quinta-feira, 29 de junho de 2006

Coisas...

Por estes dias tem estado num centro comercial de Coimbra uma caixa. É uma caixa transparente. No fundo tem moedas e notas, muitas mesmo. A tal caixa está lá para recolher dinheiro para que os bombeiros possam comprar coisas. Também lá está um cartaz em forma de homem a informar que com o dinheiro angariado já foram comprados quatro fatos de protecção.

O que eu pergunto é se há mesmo necessidade de acções destas. Seria tão mais fácil se quando nos cobram impostos nos perguntassem a quem queriamos dar o dinheiro... De certeza que muito dele ia para os tais homens, e mulheres, que muitas vezes deixam as suas vidas para salvar as dos outros, ou por vezes até para não salvar nada mais que umas árvores há muito deixadas ao abandono.

Mas não, enquanto não soubermos definir prioridades no nosso país as forças que vão zelando pela nossa segurança iram continuar a (sobre)viver muitas vezes à custa de restos e esmolas. Será essa uma das diferenças entre um melhor e um pior país? Acho que sim!

sábado, 24 de junho de 2006

Só cansado...

O que há em mim é sobretudo cansaço
— Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço…

Álvaro de Campos

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Verão

Ontem foi o dia mais longo do ano e só hoje é que dei por isso. Como se até agora todas as horas de dia que o sol me trouxe tivessem sido bem aproveitadas.

Quando chegar o Inverno cá estarei a queixar-me que os dias são curtos. Enquanto são longos vou ficando por casa. Ai Agosto...

sábado, 17 de junho de 2006

Lá fora chove e...

Mais uma vez as peças voltam ao mesmo lugar de sempre. Se é verdade que o mundo dá muita volta, não é mentira que por mais voltas que dê, pára sempre no mesmo sitio.

Se até um relógio parado está certo duas vezes por dia... Acho que o tempo começou a correr a meu favor. Acho.

quinta-feira, 15 de junho de 2006

" 'cause songs whill help me everytime..."

Não quero que me façam rir. Não tenho vontade de rir, não quero. Só quero estar mal disposto, de mostrar má cara e poder andar pela rua sem me chatearem. Não precisam de perguntar porquê, não precisam de insinuar que a noite foi grande.Não precisam, não têm que... A sério! Não hoje. Hoje quero estar assim. Triste.

quarta-feira, 14 de junho de 2006

KURVA!!!

"Estranho quando dou por mim num mundo bizarro e mais ainda quando lá o mais bizarro do mundo sou eu"

Manel Cruz, Segue-me à luz

domingo, 11 de junho de 2006

Fußball

E lá começou mais um mundial. Para lá do futebol, adoro ver os estádios e quem por lá anda a fazer a festa. Ver um jogo da Holanda com as bancadas pintadas de laranja é um regalo para a vista, assim como ver as bandeiras, muitas, penduradas em todo o estádio quando a Inglaterra entra em campo. E ontem por momentos arrepiei-me quando a cinco minutos do fim alguns milhares de ingleses cantaram a plenos pulmões o "God save the Queen...". Há dois anos estava no meio deles em Coimbra dentro do estádio. Que inveja...

sexta-feira, 9 de junho de 2006

Again

Mais uma vez voluntário. Embora sem ter muito tempo desta vez, não podia deixar escapar a opurtunidade. Porque gosto, é saudável, acho que vai ajudar a descontrair no fim de um exame e porque acima de tudo, quanto mais e melhor fizermos nestes dias mais ajudamos esta cidade a ficar bem vista mundo fora.

Campeonato do mundo de ginástica acrobática, no pavilhão multiusos. Apareçam.

segunda-feira, 5 de junho de 2006

RiR

Sexta-feira, parti rumo a Lisboa, sozinho, para ir ver sozinho o concerto do senhor Waters. E parti sozinho porque aqueles com quem tinha combinado ir acabaram por achar melhor ficar em casa. Fizeram bem. Entre ficar e ir, escolhi ir, e lá fui eu à espera de ter uma noite algo morta, mas o bilhete já estava na mão e eu nunca fui de deixar coisas a meio.

