at the top of the class
Your flying colours, your family tree
And all your lessons in history.

Please, please, please
Get up off your knees.
Please, please, please, please...

And you never knew how low you'd stoop
To make that call
And you never knew what was on the ground
Till they made you crawl.
So you never knew that the heaven
You keep you stole.

Your Catholic blues, your convent shoes,
Your stick-on tattoos now they're making the news
Your holy war, your northern star
Your sermon on the mount from the boot of your car.

Please, please, please
Get up off your knees.
Please, please, please
Leave me out of this...

So love is hard
And love is tough
But love is not
What you're thinking of.

September, streets capsizing
Spilling over down the drains
Shard of glass, splinters like rain
But you could only feel your own pain.

October, talk getting nowhere.
November, December; remember
We just started again.

Please, please, please
Get up off your knees
Please, please, please, please...

So love is big
Is bigger than us.
But love is not
What you're thinking of.
It's what lovers deal
It's what lovers steal
You know I've found it
Hard to receive
'Cause you, my love
I could never believe'.

U2, Please

Quem quer rir?

Estou tão atordoado que não sei bem o que escrever. Na terça feira fui a Lisboa para tentar matar um fantasma, mas em vez disso encontrei um monte de peças soltas e fiz um puzzle.

Resultado surpreendente, o que saiu de lá, mas apesar de tudo o fantasma continua vivo, e penso que nunca me irá deixar...

Não consigo dormir, não tenho vontade de comer, não consigo chorar... Rir, rir é o que quero. Mas preciso de alguém para rir comigo e ainda não encontrei ninguém. Porque é que não percebem a piada?

Será que ela não existe? Continuo à espera. E o fantasma está aqui...

domingo, 31 de julho de 2005

1º de Agosto

É amanhã dia 1 de Agosto
E tudo em mim é um fogo posto
Sacola às costas, cantante na mão
Enterro os pés no calor do chão
É tanto sol pelo caminho
Que vendo um, não me sinto sozinho
Todos os anos em praias diferentes
Se buscam corpos sedosos e quentes

Adoro ver a praia dourada
O estranho brilho da areia molhada
Mergulho verde nas ondas do mar
Procuro o fundo pra lhe tocar
Estendido ao sol, sem nada a dizer
Sorriso aberto de puro prazer
Todos os anos em praias diferentes
Se buscam corpos sedosos e quentes

Xutos & Pontapés, 1º de Agosto

quarta-feira, 27 de julho de 2005

Jantares & Companhia

Depois de um fim de semana um pouco atribulado, eis que consigo chegar a casa a horas decentes, pelo menos segundo o ponto de vista do meu pai. Entre noites bem passadas e com muito álcool dentro do bucho consegui chegar a duas ou três conclusões.

Uma delas é que por muito que o tempo passe nós mudamos muito pouco, ou seja, por dentro estamos iguais ao que eramos hà um par de anos. Rimo-nos pelas mesmas coisas, falamos do mesmo, temos as mesmas afinidades, franzimos o sobrolho ao ouvir certas histórias e depois deste tempo todo ainda conseguimos falar com os olhos, quais espelhos da alma, é claro que os segredos continuam a ser os mesmos (mas só para alguns). O que um jantar nos pode lembrar...

Outra das coisas que percebi é que devo viver no local errado do mundo, porque quase toda a gente pensa de uma maneira diferente da minha. O que se torna muito estranho, talvez até um pouco ridiculo. E não estou a falar da teoria das formigas, que admito pode causar estranheza a algumas pessoas, mas sim da minha maneira de ver as coisas...

E mais uma vez, posso voltar a dizer que nada corre como nós pensamos que vai correr. Tudo aquilo em que depositamos grandes expectativas, transforma-se numa barraca, assim como as coisas mais improváveis acontecem quando não estamos à espera...

E agora, toca a recuperar horas de sono que ainda não consegui ir à praia, e estou a precisar de bronze. Amanhã de manhã Figueira aqui vou eu, quer chova ou faça sol...