Chegado á capital, mil e uma perguntas na minha cabeça e a vontade de voltar, mas segui. Segui rumo a um sitio chamado bela-vista no meio de Lisboa e que eu não percebo como não está cheio de casas. Qual o meu espanto quando a caminho da entrada lá estava uma grande amiga de tempos passados na fila para entrar. Tinha acabado de chegar com uma amiga dela também.

A primeira coisa que fiz quando a vi foi rir. Foi preciso irmos a Lisboa para nos encontrarmos outra vez. Logo uma noite que estava (estaria?) condenada ao fracasso, foi um sucesso. Entre muitos metros andados para ver tudo o que por lá havia, fomos pondo a conversa em dia, e houve muito para falar... De tudo o que por lá vi a única coisa que me cativou a sério foi a "praia". Areia, palmeiras, puff's, música brasileira e um balcão de cerveja. O ideal para parar um bocado e beber um copo...

Para o fim o melhor. O concerto foi algo fantástico. O som sempre em sintonia com a imagem, a frente do palco com gente que lá estava mesmo para ver o concerto, a mensagem sempre escondida por detrás de cada letra e mais um grupo de "amigos" feito na hora. Desde o inicio até ao fim aquele concerto foi mágico... No meio de tudo uma música ainda não me saiu da cabeça. Uma história contada na primeira pessoa com esta frase no meio "Oh George! Oh George! That Texas education must have fucked you up when you were very small". Para fazer pensar, leiam que é uma bela história.

Fim de noite, no Oriente à espera de comboio para o qual não tive bilhete. Mais uma despedida, duas voltas de metro e o regresso a Coimbra com um sorriso nos lábios. Já falta pouco para Setembro.

terça-feira, 30 de maio de 2006

Sobras do tempo

Das melhores coisas que hei-de levar desta vida são as conversas da treta. Conversas a horas impróprias em sitios pouco prováveis, por vezes com gente estranha.

Nessas conversas lá calha ficarem no ar certas perguntas... A tal do outro dia, para mim tem uma resposta muito simples. Não, não existem amigos bons e amigos maus. Existem amigos. (ponto).

Ps: Tentem ver a curta-metragem "Respirar debaixo de àgua", o que não consigo dizer aqui está lá.

domingo, 28 de maio de 2006

Fumos

Quando o tempo passa por nós e não damos conta costuma ser bom sinal. Foi o que aconteceu ontem à noite. Há quatro anos atrás havia um grupinho na minha escola, um grupo de 7 pessoas que funcionava um pouco como uma família. Havia sempre mais alguém que entrava ou saía mas aqueles estavam sempre lá, prontos para tudo. Chegou a hora da separação e os elos foram sendo quebrados. Os encontros mais escassos, as conversas mais curtas… Até que chegou a altura, chega sempre, de tentar reunir outra vez. Tentativa falhada, poucos apareceram, mas a surpresa estava lá. Risos. Risos e sorrisos sempre que nos olhávamos, eu ria porque me custava a acreditar naquilo que estava a ver. Fiz as minhas perguntas (que andava para fazer há um ano), tive as minhas respostas. Conversa puxa conversa percebi que não sou só eu que acho que as pessoas são más. Percebi também que há mais gente a achar que há mundo para ver e muitas coisas por fazer. Afinal até já sabia de tudo antes de me ter sido dito. É estranho ver como as pessoas se podem conhecer…

Seis horas passadas ficou no ar uma pergunta. Os amigos são simplesmente amigos, ou há amigos bons e amigos maus? No fim desta noite um sonho, mais um. Uma viagem no horizonte, ou se calhar algo mais. Será desta que o dilema irá ter solução? Uma coisa eu sei, mundo é pequeno, muito pequeno…

sábado, 20 de maio de 2006

Eu Vou

O bilhete para dia 2 já cá canta... E espero que o Roger não desiluda.