Para terminar, encontrei um vinho maravilhoso a um bom preço, Esteva, no Continente.

Autógrafo

Um rabisco numa folha de papel, num livro, numa camisola, ou em qualquer outra coisa, tem sobretudo um valor sentimental.

Não aqueles que se vão buscar a um centro comercial à hora marcada. Para mim autógrafo para o ser, ter que ser ganho. Como o último que consegui, este sábado. No fim do concerto daquela que para mim é a melhor banda nacional neste momento, lá vou eu armado em pimpão ao contentor que servia de "camarim" pedir um rabisco à Manela e restante Clã. Concedido, pois claro, ou não estivesse eu todo o concerto na linha da frente, literalmente. Assim vale a pena. E fica a promessa, se sexta feira este humilde rapaz ganhar o euromilhões, daqui a mais ou menos um mês iremos ter os Pink Floyd a tocar em Coimbra, com a primeira parte assegurada pelos Clã e Ornatos Violeta. Alguém quer bilhetes?

Chuva

Finalmente cai àgua nesta terra, que desde Maio não sabia o que era chuva. Estragou-me o churrasco mas trouxe-me aquele cheirinho maravilhoso de volta...

"We need the rain to wash away our bad luck..."

sexta-feira, 22 de julho de 2005

I´m drunk

Estou de férias, finalmente...

Cheguei agora a casa depois de um "espectáculo" completamente decadente do Marco Paulo. Decadente, porque nem ele sabe cantar, nem as pessoas que estavam lá o queriam ouvir...

Entrentanto maquei um jantar com o pessoal da minha turma do 12º para sábado, e ao vê-los há algo que me intriga... Todos estão conformados com a vida, pensam em acabar o curso para começar a trabalhar. Eu quero ver o mundo, quero viajar, e acabar o curso também. Mas tenho a certeza que se não gozar um pouco da vida agora, depois não vou conseguir...

No meio de toda aquela gente há uma pessoa que se destaca...

Há quatro anos atrás, mais coisa menos coisa, discutiamos o que era o amor... Para ela era algo tão forte que até alguém que pudesse não saber nadar, ia ao fundo do mar para salvar a pessoas amada. E eu achava que era aquilo que nos fazia dar um coração, um figado, ou qualquer coisa do género, para que o outro sobrevivesse.

Ainda hoje penso assim, já não sei o que ela pensa, apenas sei que avida por vezes nos leva a sitios onde não queremos estar...

E por hoje já chega de palavras. Estou de férias.

terça-feira, 19 de julho de 2005

Fogo

Perto da minha aldeola, tipo a uns 6,7 quiilometros, existe um Paúl, zona protegida, por sinal. Nesse Paúl existem algumas espécies protegidas, entre as quais duas lontras que são o ex-libris lá do sitio. Também algumas aves migratórias vão passando, para além daquelas que acharam graça ao local e acabaram por ficar.

O dito Paúl fica numa espécie de vale e é atravessado por algumas valas, acho que não se chama rio a coisas tão pequenas. Perto existem alguns campos de arroz e está claro, duas povoações, uma de cada lado. Ora entre as povoações "existe" uma mancha de pinhal, que por estar perto do dito paúl, apesar de não fazer parte dele, é considerada zona protegida, logo não se pode construir por perto.

Então não é que no prazo de uma semana, naquele pedaço de pinhal já houveram três incêndios. Ardeu um bocado na quinta, mais um pouco no domingo, hoje outro tanto... E os bombeiros sempre a lutar contra as chamas. Será fogo posto? Hummm... Conheço vários bombeiros que dizem que é a única hipótese, até porque daqui a poucos anos aquilo vai dar um óptimo sítio para uma urbanização. Mas eles não desistem, e dia após dia quando toca a sirene, lá deixam os empregos e o que mais for preciso para tentar travar o produto da inconsciência de um qualquer obcecado por betão e tijolo...

Agora é só esperar que deitem o fogo ao que resta. Mais dois dias devem chegar.

segunda-feira, 18 de julho de 2005

Branca

Pior do que ir para um exame ser saber nada, é ir para esse mesmo exame a saber muito, e chegada a altura de pôr o que se sabe no papel a caneta não escrever.

Quando todos os nossos pensamentos estão noutro lado, não há raciocinio que resista. Sim, porque para mim decorar sempre foi fácil, agora pensar.... Só quando a cabeça deixa. Hoje não deixou.

Espero que quinta-feira a poeira já tenha assentado, porque ainda falta um exame para acabar aquele que está a ser um semestre inesquecivel. No pior sentido!

Algures no centro da Europa...

Querida pequenina
És o Sol
Que me ilumina
Tens a luz
Que me fascina
Onde estás?

Passa tempo passa
Cai fundo
No esquecimento
Não oiças
O meu lamento
Onde estás?

Onde estás?

Xutos & Pontapés, Pequenina

quinta-feira, 14 de julho de 2005

Genial

Ouvi hoje de manhã um homem que tinha uma ideia brilhante para resolver a crise no nosso país.

Dizia ele que "...se Portugal recebe diariamente 13 milhões e meio de euros, da união europeia, e muito desse dinheiro é mal gasto, de certeza que ao fim do ano faltam dois ou três dias de pagamento. Então, em vez desse dinheiro ir todo para os mesmos bolsos, porque não distribuir o dinheiro de um dia por todos os portugueses. Tendo em conta que somos mais ou menos 10 milhões, dava mais de um milhão de euros a cada um..."

Pareceu-me uma bela ideia.

terça-feira, 12 de julho de 2005

Grupos

Agora que passou quase uma semana desde que quatro merdas decidiram espalhar o terror em Londres há algo que me preocupa cada vez mais.

As pessoas deste país estão cada vez mais preocupadas em pôr as pessoas (e não só) em pequenos grupos. Entre o mais conhecidos e citados estão os pretos, os chineses, os "monhés", a bófia, as claques, os skinheads, os drogados, os politicos, oa caçadores....

Este facilitismo preocupa-me. Eu desde que estudo em Coimbra conheço gente de todas as cores, credos e modos de vida. E aprendi a não colocar as pessoas nos ditos grupos, que sendo tão heterógeneos, não servem para classificar ninguém.

Mas o que me deixa mais indignado no meio disto tudo é sermos difamados, mal entendidos e por vezes até olhados de lado simplesmente por estarmos dentro de um destes grupos. Não é por eu pertencer a uma claque que sou ladrão e vândalo. Nem todos os policias são arrogantes. Os pretos não são todos ladrões. Um skinhead pode ser boa pessoa. Existe gente boa e gente má em todo o lado...

O caso do suposto "arrastão" é um exemplo desta maneira de pensar do nosso povinho. Antes mesmo de haver alguma queixa de furto já tinha sido feito o julgamento em praça pública. E em Londres parece que afinal os "fundamentalistas islâmicos" eram Ingleses...

Faltará muito tempo para que neste mundo, seja possível aceitar cada um como é? Espero que não.

domingo, 10 de julho de 2005

Confiança

Será que sou só eu que sei guardar segredos? É que eles ocupam muito espaço, e crescem, crescem por vezes até se apoderarem da nossa mente, até dar vontade de o contar a alguém. Mas eu resisto, resisto sempre, mesmo naqueles dias em que o álcool se apodera de mim eu continuo a resistir, porque os segredos têm de ser guardados. E qual a maior prova de confiança numa pessoa se não contar-lhe um segredo?

E agora pergunto como posso eu voltar a confiar em pessoas, que me contam segredos em segunda mão. Segredos que lhes foram confiados e que deviam estar guardados a sete chaves. Até que ponto posso voltar a confiar?