Vai mais alguém?

terça-feira, 16 de maio de 2006

Cerejas

Como já disse por aqui uma das coisas que sempre apreciei nas cidades são as pequenas ilhas, quer sejam um bairro, uma rua, ou nesta caso uma loja. Adoro lojas, daquelas pequenas que têm um casal de idosos sem pachora para acabar os dias sentados num sofá. Daquelas que têm a fruta à entrada da porta e um cheiro a pão e bolos lá dentro. Onde se pode comprar quase tudo sem andar muito. Onde depois de duas ou três compras passamos a ser conhecidos e lá vêm os tais sorrisos quando nos vêm entrar.

Hoje de manhã, lá na loja do bairro entrou uma menina bem pequenina que se pôs a olhar para a caixa das cerejas. Olhava e olhava. Lá foi o senhor tirar algumas para lhe dar. E não, não foi por esmola nem caridade, foi por gosto, e a pequenina gostou. Muito. E ele gostou dela ter gostado. Via-se nos seus sorrisos.

Tudo isto para dizer que por entre tantas pessoas más, ainda há muita gente boa.

quinta-feira, 11 de maio de 2006

As pessoas são más

(Porque há sempre um dia que torna tudo simples, tão simples)

As pessoas são más. As pessoas são más e não querem ser boas. Dia após dia dou por mim a viver num mundo onde o ridículo se sobrepõe a tudo e todos. Em todo o lado, em tudo o que estou metido, em tudo o que vejo e participo ninguém quer fazer nada. Ou melhor não se importam de fazer desde que não tomem decisões. As pessoas de hoje preferem ser paus mandados do que assumir responsabilidades. Não há acção, não se pensa só se critica. E essas pessoas que não mexem uma palha são sempre as primeiras a criticar. Num mundo onde se esqueceu tudo o que é verdadeiramente importante por causa de umas moedas, sim porque hoje só o dinheiro comanda as pessoas, nesse mundo eu vejo muitas portas serem abertas à custa de um sorriso. É estranho para mim ver que o “Bom dia” já não é usado, é também estranho ver que cada vez mais um “Obrigado” teima em sair. As pessoas de hoje não existem, ou se existem escondem-se atrás de máscaras. Não falam a verdade sem beberem primeiro uns copos, porque não confiam em ninguém, e talvez não confiem porque ninguém pode confiar nelas. As pessoas não estão dispostas a mudar um bocadinho o fio da sua vida para ajudar alguém. Não perdem nem dez minutos do seu precioso tempo para dar uma mão. Esse tempo que depois é gasto a fazer coisas completamente fúteis. Fúteis porque não lhes dão prazer, mas sim reconhecimento. O fazer por fazer está instalado neste tempo. E eu não suporto isto. E continuo a tentar lutar contra a corrente, o que não é bom pois fico cansado e sem forças para fazer o que queria como queria. As pessoas podem mesmo deixar morrer as outras porque não abrem os olhos. Em vez de olhar para dentro, olham apenas para fora. E não sentem, não pressentem nada. Qualquer dia hão-de acordar, olhar para o lado e não encontrar ninguém. Mas as moedas estarão sempre na caixa.

Vi nesta queima, numa noite feita manhã, uma pessoa ser abandonada à sua sorte. Fiz o que podia, mas pude pouco. Falhei. “As pessoas não prestam”, dizia ela."Tens razão", disse eu.