Os segredos são de quem os souber guardar

Sei que é um segredo
Eu não conto a ninguém
Só falei a um que é teu amigo também

Diz-me o que é que ele disse
O que é que ele achou
Sobre aquilo que nós dissemos
Diz-me ele acha-me o quê
E se ele sabe o porquê
De tudo aquilo que nós vivemos

Os segredos são de quem os souber guardar

Sei que é um segredo
Eu não conto a ninguém
Era tudo mais fácil se eu estivesse lá para ouvir
Eu não conto a ninguém
Era tudo mais fácil se eu estivesse lá para rir
Eu não conto a ninguém

Sei que é um segredo
Isso é fácil de ver
Se é que ainda o é
Mas como vais tu saber

Diz-me o que é que ele disse
O que é que ele achou
Sobre aquilo que nós dissemos
Diz-me ele acha-me o quê
E se ele sabe o porquê
De tudo aquilo que nós vivemos

Os segredos são de quem os quiser guardar

Basta que entre nós exista
E ao silêncio já não voltas
Não sei como foi nem quero amanhã calar eu espero

Era tão mais fácil quando era a minha vez de me vir
Eu não conto a ninguém
Tão mais engraçado quando eu me lambuzava a ouvir
Eu não conto a ninguém

Diz-me o que é que ele disse
O que é que ele achou porque eu não conto a ninguém

Pluto, A vida dos outros

quinta-feira, 7 de julho de 2005

Again

Mais uma vez voltaram a atacar. Não os amigos do cherne, mas sim o peixe miúdo. Que não tenham chegado aqui.

"À guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra"

"Quando os homens se convençam
que a força nada faz,
serão felizes os que pensam
num mundo de amor e paz."

"Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande."

António Aleixo

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Imaginem o que seria

Se metade dos 200 mil que estiveram no sábado em Hyde Park pusessem hoje os pés a caminho de Gleneagles...

Não seria assim de certeza.

terça-feira, 5 de julho de 2005

Quase...

Quinta-feira pela hora de almoço vão restar "apenas" quatro exames para eu poder dizer que estou de férias. Entretanto ainda faltam 20 dias de estudo, que cada vez mais são 20 dias de tormenta. A vontade de não fazer nada é cada vez maior...

Ainda não sei onde vou passar os meus dias de Verão, sei que espero arranjar um emprego, pois tenho de começar a poupar dinheiro para a minha grande viagem, que espero fazer para o próximo ano. Ou quem sabe se não será só para o outro.

Uma coisa é certa, uns diazinhos a vegetar em qualquer lado onde haja areia fininha, esplanadas e bares ninguém mos tira. Preciso de voltar a ver o mar, que já não vejo há 2 meses. Preciso de voltar a trocar os dias com as noites, uma vez que noção da semana já não existe. Por enquanto dias são todos iguais e monótonos.

É isto que detesto na época de exames. Como não posso estudar acompanhado, senão faço tudo menos estudar, castigo-me e fico em casa, na terrinha da pasmaceira, onde não se passa nada. Restam-me duas idas ao cafézinho cá do sitio para tentar pôr a conversa em dia, mas por aqui não há motivo de conversa. A única coisa que esta gente faz é dizer mal dos outros. "Sabes o que fez a prima do tio do neto do Manel??".

Não vou a Coimbra desde sexta, mas mais parece que não ponho lá os pés há meses. O tédio instala-se e lá volto eu para casa mergulhar os olhos numa pilha de folhas que não interessam nem à minha cadela, mas pelos vistos não é o que os senhores professores acham...

sábado, 2 de julho de 2005

Live 8

Tenho estado a seguir pela rádio os concertos e apesar de achar que por detrás desta organização estão outros interesses, é impossível ignorar que em Philadelphia estão a assistir 1 milhão de pessoas e em Londres 200 mil. Para àlem disso é possível ver actuar novamente a melhor banda que já passou pela face da terra.

Aqui ficam algumas declarações no seu original:

Annie Lennox:
"Africa is a can of worms. It's very, very
complicated, but we have to make a start. We cannot walk
away from genocide, which is what we've been doing. Thank
God for Bono, thank God for Bob."