Marta

Marta não quer chorar
guarda nela sem ter razão
as negras ondas do mar
tentem ver no cordão
que vos une à razão
quão pior é morrer devagar

Marta não quer chorar
mas seus olhos vertem a dor
de morrer para não matar
é que a vida são
canções de épicos refrões
que farão o mar fluir
só que um dia vão ter de acabar

está é só mais uma canção
não lhe fiz um refrão
porque Marta já está a chorar

Ornatos Violeta, Marta
"Mas quem te ouviu falar
Pensou tudo vai bem
Só que alguém vestiu a pele
Que nunca serve a ninguém
E a dúvida está do meu lado
Mas eu não consigo olhá-la e achar
Ser esse o lado em que ela deve estar"

Manel Cruz, Amigos de Quem

domingo, 7 de maio de 2006

Brutal

Ontem vi aquele que foi um dos melhores concertos da minha vida. Os The Gift estiveram em grande.

Adorei, assim como adorei o empate de hoje à tarde e a serenata de quinta-feira vista a dez metros das escadas, é pena que muitas vezes as pessoas não se saibam comportar, mas isso vai ficar para outro dia. Por agora ouço a voz da Sónia.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Vontade

Bilhete comprado, jantar organizado, trabalho entregue e uma semana de férias. Falta só a vontade que noutros anos sobrava. E falta gente para a festa, entre os que morreram e os que partiram não vou ver algumas caras que antes eram presenças assíduas nestas noites. Para ajudar à festa o tão falado espirito está a morrer e duvido que alguma vez volte a ressuscitar, duvido mas acredito porque ainda no domingo vivi algo de que não estava à espera. Uma ressurreição aconteceu, era bom que se desse outra esta semana.

Escusado será dizer que estão todos convidados para a festa. Sugiro terça-feira até à manhã de quarta. Também podem vir na quinta.

terça-feira, 25 de abril de 2006

Talvez

Talvez por morar debaixo do mesmo tecto com um dos muitos anónimos que durante anos viveram na sombra, a imaginar um país melhor e mais justo.

Talvez por ter crescido a ouvir histórias quase inacreditáveis de gente que deixava muito da sua vida em nome de um ideal.

Talvez porque desde muito novo tive consciência do que se passou naquele dia há 32 anos atrás.

Talvez por tudo isto e mais algumas coisas eu me sinta um pouco desiludido com a forma com que muita gente vê este dia, especialmente os mais novos.

Deve ser dificil imaginar uma vida onde não se podia sequer ouvir música, onde uma conversa inocente poderia ser confundida com algo mais. Dificil imaginar um país onde se ia preso por acreditar num mundo melhor.

Dificil, não impossível

terça-feira, 18 de abril de 2006

Venha ela

Foi esta tarde que vi o cartaz da queima deste ano. Só tenho uma palavra. Desilusão.

Apesar de, como sempre, ir comprar o geral só há um dia que me chama. Aliás dois. Não falando na terça-feira com o grande Quim, sobra apenas a quinta para ir ao palco. Por acaso esmeraram-se nesse dia. Toranja, Jorge Palma e a Pitagórica.

Pelo meio ficam os mesmos de sempre. Lá estão os Xutos e o Rui. Estou também curioso para ver os Gift ao vivo. Mais uma vez lá estão também as bandas para encher cartaz e tentar chamar os putos do secundário, Melanie C, essa mesma e Boss AC, enfim. Uma palavra ainda para os Da Weasel e para ver o que farão depois de todo o sucesso od ano passado.

E por ironia do que quer que seja ainda não é este ano que me posso meter no comboio e ir até à Figueira para a garraiada. Mais uma vez a decisão da descida ficou adiada para a ultima jornada e entre uma coisa e outra prefiro ir ao estádio.

Expectativas no minimo, faltam duas semanas para a festa. Venha ela.

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
Porque alta vive.

Ricardo Reis, Odes

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Mergulho

O louco chegou e desceu a rampa que só pára no rio. Ignorou todos aqueles porque passou lá em cima, umas dezenas que esperavam outros tantos autocarros. Com o olhar alucinado, despiu-se e atirou-se ao rio.

Mostrando um sorriso de orelha a orelha gritava bem alto para toda a gente ouvir, toda a gente mais o seu amigo imaginário. E dizia "vês que sei nadar?", e gritava enquanto esbracejava para chegar à margem. Vira-se de costas "vês que sei nadar?", deu aos braços e lá chegou à rampa de onde se tinha atirado.

As pessoas lá de cima comentavam entre elas coisas como "pobre coitado" e "ai meu Deus"... Enquanto isso o homem pôe-se de pé, pega na roupa que tinha pendurado num ramo que por ali estava e veste-se, tudo isto com muito esforço já se vê. Foi nesta altura que a menina de 7 anos que viu todo aqule espéctáculo pergunta"Senhor! Está fria? Está fria a água". "Ai meu Deus", ia-se dizendo por lá.

"Não, está boa", respondeu o homem, louco, bêbedo e sem-abrigo. À sua maneira o louco estava feliz, com que direito se pode criticar a maneira que cada um usa para ser um pouco mais feliz? Também a menina tinha vontade de mergulhar!

domingo, 9 de abril de 2006

I/O

Eu acredito que todos nós temos uma espécie de interruptor dentro que nos activa, ou não. Não fosse assim e não conseguiria explicar porque é que aquilo que há uns tempos fazia com tanto gosto hoje não me desperta interesse. Talvez o interruptor vá mudando ao longo do tempo, ou talvez sejamos nós que mudamos... Senti um click.

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Vontades

Acho graça a quem faz tudo pela certa, lá estão os planos desenhados ao pormenor... Um ano aqui, três ali. Depois isto e seis meses depois aquilo.

Os mundos paralelos em que vou vivendo alternam-se entre si, e vem isto a propósito de uma conversa a horas pouco prováveis com um velho "amigo" de escola. Dizia ele que daqui a um ou dois anos pensava casar pois já tinha 24 anos e estava na hora. E disse isto sem falar em vontade nem em felicidade nem em esperança no futuro...

Uns dias depois encontro um pai que me perguntou como estava a correr o meu curso. Lá dou eu a resposta de sempre, ao que ele acrescenta, "a minha filha entrou naquilo que nós (país) queríamos, e ela também..."

Tudo isto até que um dia a vida dê três pinotes e mude tudo. Eu já aprendi a minha lição. Agora acho que está na hora de mudar de mundo.

sábado, 1 de abril de 2006

Talvez

Talvez por morar debaixo do mesmo tecto com um dos muitos anónimos que durante anos viveram na sombra, a imaginar um país melhor e mais justo.

Talvez por ter crescido a ouvir histórias quase inacreditáveis de gente que deixava muito da sua vida em nome de um ideal.

Talvez porque desde muito novo tive consciência do que se passou naquele dia há 32 anos atrás.

Talvez por tudo isto e mais algumas coisas eu me sinta um pouco desiludido com a forma com que muita gente vê este dia, especialmente os mais novos.

Deve ser dificil imaginar uma vida onde não se podia sequer ouvir música, onde uma conversa inocente poderia ser confundida com algo mais. Dificil imaginar um país onde se ia preso por acreditar num mundo melhor.

Dificil, não impossível

terça-feira, 28 de março de 2006

Um bebé

O bebé violeta
Nasceu num dia azul
Mais azul que dia
Escreveu por linhas tortas
Correu por pautas loucas
E todo o dia ele nascia
Nascia mais, cantou o mal
Gritou depois

Tenho dinheiro
Para um lugar no céu
Tenho dinheiro
Para um lugar no céu
Tenho dinheiro
Para um lugar no céu

Sugou o sangue à vida
E a seiva ao desespero
E no seu chão amor crescia
Violou cinco sentidos
Vingou, sonhos perdidos
Dia após dia
Num dia “mais”
Cantou o mal
Morreu depois

Tenho dinheiro
Para um lugar no céu
Tenho dinheiro
Para um lugar no céu
Tenho dinheiro
Para um lugar no céu