Robbie Williams:
"I just got in off a plane from America
yesterday and I'm a bit tired. I haven't done anything for
two years, I haven't played a gig for two years."

Live from Rome, Stefano D'Archangelo:
"This is our Woodstock, it's the biggest concert I've ever
seen"

Roger Waters sobre a reunião dos Floyd:
"It seemed like a good opportunity for reconciliation to have a small
victory over rancour. Life's too short otherwise"

Bono Vox:
"We are not looking for charity, we are looking for
justice"

Que pensar de tudo isto?

Gosto de ti

Depois do que li e disse aqui, cheguei à conclusão que por vezes aquilo que muitos daqueles que nos rodeiam não sabem o valor que têm para nós. Então pus mãos à obra e desde quarta-feira que ando a espalhar palavras de afecto.

Ainda ontem fui ter com três pessoas para lhes dizer qualquer coisa do tipo "Gosto de ti", "És um exemplo de vida"... A reacção foi de surpresa, ou talvez de espanto e a resposta não tardou "Mas estás a dizer-me isso porquê ?", e da minha boca saiu um "É o que sinto, acho que o devo dizer".

E vou fazer isto até que me apeteça a todos aqueles que eu acho que fazem parte da minha vida, e dos quais eu vou sentir a falta quando desaparecerem um dia.

quinta-feira, 30 de junho de 2005

Capa

Eu adoro a minha capa. Olhei agora para ela e achei que já merecia uma homenagem. De facto, foi a melhor compra que fiz até hoje, para álem do resto do traje, como é obvio. Desde o momento em que foi baptizada com alguns litros de vinho (não estou a exagerar), que me tem seguido quase para todo o lado.

Não sei do que é que é feita, mas é quentinha de inverno e ainda mais de verão, é impermeável e não ganha cheiro. A versatilidade é outro trunfo, pois nas minhas mãos já serviu para quase tudo. Agasalho, bandeja, guarda sol, toalha de praia e de mesa, lenço para secar lágrimas, almofada, manta e cobertor. Durante a queima também serve muita vez de casa de banho ambulante.

Para além de tudo isto, foi de capa aos ombros que vivi momentos que me marcaram profundamente. Aquele funeral debaixo de uma tromba de àgua, assim como uma serenata que não consigo descrever com palavras.

Mas o que a minha querida capa tem de mais belo são uns "pequenos" rasgos do lado direito. Aqueles que foram feitos pelos meus amigos em noites muito bem passadas... E onde alguns vêem bocados de pano rasgados eu vejo um prolongamento das marcas que também estão no meu coração.

Mal posso esperar para a voltar a pôr aos ombros.

segunda-feira, 27 de junho de 2005

Diz-me...

Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Quando o teu cheiro me leva às esquinas do vislumbre
E toda a verdade em ti é coisa incerta e tão vasta
Quem sou eu para negar que a tua presença me arrasta?
Quem és tu, na imensidão do deslumbre?

As redes são passageiras, as arquitecturas da fuga
De toda a água que corre, de todo o vento que passa
Quando uma teia se rasga ergo à lua a minha taça
E vejo nascer no espelho mais uma ruga

Quando o tecto se escancara e se confunde com a lua
A apontar-me o caminho melhor do que qualquer estrela
Ninguém me faz duvidar que foste sempre a mais bela
Por favor, diz-me que és alguém, de novo?

Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
E o meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Jorge Palma, Quem és tu, de novo

Grazie

Hoje aprendi uma lição.

Obrigado a quem ma deu.

domingo, 26 de junho de 2005

Saudade

Estou prestes a perder alguém na minha vida. E tão depressa...

Há lugares que por ficarem demasiado longe se tornam inacessiveis para nós, a distância dita as regras e as probabilidades de nos podermos voltar a ver são muito, mas mesmo muito remotas.

No entanto ficam as memórias... E eu nunca vou esquecer aquele sorriso, nem tão pouco aquele olhar.

Mas quem sabe se um dia...