O Diabo de olhos meigos
Vê a criança estendida
E da maçã só o caroço
Desce à terra e a igreja
Onde a riqueza sobeja
Esfaqueia-lhe o pescoço
Sr. Diabo
Oiça a voz que vai dizendo:

Tenho dinheiro
Para um lugar no céu
Tenho dinheiro
Para um lugar no céu
Tenho dinheiro
Para um lugar no céu

Ornatos Violeta, O bebé violeta

sábado, 25 de março de 2006

Agir

Numa semana em que no meu departamento foram ultimados os pormenores para a entrada de "Bolonha" já no próximo ano lectivo e uma semana depois dos confrontos de Paris, dou por mim a perguntar se anda tudo a dormir.

Ninguém quer saber de nada. Chegou-se ao ponto de num departamento onde estudam 600 pessoas, haverem 10 interessados em perguntar e ajudar a melhorar algo. Como é óbvio, as melhorias serão sentidas por todos.

Mas os outros lá continuam sentados, imóveis à espera que tudo aconteca, para então criticar o que outros fizeram.

É por estas e por outras que dou cada vez mais valor a quem dá um pouco do seu tempo a uma qualquer causa, seja ela qual for. Há solução para tudo, basta acreditar e fazer algo por isso.

Aberrações

Ao mesmo tempo que se vai acabando de construir uma ponte pedonal para unir as duas margens do Mondego num sitio um pouco improvável de haver vida há uns anos atrás, nasce na margem esquerda mais uma aberração. Um centro comercial, que alterou toda uma zona, onde haviam estradas surgiram viadutos. Fala-se agora também em fazer uma cobertura para a baixa.

É nestas alturas que sabe bem aprender uma lição dada por quem vem do lado de fora e abomina os centros comerciais preferindo um passeio pelas ruas da baixa. Erasmus, pois claro.

terça-feira, 21 de março de 2006

Porque hoje é o dia mundial da Poesia

Em não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria
Mas dão-me as horas amargas
Lições de Filosofia.

O mundo só pode ser
melhor do que até aqui,
- quando consigas fazer
mais p'los outros que por ti!

Quando os homens se convençam
que a força nada faz,
serão felizes os que pensam
num mundo de amor e paz.

Quem prende a água que corre
É por si próprio enganado;
O ribeirinho não morre,
Vai correr por outro lado.

Após um dia tristonho
de mágoas e agonias
vem outro alegre e risonho:
são assim todos os dias

A quadra tem pouco espaço
Mas eu fico satisfeito
Quando numa quadra faço
Alguma coisa com jeito.


De António Aleixo, o Poeta que não foi à escola.

domingo, 19 de março de 2006

Vidas

- Então não foste ver o teu Sporting?
- Nah, não tenho dinheiro para isso...
- Mas já arranjaste outro emprego, certo?
- Ya, arranjei.
- Então, eram só cinco euros...
- E ia estragar dinheiro? Com cinco euros bebo uma data de finos.

Calei-me.

terça-feira, 14 de março de 2006

Primavera

E eis que de repente, sem avisar, a Primavera voltou. Já por aqui tinha dito que ando um pouco ocupado, o que eu ainda não sabia é que assim os dias passam mais depressa.

As semanas sucedem-se a um ritmo nunca visto. Por incrivel que pareca estou a deixar poucas coisas para amanhã, o que é uma novidade na minha pessoa. Todos os dias têm surgido coisas novas, e hoje passsei uma tarde como não passava há muito tempo.

Feitas as contas, estou a seis semanas da semana. Pelo que tenho visto vai ser depois de amanhã. É que a passagem de ano foi ontem... Parece que ainda sinto a ressaca.

sábado, 11 de março de 2006

Quem diria...

Na quinta-feira foi dia de jantar de curso. E também de rever uma velha Amiga que foi lá cair um pouco por acaso. O tempo consegue afastar as pessoas, primeiro devagarinho, como quem não quer a coisa, depois um pouco mais depressa e quando uns dias mais tarde olhamos para trás, aquilo que um dia foi uma grande amizade que por vezes quis ser algo mais, hoje não passa de "algo", "algo" muito estranho que eu não consigo explicar.

Jantar acabado e lá comecou a conversa. À maneira de "Raquel". "Há quanto tempo não te via..." Palavras para aqui, palavras para ali e lá percebi que não há pessoas iguais, que ainda há quem consiga viver na sombra de uma traição.
"Como?", perguntei eu;
"Que queres que faça?", respondeu ela;
Não respondi, já foi tudo dito há uns tempos atrás. Noite fora, fomos falando de sonhos e vontades. Lá no fundo no fundo ainda somos os putos de há 7 anos atrás. A noite continuou até acabar com um até um dia...

terça-feira, 7 de março de 2006

Mais medidas

Ainda a propósito de medidas, cada vez menos entendo aqueles que só olham para o seu umbigo. Faz-me confusão...

Sem Tempo

Ter 10 cadeiras não é fácil. A juntar ao pouco tempo passado em casa, qualquer coisa ficou para trás. Mas eu vou voltar...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Se não Existisse...

Tinha de ser inventado. E fui, faz hoje 22 anos. Acho que estou de Parabéns...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

O Carnaval

Se o Carnaval foi feito para rir, brincar, pregar partidas e andar meio perdido, o meu já passou. Foi em Novembro. E o próximo será em Maio. Tudo o resto me soa a uma imitação de Verão no pico do Inverno.

Meias Palavras

"Há quem viva
Sem dar por nada
Há quem morra
Sem tal saber
Velha ardida
Velha queimada
Vende a fruta
Se queres comer"

José Afonso, Mulher da erva

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Medidas

Chega sempre o dia em que nos pomos a olhar à volta e "medimos" todos os que nos rodeiam. Hoje fiquei desiludido.

Olá

Como é que é possível não gostar de uma cidade onde durante um passeio de meia hora se encontram cinco pessoas para dizer "Olá!"

A 5 dias dos 22...

Não vou procurar quem espero:
Se o que eu quero é navegar!
Pelo tamanho das ondas
Conto não voltar.

Parto rumo à primavera,
Que em meu fundo se escondeu!
Esqueço tudo do que eu sou capaz:
Hoje o mar sou eu...

Esperam-me ondas que persistem,
Nunca param de bater!
Esperam-me homens que desistem,
Antes de morrer!

Por querer mais do que a vida,
Sou a sombra do que eu sou.
E ao fim não toquei em nada,
Do que em mim tocou.

Eu vi,
Mas não agarrei...

Parto rumo à maravilha,
Rumo à dor que houver pra vir.
Se eu encontrar uma ilha,
Paro pra sentir!

Dar sentido à viagem,
Pra sentir que eu sou capaz!
Se o meu peito diz coragem,
Volto a partir em paz.

Eu vi,
Mas não agarrei...

Manuel Cruz, Capitão Romançe

E até ao dia de hoje, esta é a canção da minha vida.

Conversas

Ao ouvir hoje a conversa de uma vizinha minha ao telefone, pus-me a pensar um bocado. Dizia ela que a filha, 23 anos, coitada, foi fazer uma qualquer formação a Lisboa. O pai teve que ir com ela, pois a menina tinha medo de ir sozinha, como não conhecia ninguém e tal... Fiquei também a saber que a menina tem medo de estar sozinha em sitios que não conhece.

Fechei os olhos e pensei trinta segundos. A tal menina está muito bem na vida, já é licenciada e tal, mas tem medo do escuro. Gostava de a ver dormir numa estação de comboios.

domingo, 19 de fevereiro de 2006

Por cá

Eu faço parte do grupo de pessoas que só tem quatro canais de televisão em casa, e não tem onde ir neste Domingo.

Preciso de dizer mais alguma coisa?

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Cruzamento

A vida é feita de esperas que, por vezes, nos chegam a levar ao desespero… Será que aqueles que esperam pelo “comboio na paragem de autocarro” serão capazes de chegar ao seu destino? Eu cá acho que sim. Também podemos ir a muito lado de autocarro.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Calendário

Exame amanhã, quer dizer, hoje. Mais um na terça e está acabado o massacre. Ainda na terça acho que vou matar saudades da noite.
Daqui a umas semanas, espero que poucas, vou estar por Aveiro. Entretanto chegam alguns jantares e a semana de Carnaval que vai ser muito animada, 1 aniversário e uma despedida de solteiro.
Em Maio espera-me a queima.
No dia 2 de Junho devo ir ver o grande Waters precisamente ao festival onde não fazia intenções de pôr os pés.
Aqui algures gostaria de ir ao país do mundial para onde vão rumar agora dois amigos em Erasmus, haja companhia, vontade e dinheiro.
No meio disto tudo hei-de encaixar 11 cadeiras.
Em Agosto o grande desafio de agradar a 500 pessoas.
Setembro é para estar de novo a queimas pestanas, e depois logo se verá.

Como sempre, metade destes planos irão por água abaixo. Sobra metade, mais aquele que me recuso a escrever, pelo menos por agora. Pode ser que pela Páscoa...

Ah, e a grande decisão mais uma vez vai ter que esperar.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Dias

Coias estranhas estas que acontecem, como ir até à biblioteca para estudar um bocado e encontar alguém de quem quase já não me lembrava. Isto depois de no sábado no fim de um jantar de amigos a conversa ter descambado para um lado onde não gosto muito de chegar. Irrita-me um bocado ver pessoas a fazer juizos de valor, mesmo que positivos, de amigos meus...

Ainda no sábado, a caminho do jogo, reacção estranha quando na rádio passou esta música. O desafio de há uns tempos tinha agora resposta.

Resta-me ainda dar os parabéns ao blog que me fez um grande favor há uns tempos atrás.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Voltei

Voltei para dizer que ando mergulhado na famosa rotina dos exames. Levantar, ir para a biblioteca, falar com professores, estudar, esperar que saiam notas, almoçar, repetição da manhã, lanchar e vir para casa...

Isto repetido durante largos dias. E não me estou a queixar. Não me queixo porque sei que daqui a duas semanas quando isto acabar vou ter que tomar uma decisão, das mais dificeis que tomei até hoje.

Mas para a frente é que está o caminho...

Siga...

Quero dormir mas algo não deixa
Estou viciado nem sei em quê
Eu estou paranóico, e nem sei porquê
Estou num vazio, estou num buraco

Quero sair mas, não sei por onde
Não quero ficar, mas vou ficando
Vou arrastando toda esta angústia
Já não tenho forças

Gente de merda, que me estraga a cabeça
Morro de dia p`ra dia

Há tantas coisas que é só pra perder
E há outras tantas que é só pra esquecer

Não vou deixar ninguém arrastar-me
Já tenho forças

Xutos & Pontapés, Gente de merda

quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Obrigado

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Ergam escadas

Partam muros.

domingo, 22 de janeiro de 2006

Duas vidas...

Eu admiro muito duas pessoas que não são mais do que o produto da mente de dois grandes mestres. São elas o Jeremias e o Casimiro.

Vem isto a propósito de um exame que fiz no sábado. Um dos exames mais fáceis que já tive à frente, apesar de tudo acabei por desistir. Não só eu mas também muitos dos que estavam dentro daquelas salas.

Até quando é que as pessoas vão perceber que a culpa de não saberem algo não é de quem faz as perguntas? É nestas alturas que me lembro destes dois homens que não se deixam enganar e que fazem qualquer coisa pela vida, não atribuindo culpas aos outros pelas suas falhas. Em vez disso abrem os olhos, e fazem qualquer coisa pela vida de modo a serem respeitados. Estes queixosos irritam-me profundamente.